Como cuidar da saúde bucal de um idoso?

Cuidar da saúde bucal dos idosos melhora a qualidade de vida e evita complicações. Descubra a seguir os cuidados que devem ser considerados.
Como cuidar da saúde bucal de um idoso?
Vanesa Evangelina Buffa

Escrito e verificado por o dentista Vanesa Evangelina Buffa.

Última atualização: 27 maio, 2022

Cuidar da saúde bucal do idoso é fundamental para garantir uma boa qualidade de vida a ele. Caso contrário, atividades simples como conversar, comer, socializar e sorrir podem ser afetadas.

O envelhecimento é um processo progressivo e irreversível, e os tecidos da boca não estão imunes às mudanças que ocorrem em todo o corpo. Portanto, prestar atenção a certos cuidados é essencial para lidar da melhor maneira possível com essas modificações. Quais os principais cuidados a serem considerados? Continue lendo!

Mudanças na cavidade oral durante a terceira idade

A boca também experimenta as mudanças do envelhecimento. Quais são as mais frequentes? Detalharemos as principais a seguir:

  • Adelgaçamento das mucosas: o tecido perde espessura, resistência e elasticidade.
  • Diminuição na produção de saliva: a boca seca é uma condição bastante comum em pessoas idosas. Esse problema está relacionado ao uso de medicamentos e à presença de certas condições médicas comuns em idosos.
  • Reabsorção do tecido ósseo: o osso alveolar que sustenta os elementos dentários se deteriora com o tempo. A perda de dentes, a osteoporose e outras doenças ósseas associadas à idade avançada aceleram esse processo de perda óssea.
  • Desgaste dos tecidos dentários: os tecidos dentários também vão se degradando. Com o passar dos anos, algumas áreas podem ficar com pouca ou nenhuma quantidade de esmalte cobrindo as superfícies dos dentes. Se o paciente tem problemas na mordida ou sofre de bruxismo essa degradação pode ser maior.
  • Perda de suporte dos dentes: os tecidos que sustentam os dentes no lugar perdem espessura e altura. É comum observar que os elementos dentários parecem mais longos ou como se tivessem se projetado para fora.
  • Retração da gengiva: a gengiva recua em relação à sua localização normal, situando-se em um setor mais profundo que deixa a raiz dos dentes exposta e desprotegida. Essa nova localização geralmente aparece em resposta a processos traumáticos que ocorrem na boca, como uma escovação forte demais ou a mastigação.
Mudanças na cavidade oral durante a terceira idade.
A saúde bucal na terceira idade é fundamental para evitar problemas de saúde. Portanto, o cuidado deve ser reforçado.

Doenças orais mais comuns em idosos

Cáries, doenças gengivais e periodontite são as doenças orais mais comuns em idosos. Essas são patologias de evolução crônica que compartilham fatores de risco com outras condições, como diabetes, problemas cardiovasculares e câncer.

A cárie, em particular, tende a ocorrer devido à retração das gengivas, que expõe as raízes dos dentes. Isso, somado à diminuição da produção de saliva, facilita a ação dos ácidos da bactéria.

Por outro lado, a falta de cuidados com a saúde bucal nesta fase pode provocar gengivite ou inflamação das gengivas. Se esse problema não for resolvido rapidamente, evolui para periodontite, uma infecção mais profunda que destrói os tecidos que sustentam os dentes e pode levar à perda dos mesmos.

O risco de câncer de boca também aumenta com a idade. Embora ele esteja relacionado a outros fatores de risco, essa é uma possibilidade que deve ser considerada durante os cuidados com a saúde bucal de idosos.

Outro problema é a sensibilidade nos dentes, que ocorre devido à retração gengival ou desgaste da dentina. Ambas situações fazem com que os dentes reajam de forma exagerada a estímulos como frio e calor.

Também pode te interessar: Não espere para ir ao dentista!

Recomendações para cuidar da saúde bucal do idoso

Os dentes deveriam acompanhar o ser humano ao longo de sua vida. Portanto, a perda dos dentes não é um evento normal do envelhecimento. Desta forma, são as doenças bucais e seus fatores de risco associados que provocam os problemas na boca dos idosos.

Uma má alimentação, estilos de vida desfavoráveis, falta de hábitos de higiene, doenças crônicas e o uso de certos medicamentos predispõem ao aparecimento de alterações na cavidade oral. Portanto, em vez de normalizar a perda dos dentes durante a velhice é necessário assumir a responsabilidade de resolver o problema por conta própria, através do cuidado e cuidar da boca. Vejamos algumas recomendações:

1. Higiene dental

A escovação correta é uma das principais medidas para cuidar dos dentes. Ela deve ser feita pelo menos duas vezes ao dia. Não se esqueça de fazer essa limpeza antes de dormir, pois durante o sono a produção de saliva é menor.

