Como tratar a urticária em crianças?
Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto
O que conhecemos como urticária em crianças é, na verdade, uma reação alérgica da pele. Não é a típica coloração avermelhada localizada: são lesões maiores e até bolhas que estão distribuídas em grandes áreas da derme.
Os alérgenos, substâncias que desencadeiam reações alérgicas, variam para cada indivíduo. Por exemplo, uma criança pode sofrer de urticária por causa de um tipo de poeira que, ao mesmo tempo, não causa nada em seu irmão.
Quais são os sintomas de urticária em crianças?
Como dissemos, a urticária é uma grande reação alérgica que acomete extensões amplas da pele. Ela aparece logo após entrar em contato com agentes irritantes, que são encontrados no ambiente, roupas, ar, solo e pelos de animais.
A coceira é um dos principais sinais de urticária. É uma coceira insidiosa que força o coçar, e que traz o risco de lesão no local onde as unhas arranham. As bactérias podem entrar e se reproduzir lá, levando a uma infecção.
Bolhas e inchaço da pele são perceptíveis, diferentemente de outras reações alérgicas mais brandas. O inchaço começa poucas horas após a exposição, e às vezes é imediato, em poucos minutos, o que é indicativo de um possível choque anafilático.
O tamanho da região afetada varia e pode até haver, simultaneamente, várias regiões do corpo com lesões ativas. É comum no rosto, mãos, pés e virilha. O tronco corporal não fica isento, especialmente em casos de alergias alimentares.
Junto com a expressão da pele, os sintomas associados são:
- Vômitos e náuseas: causadas no mesmo processo alérgico interno, que provoca inflamação da mucosa gástrica.
- Dor abdominal: às vezes por uma pequena febre que acompanha, e outras vezes pelo aumento do peristaltismo intestinal que tenta expulsar os alérgenos que entraram através do trato digestivo.
Continue lendo: Como a alergia se desenvolve?
Causas comuns de urticária em crianças
A urticária em crianças responde a uma variedade de causas. O ponto de origem é o contato com uma substância alérgica, mas não é típico de um determinado local: há variabilidade individual. Cada criança alérgica responde a certos fatores específicos. Podemos mencionar como causas comuns as seguintes:
- Alimentos: há crianças alérgicas a frutas vermelhas, outras a ovos, também a temperos e corantes alimentares. Em geral, os pais descobrem a alergia quando as primeiras reações ocorrem depois de comer o alérgeno.
- Insetos: As picadas são uma possível fonte de reações alérgicas. Nesses casos, o local da picada fica inflamado de forma desmedida, espalhando-se para outras regiões.
- Pólen ambiental: na alergia sazonal, os meses de outono e primavera são os piores para essas crianças. Além da reação cutânea, eles geralmente têm tosse, espirros, lacrimejamento e até broncoespasmos.
- Infecções: Além dos sintomas próprios do microrganismo invasivo, na urticária causada por infecções há lesões na pele provocadas por reação cruzada entre o sistema imunológico e as células do corpo humano. Tanto vírus quanto bactérias são culpados.
- Medicamentos: A alergia a medicamentos faz parte das reações adversas do medicamento. As bulas contêm informações e avisos, pois muitas vezes não é uma alergia ao componente ativo, mas aos excipientes colocados nas pílulas ou xaropes para comercializá-los.
- Perfumes: Cosméticos e perfumes podem causar irritações intensas na pele. Há fórmulas próprias para a infância, mas ainda assim, se a pele é muito sensível, ela vai reagir.
Como tratar a urticária em crianças?
Uma vez que o quadro clínico da urticária se instala em crianças, medicamentos antialérgicos devem ser administrados para neutralizar os sintomas. Você também pode acompanhar o processo com alguns remédios caseiros que são úteis. A combinação de ambas as opções é a melhor.
Entre os medicamentos para alergias, temos os anti-histamínicos. Difenidramina e loratadina são as substâncias ativas mais utilizadas. Elas aliviam a coceira e diminuem a vermelhidão da pele. Algumas têm a sonolência como efeito adverso, e em crianças muito jovens e bebês, elas geralmente não são recomendadas, embora em casos extremos sejam usadas com cautela em doses mínimas.
Dependendo da extensão, pode ser necessário usar corticosteroides. Os pediatras avaliam, em cada caso, se o benefício é maior do que o risco. Quando usado por um tempo limitado, não deve causar problemas a longo prazo. O uso endovenoso ou intramuscular é reservado para urticárias que se tornam choque anafilático, o que é incomum.
Quanto aos remédios caseiros, estes são variados. A disponibilidade de ingredientes para fazer compressas que aliviam os sintomas locais, especialmente a coceira, depende de cada casa.
A maneira mais fácil de agir em casa é com panos frios. A baixa temperatura diminui a inflamação e a vermelhidão, acalmando a reação alérgica. Junto com anti-histamínicos e corticosteroides, o processo pode proporcionar alívio.
Como prevenção, uma vez que você sabe a que alérgenos a criança reage, eles devem ser evitados. Proteger o quarto dos seus filhos com artigos antialérgicos é fundamental. É aconselhável trocar tapetes e edredons por tecidos que não acumulam ácaros. Um desumidificador também é uma boa ideia para reduzir a poeira ambiental.
Se as alergias são alimentares, basta remover o alérgeno em questão da dieta. Para bebês até os 2 anos de idade, existem substâncias que são proibidas como precaução, como os morangos, que são conhecidos por serem poderosos causadores de alergia.
Saiba mais: 8 dicas para lidar com os sintomas da alergia ao pólen
Sempre consulte o pediatra
As crianças que apresentam reações alérgicas devem ser avaliadas por um pediatra. Nunca as trate como simples reações alérgicas que “já vão passar”. É necessária uma abordagem profissional que identifique as causas e diminua os sintomas do caso específico.
Se acontecerem repetidamente, devem ser tomados cuidados levando em conta a possibilidade de um choque anafilático. Esta é uma urgência que requer internação hospitalar. É fundamental prevenir para não alcançar esses estados de gravidade.
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