Os alimentos afrodisíacos realmente existem?
Escrito e verificado por a nutricionista Maria Patricia Pinero Corredor
Durante séculos pensava-se que os alimentos afrodisíacos existiam. Eles são definidos como uma substância ou produto que estimula o desejo sexual, segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Seus efeitos têm sido associados a uma melhora no fluxo sanguíneo, aumento de certos hormônios e melhora no estado de ânimo.
Nos tempos antigos, tanto os homens quanto as mulheres usavam certas frutas e vegetais para aumentar o prazer sexual. Atualmente, a famosa culinária afrodisíaca experimenta as propriedades estimulantes dos ingredientes. São utilizados nutrientes e outros componentes em certas carnes e vegetais, ou algumas partes específicas dos mesmos.
No entanto existem divergências sobre a existência dessas propriedades. Neste artigo comentaremos o que dizem os defensores e detratores desses efeitos.
Os afrodisíacos ao longo do tempo
O termo afrodisíaco vem de Afrodite, a deusa do amor na Grécia. Sua missão, de acordo com diferentes culturas, é incutir o desejo nos deuses, homens e feras. Portanto, os afrodisíacos estão associados à capacidade de provocar e aumentar o desejo sexual.
Piojan assegura em seu artigo Los afrodisiacos: ¿mito o realidad? que a primeira menção do afrodisíaco como uma substância capaz de provocar excitação sexual está em um papiro egípcio do século XXIII a.C. Nele eles aparecem descritos como poções de amor e unguentos capazes de potencializar a sexualidade.
Na Bíblia também são mencionados alimentos como hortelã ou mandrágora para aumentar o desejo dos recém-casados. Além disso, existem livros hindus antigos reconhecidos, como o Kama Sutra e o Ananga Ranga. Neles são propostas recomendações dietéticas capazes de potencializar as atividades na cama, usando cebola, ervilha, cardamomo, canela e gengibre.
Ao mesmo tempo, os gregos também tinham crenças em relação aos afrodisíacos. Eles acreditavam que frutos do mar e outros alimentos marinhos tinham essa propriedade por causa da lenda de Afrodite. Os gregos afirmam que a deusa Afrodite nasceu do mar, produto da queda dos órgãos sexuais do deus Urano na costa de Chipre.
A crença na existência de alimentos afrodisíacos perdurou ao longo do tempo. Passou pela Europa medieval e algumas concepções persistem na era moderna, como a das ostras e mexilhões.
Leia também: 5 conselhos para estimular a libido
Defensores e detratores do efeito afrodisíaco dos alimentos
Os alimentos afrodisíacos são classificados por seu modo de ação em 3 tipos: os que aumentam a libido, os que melhoram a potência e os que permitem um maior prazer sexual.
Alguns especialistas consideram que o desejo sexual é a primeira fase da resposta sexual humana. Este incorpora um importante componente psicológico que é induzido pelo hormônio testosterona.
O Instituto de Medicamentos y Alimentos de la Universidad de la Habana analisou os componentes dos alimentos considerados por eles como afrodisíacos. Os pesquisadores descobriram que os que contêm colesterol são precursores do hormônio testosterona e de outros hormônios sexuais.
Os autores do livro Fundamentos de bioquímica metabólica defendem a existência desses alimentos. Eles afirmam que alguns deles podem ser fonte de dopamina ou ajudar a produzi-la no cérebro. Ela participa do desenvolvimento hormonal, comportamental e emocional.
No entanto, também há quem pense o contrário. Por exemplo, um artigo na revista Pro-Consumidor destaca que não existem evidências científicas suficientes para apoiar a classificação de alimentos como afrodisíacos. Os autores são de opinião que qualquer refeição em um ambiente íntimo pode ser lembrada para sempre.
Além disso, alguns sexólogos estão convencidos de que tudo é controlado pela mente. O que pode acontecer é uma autossugestão da pessoa ao consumi-los.
O que acontece quando os alimentos afrodisíacos são consumidos?
Alguns afrodisíacos melhoram a função sexual, mas não o desejo. Nesse sentido, eles agiriam relaxando os vasos sanguíneos e melhorando o suprimento de sangue para os órgãos genitais.
Segundo o Dr. Alonso Acuña, os alimentos afrodisíacos são capazes de criar a disposição necessária para ativar o desejo sexual, ao facilitar a liberação de alguns hormônios que melhoram o humor. Quando esses alimentos são ingeridos, as endorfinas são liberadas.
No caso dos homens, o fato de consumir zinco ajuda a aumentar o desempenho sexual, uma vez que este mineral intervém na produção da testosterona. Esse é o principal hormônio sexual nos homens.
Além disso, existe um efeito sensorial produzido pela forma de algumas frutas. Vê-las aumenta o desejo sexual.
O desejo é um impulso biológico psicossocial, sensorial e hormonal complexo. A seguir explicamos quais são os alimentos que produzem esses efeitos afrodisíacos:
Com efeitos hormonais
- Chocolate: de acordo com o livro Influencia de los afrodisíacos y el erotismo en la gastronomía, consumir chocolate pode aumentar a produção de endorfinas. Outros estudos afirmam que ele aumenta o fluxo sanguíneo.
- Leguminosas: os fitoestrogênios presentes em algumas leguminosas aumentam os estrogênios que são perdidos na menopausa.
- Pimentas: o ardor provocado pela pimenta contém capsaicina, responsável pela sensação picante que desencadeia a liberação de endorfinas no cérebro. Elas provocam uma certa euforia, promovem excitação e mais ânimo.
- Ostras e crustáceos: moluscos e crustáceos nos fazem evocar o sexo feminino. Além disso, o alto teor de zinco das ostras permite a produção de testosterona.
