Urobilinogênio na urina: causas e valores normais

O urobilinogênio é um derivado da bilirrubina normalmente presente na urina. Porém, quando ultrapassa determinados valores, é indicativo de doença.
Urobilinogênio na urina: causas e valores normais

Última atualização: 07 fevereiro, 2025

O exame de urina ou urinálise é o exame complementar mais antigo e um dos mais solicitados na prática médica. A interpretação dos resultados obtidos deve considerar o contexto de cada paciente para evitar erros diagnósticos. Neste exame parcial, é determinada a presença de alguns compostos, entre os quais está o urobilinogênio, responsável por dar à urina sua cor amarelada.

A concentração de urobilinogênio urinário é geralmente avaliada por meio de tiras de teste. Essas fitas plásticas determinam diversos parâmetros através da visualização de almofadas reativas dispostas para cada composto.

Hepatite, cirrose e alguns tipos de anemia estão associados ao aumento das concentrações na urina. Por outro lado, um bloqueio nos ductos biliares pode fazer com que o urobilinogênio se torne indetectável no exame de urina.

Como é produzido o urobilinogênio?

O urobilinogênio é um pigmento derivado do metabolismo da bilirrubina. Em grande parte, vem da degradação dos eritrócitos.

Nesse processo, o grupo heme da hemoglobina é transformado em biliverdina, que é então convertida por uma enzima em bilirrubina. Essa molécula, conhecida como bilirrubina “não conjugada” ou “indireta” (BNC), possui uma configuração que dificulta sua excreção, por isso deve se ligar à albumina, que a transporta até o fígado.

Ao chegar ao fígado, o BNC entra na célula, onde é conjugado com ácido glicurônico para formar bilirrubina direta ou conjugada (BC). A configuração mais solúvel dessa forma permite que ela seja excretada no intestino através da bile.

No intestino, a flora bacteriana transforma parte da bilirrubina em uma série de pigmentos conhecidos como “urobilinogênios”, cujos derivados conferem a cor marrom às fezes.

A circulação entero-hepática

No entanto, algum urobilinogênio é reabsorvido no intestino pelos vasos sanguíneos, formando a circulação entero-hepática. Como o urobilinogênio é um pigmento bastante solúvel, ele não precisa se ligar a nenhuma proteína para ser transportado e é excretado de volta na bile.

No entanto, uma pequena porcentagem permanece em circulação geral. Ao chegar aos rins, é filtrado na urina, o que lhe confere sua característica cor âmbar.

Cor da urina devido ao urobilinogênio.
A clássica cor amarelada da urina se deve à excreção de urobilinogênio.

Valores normais de urobilinogênio

Quando a determinação do urobilinogênio na urina é feita por meio de tiras reagentes, o valor obtido é apenas uma estimativa. Portanto, esse tipo de análise é considerada qualitativa ou semiquantitativa.

Da mesma forma, como o urobilinogênio é um composto facilmente oxidado, sua concentração real pode ser afetada pela exposição à luz, principalmente quando a amostra demora muito para ser processada.

As empresas comerciais consideram que uma concentração inferior a 1 mg/dL está dentro dos limites normais. Contudo, há autores que aceitam que concentrações até 3 mg/dL podem não ser patológicas. Embora a situação deva sempre ser avaliada no contexto do paciente.

Por outro lado, a ausência de urobilinogênio na análise de urina não costuma ter importância clínica, devido à fácil degradação desse pigmento.

Causas do aumento do urobilinogênio na urina

O urobilinogênio por si só não é considerado um parâmetro diagnóstico de doença, mas tem utilidade clínica em certas condições. Por se tratar de um pigmento produto do metabolismo da bilirrubina, a interpretação de um resultado alterado geralmente inclui a análise do comportamento de ambas as substâncias.

As principais razões pelas quais o urobilinogênio está elevado são descritas abaixo.

Doenças hepáticas

A hepatite produz inflamação e danos variáveis ao tecido hepático. A causa mais comum é a infecção por um dos vírus da hepatite.

Nas formas agudas, aparecem sintomas inespecíficos, que dão origem à fase ictérica, que se caracteriza pela evidente coloração amarelada da pele e das mucosas. Essa pigmentação mucocutânea é produto do acúmulo de bilirrubina na corrente sanguínea.

O urobilinogênio elevado na urina pode servir como um achado precoce de lesão hepática. Por esse motivo, considera-se que a presença de manifestações clínicas triviais aliada a um exame de urina alterado, em que o urobilinogênio está aumentado, pode servir como suspeita precoce de alguma doença hepática.

Problemas hepáticos causam elevação do urobilinogênio.
As doenças hepáticas geralmente alteram o metabolismo da bilirrubina, por isso os exames de urina e sangue dessa substância fornecem pistas para orientar o diagnóstico precoce.

Anemia hemolítica

Nas anemias hemolíticas, ocorre aumento da destruição dos eritrócitos. As razões pelas quais esse fenômeno aparece variam.

À medida que mais hemoglobina é degradada, ocorre aumento da bilirrubina, com predomínio da fração indireta (BNC). Porém, como a função hepática permanece inalterada, parte dessa substância é transformada em bilirrubina conjugada.

Esse ligeiro aumento da CB permite maior secreção da molécula pela bile, chegando ao trato intestinal. Lá, a bactéria metaboliza esse composto, produzindo uma quantidade de urobilinogênio um pouco maior do que a normalmente sintetizada. Portanto, esse excesso de urobilinogênio é reabsorvido pela circulação entero-hepática, sendo parte filtrada na urina. Uma concentração aumentada será registrada lá.

Condições que diminuem o urobilinogênio na urina

Embora a ausência de urobilinogênio não seja considerada sugestiva de doença, a correlação com as manifestações clínicas do paciente permite que esse resultado tenha alguma utilidade. Principalmente se as condições de coleta da amostra de urina e seu processamento forem ideais.

Portanto, não é prudente descartar a descoberta de aumento do urobilinogênio. Presumir que seja a oxidação do composto nem sempre é correto.

O urobilinogênio negativo na urina pode ser a expressão de uma patologia obstrutiva dos ductos biliares. Normalmente, o paciente também apresenta dor abdominal e icterícia (embora esta última possa estar ausente).

Além disso, as fezes ficam esbranquiçadas (acolia) devido à falta de pigmentação. A urina, por sua vez, apresenta coloração escura (colúria), devido à passagem da bilirrubina conjugada (BC) pela filtragem renal.

Por outro lado, o uso de medicamentos também pode diminuir o urobilinogênio na urina. A antibioticoterapia com sulfonamidas é o principal representante desse fenômeno. Por isso é necessário perguntar sobre os medicamentos ingeridos pelo paciente.

Da mesma forma, devem ser dadas recomendações gerais para a correta coleta e transporte da amostra até o laboratório para evitar alterações no resultado.


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