Saúde na adolescência: sinais de alerta que merecem a nossa atenção
Os adolescentes não são saudáveis. Este é apenas um exemplo das muitas frases que ouvimos diariamente sobre os temas que concernem este grupo da população. No entanto, primeiro seria interessante definir corretamente o que é saúde e a que este termo faz referência, antes de tirar conclusões ou fazer comentários. A saúde na adolescência não deve ser tratada levianamente.
Em geral, a adolescência é uma fase da vida em que temos uma boa saúde. Ainda assim, há muitas questões relacionadas ao comportamento, devido à natureza exploratória e à vontade de descobrir dos jovens e adolescentes. Por isso, é importante conhecer os sinais de alerta que indicam que pode haver alguma alteração na saúde.
Sinais de alerta relacionados à saúde na adolescência
Há alguns temas relacionados com a saúde infantil que tiram o sono dos pediatras. Assim, é essencial dar respostas para as perguntas que surgem quando percebem ou sentem que algo não está bem ao consultar adolescentes e jovens. Entre outras coisas, é preciso analisar as melhores evidências científicas e os avanços em cada uma delas.
A abordagem da complexidade dos processos de saúde – pela multiplicidade de variáveis que intervêm – o sentimento visceral de que algo não está certo e a orientação em relação a temas como a solidão na adolescência têm características particulares que precisam de atenção.
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Temas de importância
Além de ser necessário prestar atenção à possibilidade de violência e transtornos do comportamento, que podem ser responsáveis por alterações na saúde, não devemos ignorar situações relacionadas com uma comunicação pouco assertiva ou até violenta, o choro em consulta e as dificuldades relacionadas ao sono.
Entre outras coisas, cabe observar a exposição excessiva a telas – já que hoje podemos dizer que elas não são inofensivas -, além de considerar aspectos inerentes à sexualidade, gestação indesejada na adolescência, entre outros.
A promoção da saúde mental na adolescência
A depressão, as tentativas de suicídio, as lesões por automutilação, entre outros, nos exigem uma identificação precoce de possíveis manifestações e a promoção da saúde mental.
O risco de suicídio em adolescentes e jovens é um dos principais aspectos que nos tiram o sono. Isso sem deixar de considerar a falta de aderência aos tratamentos e a importância de tomar decisões compartilhadas.
Dados científicos
A Dra. Ana Nuciforo, psiquiatra infantojuvenil responsável pelo “Curso Virtual Salud de la adolescencia: los temas que – a veces – nos quitan el sueño”, 2019, indica que, nesta etapa da vida, ocorrem modificações nas funções vitais:
- Sono: muitos adolescentes, por mudanças no ritmo circadiano ou por hábito cultural, dormem menos, dormem mais tarde, e apresentam sonolência diurna.
- Alimentação: um importante percentual de jovens mantêm dietas restritivas devido à insatisfação com o próprio corpo.
- Psicomotricidade: alguns adolescentes apresentam estereotipias ou maneirismos sem significação patológica.
- Sexualidade: a masturbação, a curiosidade sexual, as carícias sexuais com outras pessoas, a incerteza em relação à própria identidade sexual.
- Pensamento: intelectualização, preocupação com princípios éticos e filosóficos ou sociais, períodos místicos ou de ateísmo absoluto.
- Comunicação e linguagem: as transformações corporais despertam sentimentos de orgulho e um certo exibicionismo. Diante dos conflitos, muitos adolescentes sentem dificuldade para explicar, simbolizar e comunicar o que sentem e pensam.
- Atenção: falta de concentração nas tarefas externas ao depositar toda a carga afetiva em si mesmos.
- Comportamentos: às vezes, eles acreditam saber toda a verdade e agem mais rapidamente do que pensam. A passagem ao ato (cólera, agressão, roubo, fuga), se ocorrer de forma isolada, não indica uma patologia.
- Afetividade: as mudanças de humor são típicas. Podem ocorrer períodos de frustração e desânimo, tédio, sentimentos de solidão e desesperança na adolescência normal, bem como períodos de euforia desmedida.
Atenção e prevenção dos problemas de saúde na adolescência
A Sociedad Española de Medicina de la Adolescencia, SEMA afirma que:
“Durante a adolescência o indivíduo desenvolve diferentes aspectos físicos, psicológicos, emocionais e sociais. É uma época de muitos riscos com a adoção de hábitos e condutas que vão se prolongar até a idade adulta”.
Os profissionais de saúde devem estar preparados para abordar as necessidades de saúde integral desta faixa etária, detectar seus problemas o quanto antes, proporcionar o tratamento adequado, e instaurar medidas preventivas por meio da educação em saúde.
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O que podemos fazer para preservar a saúde dos adolescentes?
A pergunta inicial sobre os adolescentes serem ou não saudáveis não é fácil de responder. Além de situações pontuais, como quadros febris e o surgimento de um câncer, existem problemas de saúde que podem ter começado na infância e que continuam na adolescência, e outros que se iniciam diretamente nessa fase, como os transtornos alimentares que podem se manter até a vida adulta.
A capacitação dos profissionais representa um elemento essencial para acompanhar a saúde do adolescente e da sua família.
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