Leia também: O impacto do Viagra nos homens
Aumento do suprimento de sangue
- Alho: o alho é um vasodilatador conhecido, portanto, comê-lo regularmente aumenta o fluxo sanguíneo.
- Gengibre: outro vasodilatador e anticoagulante. Avicena, um renomado médico persa, o recomenda como um poderoso afrodisíaco no tratamento da fraqueza sexual.
- Vinho: o vinho também melhora o fluxo sanguíneo, por ser rico em flavonoides. Esses compostos exercem sua função no músculo liso vascular.
Pela forma
- Morangos: sua semelhança e simbolismo com os mamilos humanos faz com que eles sejam considerados afrodisíacos.
- Bananas: símbolo fálico por excelência. Segundo Vallano Ferraz ela representa o sexo tântrico.
- Pêssego: o pêssego seria uma das frutas mais sensuais, devido ao seu aroma, textura macia e cor.
Mas então, existem afrodisíacos?
Se nos guiarmos pela definição, nem todos os alimentos classificados como tal se enquadrariam nesta categoria. O que podemos garantir é que alguns produtos podem ajudar, de forma natural, a resolver algumas disfunções sexuais. Por exemplo os fitoestrogênios no caso da menopausa.
Outros alimentos contêm certas substâncias que atuam de forma indireta como estimulantes hormonais, circulatórios ou sensoriais. No entanto, a maioria deles carece de evidências científicas.
O melhor estimulante sexual é um corpo saudável com uma mente sã. Manter uma alimentação balanceada, praticar exercícios físicos e cuidar da saúde em geral proporcionará um melhor desempenho em qualquer área da vida.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Manuel Pijoan. Los afrodisíacos, ¿mito o realidad? Offarm. 2002, Vol. 21. Núm. 9. Páginas 146-156.
- William H Masters; Virginia E Johnson; Reproductive Biology Research Foundation (U.S.). Human sexual response. Toronto ; New York : Bantam Books, 1986 printing, ©1966. Disponible en: https://www.worldcat.org/title/human-sexual-response/oclc/16743315
- Fundamentos de Bioquímica Metabólica. 2ª Edición. Editorial TEBAR, S.L. 2006. Disponible en: https://books.google.co.ve/books?id=Iw_z2TPXvZgC&pg=PA189&dq=dopamina+y+tirosina&hl=es419&sa=X&ved=2ahUKEwj4o52Wopj0AhVHTDABHVcfCBwQ6wF6BAgDEAE#v=onepage&q=dopamina%20y%20tirosina&f=false
- Instituto nacional de los derechos del consumidor. Pro-Consumidores. Alimentos para el amor. Disponible en: https://proconsumidor.gob.do/wp-content/uploads/2020/02/pdf-comida-afrodisiaca.pdf
- Shamloul, R. (2010). Natural aphrodisiacs. The journal of sexual medicine, 7, 1 Pp.1, 39-49.
- Manuel Gonz, J., D, D., & Reason, F. (2015). Efectos de un chocolate con L-arginine (playful®) sobre el deseo sexual, la excitación, la lubricación, el orgasmo, la satisfacción y el dolor en mujeres del caribe colombiano. Psicogente, 8(14). Recuperado a partir de http://revistas.unisimon.edu.co/index.php/psicogente/article/view/1540
- Ivonne Díaz-Yamal, Liliana Munévar-Vega. FITOESTRÓGENOS: REVISIÓN DE TEMA. Revista Colombiana de Obstetricia y Ginecología Vol. 60 No. 3 • 2009 • (274-280).
- Manuel de la Peña. Afrodisiacos. Instituto Europeo. Disponible en: https://institutoeuropeo.es/articulos/blog/afrodisiaco/
- Heidi Rubí Ramírez-Concepcióna , Liliana Narcedalia Castro-Velascoa , Erika Martínez-Santiago. Efectos Terapéuticos del Ajo (Allium Sativum). Salud y Administración Volumen 3 Número 8 Mayo-Agosto 2016.
- Diomedes Andrés Gómez Paternina, Ramón Barros Algarra, Mauricio Sierra Sarmiento. Manual del Buen Uso de Plantas Medicinales. Uniagraria, 2017. Disponible en: https://www.researchgate.net/publication/329246479_Manual_del_buen_uso_de_Plantas_Medicinales
- Vallano Ferraz. Medicamentos afrodisiacos. ¿Existen pruebas sobre su eficacia? Disponible en: http://esteve.org/wp-content/uploads/2018/01/136943.pdf.
- Ángel González Vera. Influencia de los afrodisíacos y el erotismo en la gastronomía. Institución «Fernando el Católico» (CSIC) Excma. Diputación de Zaragoza, 2011. Cuaderno 49. Disponible en: https://ifc.dpz.es/recursos/publicaciones/31/26/_ebook.pdf
- Acuña Cañas, Alonso La cascada de neurotransmisores en la función sexual. -Esquema original. Revista Urología Colombiana, vol. XVII, núm. 2, agosto, 2008, pp. 107-120.
- María Jimena Salgueiro, Manuel Hernández-Triana, Marcela Zubillaga, Ricardo Weill. Deficiencia de zinc en relación con el desarrollo intelectual y sexual. June 2004. Revista Cubana de Salud Publica 30(2)
- E Herrera, C Barbas. Vitamin E: action, metabolism and perspectives. J Physiol Biochem. 2001 Mar;57(2):43-56.
- Ezequiel Álvarez Castro, Francisco Orallo Cambeiro. Actividad biológica de los flavonoides (II). Acción cardiovascular y sanguínea. 2003, Vol. 22. Núm. 11. páginas 102-110.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.