Não procure histórias com final feliz: seja feliz sem tanta história

Diferentemente das histórias infantis, as histórias da vida nem sempre terminam bem. O segredo é saber curtir os pequenos momentos de felicidade.
Não procure histórias com final feliz: seja feliz sem tanta história

Última atualização: 29 agosto, 2021

A literatura infantil está repleta de histórias com final feliz. É como se, na última página, o mundo recuperasse a sua harmonia. Como num passe de mágica, todos os resultados se tornam satisfatórios e ideais.

Isso é o oposto do que acontece tantas vezes na realidade. Nela, parece não haver um único casal que desfruta da felicidade eterna. Longe de serem resolvidos, os problemas se multiplicam. E os perversos, por mais injusto que possa parecer, costumam ganhar o jogo.

No entanto, nem as histórias de Charles Perrault nem as de Hans Christian Andersen eram tão inócuas quanto Walt Disney nos fez acreditar. As princesas das histórias originais nem sempre se casavam e eram felizes.

No entanto, tanto os adultos quanto as crianças precisam de esperança e entusiasmo para viver. Ou seja, muitas vezes precisamos acreditar que tudo vai dar certo para que o resultado seja favorável. Não há dúvida de que o pensamento positivo implica uma atitude melhor para enfrentar as adversidades.

Porém, não se trata de inventar nenhum acontecimento nem de cair na tentação de idealizar, por exemplo, as relações afetivas. Neste artigo, convidamos você a refletir sobre isso e outras questões relacionadas.

Todas as histórias têm final feliz?

Provavelmente você se lembra de algum evento que não teve um final particularmente agradável ou idílico. Apesar disso, você pode considerar que valeu a pena passar pela experiência.

Talvez você esteja pensando naquela relação que tanto te fez sofrer na adolescência e que foi tão difícil superar. Mas, ao mesmo tempo, você reconhece tudo o que ela lhe ensinou… Ainda hoje, você se lembra com nostalgia de tudo isso.

Este é apenas um dos exemplos possíveis. Portanto, embora nem tudo tenha corrido como esperávamos, são experiências que fazem parte da própria identidade e da história pessoal.

Portanto, as “melhores histórias” não precisam ter um final feliz para serem grandes histórias. Aprendemos com todas elas, especialmente aquelas que representaram desafios significativos para nós.

Mulher à beira do penhasco

Ser feliz sem tanta história

Tal Ben-Shahar é psicólogo, professor de Harvard e um escritor de sucesso autor de inúmeros livros que nos ensinam a ser felizes.

Apesar de ser um tema que desperta muito interesse, parece que dar às pessoas ferramentas para alcançar um maior bem-estar emocional é algo mais ou menos recente. Sim, pode parecer estranho, mas é.

  • Livros como A busca da felicidade, de Ben Shahar, destacam como os humanos buscam respostas para seus próprios vazios existenciais. Nesse sentido, as contribuições da Psicologia Positiva são reveladoras.
  • O Dr. Ben-Shahar insiste que a vida é bem diferente daquelas histórias com final feliz. Na verdade, ele incentiva seus leitores a se livrarem da falsa aspiração a uma alegria permanente, porque, entre outras coisas, ela não existe.
  • Assim, longe de alimentar grandes expectativas ou desejar a perfeição, valorizar o que temos no presente se coloca como uma alternativa mais saudável.
  • Por exemplo, um erro comum é condicionar toda a satisfação ao cumprimento de certos objetivos. Geralmente eles se referem a ter um parceiro eterno, um lar maravilhoso e um emprego ideal.
  • Embora sonhar e estabelecer metas seja necessário para progredir, também é necessário fazê-lo na medida certa. Como? Sendo prudente e buscando o equilíbrio.

As grandes expectativas, fantasias e falsos ideais são prisões para o crescimento pessoal. Quando não atingimos o que foi proposto, surge a sombra da infelicidade. Mas e se nos contentarmos com um pouco menos?

Seu melhor momento é o presente

Seu melhor momento é o presente

Outro erro que costumamos cometer é focalizar todas as expectativas no futuro. Ou seja, pensar que quando tivermos isso, poderemos fazer aquilo. Ou que, quando encontrarmos a pessoa certa, nos sentiremos completos. Chegamos até a acreditar que, quando finalmente tirarmos férias, seremos felizes e calmos.

  • Com esse tipo de raciocínio, a única coisa que conseguimos é adiar nosso próprio bem-estar emocional. Pode ser mais saudável atrasar tarefas, atividades e compromissos e começar a se divertir mais cedo.
  • A melhor oportunidade é esta, o agora. Por que se apegar à ideia de que só ficaremos bem quando ocorrerem certas circunstâncias?
  • E se dermos valor às pessoas que estão próximas e que nos mostram que nos amam?

Que histórias com final feliz você vai escrever?

Vemos que ser feliz é algo muito diferente daquela perfeição mágica que as histórias infantis nos transmitem. Apesar de promoverem a imaginação das crianças, como adultos sabemos que os resultados costumam ser outros.

Em outras palavras, os grandes momentos nem sempre terminam bem. No entanto, muitas vezes nos deixam alguma mensagem ou aprendizado que nos faz crescer. Como você escreverá os próximos capítulos da sua história?


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  • Bandura, A. (1997). Self-efficacy: The exercise of control. London: Worth.
  • Ben-Shahar, T. (2011). La búsqueda de la felicidad. Barcelona: Alienta.
  • Maslow, A. (2003). A theory of human motivation. Psychological Review, 50, 370-396.

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