A sucralose é um adoçante saudável?
Escrito e verificado por a nutricionista Marta Guzmán
A sucralose, assim como os demais adoçantes, costuma estar em destaque, pois muitos questionam se eles são saudáveis ou não. Encontramos cada vez mais produtos que usam a sucralose como substituto do açúcar, mas será que esta realmente é uma escolha melhor?
Os adoçantes artificiais ganharam popularidade nos últimos anos. No entanto, alguns cuidados devem ser tomados quanto ao seu consumo, pois alguns efeitos que causam a longo prazo não estão claros.
O que é a sucralose?
A sucralose (E955) é um adoçante artificial não nutritivo, 600 vezes mais doce que a sacarose e o açúcar branco. Foi aprovado pelo FDA em 1999 para uso em alimentos, bebidas, produtos farmacêuticos, dietas e suplementos vitamínicos.
Foi descoberto por acaso em 1976 por um estudante de química em uma universidade de Londres. Ele teve a ideia de testar um composto obtido pela substituição de três grupos de hidrogênio-oxigênio na molécula de sacarose por três átomos de cloro.
A principal vantagem da sucralose é que doses muito baixas são necessárias para atingir o efeito doce. Além disso, praticamente não fornece calorias, uma vez que a maior parte não é metabolizada, e sim expelida pelas fezes.
Não é cancerígena
Vários estudos publicados indicaram que a sucralose, quando aquecida a altas temperaturas, poderia provocar efeitos tóxicos. Foi alegado que, quando aquecida acima de 120ºC, a sucralose se decompunha e interagia com compostos graxos, gerando agentes nocivos chamados cloropropanois, que aumentam o risco de câncer.
No entanto, estudos recentes confirmaram que isso não é verdade, que a sucralose não tem efeitos cancerígenos e é segura para consumo. O FDA estabeleceu uma dose de 500 mg/kg de peso corporal/dia como segura.
Leia também: Benefícios da estévia na perda de peso
A sucralose engorda?
Como já dissemos, este é um adoçante sem calorias, que é expulso do corpo quase na sua totalidade. Porém, não está associado à perda de peso, Por que isso ocorre?
Um estudo publicado na Obesity observou uma relação entre o consumo de adoçantes artificiais e um aumento no peso corporal. Isso pode ocorrer devido a diferentes causas:
- O adoçante não sacia. Em um estudo, 12 mulheres saudáveis fizeram ressonâncias magnéticas enquanto consumiam pequenas doses de sacarose e sucralose. Dessa forma, os pesquisadores descobriram que, enquanto a sacarose estimula zonas de atividade dopaminérgica, a sucralose não.
Embora a mente consciente não faça distinção entre um açúcar natural e um adoçante, nosso cérebro só ativa os neurotransmissores do prazer quando detecta o açúcar, ignorando a existência da sucralose.
- A resposta neuronal-hormonal que gera o sabor doce pode ser alterada. Portanto, mais insulina é secretada pelo pâncreas, o que pode levar a desequilíbrios fisiológicos.
Leia também: 6 adoçantes naturais para substituir o açúcar refinado
Isso altera a microbiota intestinal?
Nos últimos anos, o efeito que os adoçantes têm sobre a microbiota intestinal tem sido estudado em profundidade, uma vez que eles podem modificar bactérias benéficas e transformá-las em bactérias mais nocivas.
Em um estudo publicado no Journal of Toxicology and Enviromental Health, no qual fizeram experiências com camundongos, foi encontrada uma relação entre o consumo de sucralose e a redução de bifidobactérias, microrganismos fundamentais para a estabilidade bacteriana intestinal.
Além disso, a sucralose também pode desencadear a intolerância à glicose, um sintoma típico de pessoas pré-diabéticas.
Lembre-se de que esses estudos foram feitos em ratos. Em humanos, ainda não foi demonstrado que os adoçantes afetam a microbiota, mas sabe-se que a flora intestinal de pessoas obesas é diferente da de pessoas com um peso saudável. De qualquer forma, os últimos artigos sugerem que pode haver uma relação entre a redução da biodiversidade da microbiota e o consumo regular de adoçantes.
Sucralose, um adoçante controverso
A sucralose é um adoçante seguro, embora muitas dúvidas tenham sido levantadas sobre esse tema. Mesmo assim, é conveniente não abusar da sucralose, ou de qualquer outro adoçante, uma vez que os efeitos que eles podem provocar na nossa saúde a longo prazo não são claros.
Acima de tudo, deve ficar claro que esta não é uma boa alternativa para perder peso. A melhor opção para adoçar a comida é usar adoçantes naturais, como frutas, frutas secas ou especiarias como canela.
Lembre-se também de que reduzir o consumo de açúcar refinado é essencial para melhorar a saúde. Este ingrediente é capaz de aumentar a resistência à insulina e promover o aparecimento de patologias metabólicas que podem condicionar o estilo de vida de quem sofre com elas.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Ahmad, S. Y., Friel, J. K., & Mackay, D. S. (2020). Effect of sucralose and aspartame on glucose metabolism and gut hormones. Nutritional Reviews. 78 (9): 725-746. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32065635/
- Berry, C., Brusick, D., Cohen, S. M., Hardisty, J. F., Grotz, V. L., & Williams, G. M. (2016). Sucralose Non-Carcinogenicity: A Review of the Scientific and Regulatory Rationale. Nutrition and cancer, 68(8), 1247–1261. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5152540/
- British Nutrition Foundation. (2023). Statement on WHO non-sugar sweeteners guideline. British Nutrition Foundation. Consultado el 14 de septiembre del 2023. https://www.nutrition.org.uk/news/2023/statement-on-who-non-sugar-sweeteners-guideline/
- Bueno, N., Esquivel, M., Alcántara, R., Gómez, A., Espinosa A., de León, K., Mendoza, V., Sánchez, G., León, M., Ruiz, A., Escobedo, G., & Meléndez, G. (2020). Chronic sucralose consumption induces elevation of serum insulin in young healthy adults: a randomized, double-blind, controlled trial. Nutritional Journal, 19(1): 1-12. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32284053/
- Del Pozo, S., Gómez-Martínez, S., Díaz, L., Nova, E., Urrialde, L., & Marcos, A. (2022). Potential effects of sucralose and saccharin on gut microbioma: a review. Nutrients, 14(8): 1682. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9029443/
- Eisenreich, A., Gürtler, R., & Schäfer, B. (2020). Heating of food containing sucralose might result in the generation of potentially toxic chlorinated compounds. Food Chemistry, 321. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32278984/
- Gujral, J., Carr, J., Grotz, V. L., Tonucci, D., & Darween, Ch. (2021). Use of sucralose in foods heated during manufacturing does not pose a risk to human health. Toxicology Research and Application. 5. https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/23978473211019490
- Organización Panamericana de la Salud (OPS). (2023). La OMS desaconseja el uso de edulcorantes para controlar el peso. OPS. Consultado el 14 de septiembre del 2023. https://www.paho.org/es/noticias/15-5-2023-oms-desaconseja-uso-edulcorantes-para-controlar-peso
- Toews I., Lohner, S., Küllenberg, D., & Sommer, H. (2019). Association between intake of non-sugar sweeteners and health outcomes: systematic review and meta-analyses of randomised and non-randomised controlled trials and observational studies. BMJ. 364. k4718. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6313893/
- U. S. Food and Drug Administration (FDA). (2023). Aspartame and other sweeteners in food. Consultado el 7 de setiembre de 2023. https://www.fda.gov/food/food-additives-petitions/aspartame-and-other-sweeteners-food
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.