  • É recomendável usar uma escova de cerdas macias e fazer movimentos suaves que não machuquem o tecido gengival. A limpeza deve atingir todas os lados de todos os dentes, e também incluir as gengivas e a língua.
  • A escova deve ser trocada a cada 3 meses ou quando as cerdas estiverem gastas. Isso também deve ser feito depois da cura de uma doença respiratória, pois as cerdas acumulam germes que podem provocar recaídas.
  • A higiene dental deve ser complementada com o uso de fio dental para eliminar a placa bacteriana que se acumula entre os dentes. Se isso for muito difícil, o uso de irrigadores ou escovas interdentais pode ser útil.
  • O uso de cremes dentais enxaguantes bucais com flúor é outro aspecto a ser considerado. O uso reduz o risco da formação de cáries e sensibilidade dentária.
  • Se os procedimentos de limpeza da boca não puderem ser feitos por alguma razão, uma gaze úmida pode ser usada para remover os restos de comida dos dentes e gengivas.

2. Cuidar das próteses dentárias

O uso de próteses dentárias é bastante comum em idosos. Estar atento à sua manutenção e cuidado ajuda a manter a boca saudável. As próteses devem ser higienizadas adequadamente todos os dias. Elas podem ser limpas com uma escova especial, água e sabão líquido neutro.

De qualquer forma, o ideal é realizar uma limpeza profunda semanal. Isso é feito mergulhando a prótese em um recipiente com água morna e comprimidos efervescentes específicos para esse fim. A ação das bolhas permite eliminar resíduos e microrganismos que não podem ser alcançados na limpeza diária.

Se as próteses forem removíveis, o ideal é retirá-las durante a noite e mantê-las em um copo d’água. Desta forma, evita-se a desidratação e alterações dimensionais do acessório. Além disso, é possível que as mucosas orais descansem.

Ir sempre ao dentista para fazer o controle das próteses e tecidos que as sustentam é fundamental para evitar complicações. O dentista avaliará a necessidade de reajustes ou substituições, já que os tecidos mudam com o tempo e as próteses podem ficar desajustadas, aumentando o risco de lesões.

3. Manter uma dieta saudável

Prestar atenção à dieta não ajuda apenas a cuidar do corpo; também contribui para a melhoria da saúde bucal dos idosos. Nesse sentido, recomenda-se o consumo de alimentos variados, saudáveis e ricos em nutrientes que estimulem o sistema imunológico. O fortalecimento das defesas aumenta a proteção contra infecções e doenças.

Desta forma, o ideal é aplicar os seguintes passos:

  • Aumentar o consumo de frutas e vegetais.
  • Limitar o consumo de doces, alimentos processados e refinados.
  • Consumir carnes magras, laticínios e ovos.
  • Tomar muita água e líquidos saudáveis.

4. Prestar atenção à mucosa oral

Os idosos correm um risco maior de desenvolver câncer de boca. Essa patologia geralmente provoca lesões na mucosa oral como feridas, manchas, irritação ou caroços. Essas manifestações são caracterizadas por não desaparecerem após algumas semanas; elas até tendem a aumentar de tamanho e provocar  dor ou dormência.

A detecção precoce do câncer permite uma intervenção precoce e melhora o prognóstico. Portanto, qualquer irregularidade percebida na boca deve ser corrigida. Além disso, é aconselhável fazer um autoexame oral uma vez por mês e consultar um dentista regularmente.

Entre outras coisas, se forem utilizadas próteses dentárias ou houver áreas sem dentes, é recomendável massagear o tecido gengival para estimular a circulação. Isso pode ser feito durante a escovação regular.

5. Favorecer a produção de saliva

A boca seca é um problema frequente em idosos. A falta de saliva está associada ao uso de certos medicamentos, consumo de álcool, fumo e condições médicas associadas à velhice. Se não for controlada, favorece a proliferação de bactérias na boca e o desenvolvimento de patologias orais.

Nesse sentido, para prevenir cáries, gengivites e infecções por fungos, é importante restaurar a umidade oral. Atualmente o dentista pode indicar opções como o uso de substitutos da saliva ou chiclete com xilitol, que estimula a salivação.

Obviamente manter uma boa hidratação também é essencial para manter a boca úmida. Beber muita água todos os dias ajuda a manter o corpo saudável e reduz o ressecamento da boca.

6. Evitar hábitos prejudiciais

A prática de hábitos pouco saudáveis como o consumo de álcool e tabaco favorece o aparecimento de patologias bucais. O consumo de álcool resseca a boca e está associado à proliferação de patógenos e ao aumento do risco de câncer de boca. Por seu lado, fumar acelera os danos aos elementos dentários e aos tecidos moles da boca.

Entre outras coisas, são gerados os seguintes efeitos colaterais:

  • Acúmulo de placa bacteriana e tártaro.
  • Manchas nos dentes.
  • Mal hálito.
  • Ressecamento das membranas.
  • Irritação na gengiva.
  • Lesão nos tecidos moles.

7. Visitar o dentista com frequência

Os idosos devem ir ao dentista regularmente. O ideal é repetir as consultas a cada 6 meses ou quando houver algum problema. O profissional orientará o paciente e seus cuidadores sobre as medidas necessárias para manter uma boca saudável.

Além disso, durante os controles podem ser detectadas possíveis irregularidades, tornando o tratamento mais rápido e evitando complicações. Além disso, uma profilaxia profissional pode ser feita para limpar todas as áreas de difícil acesso. Desta forma, a placa bacteriana é eliminada e a gengiva se mantém saudável.

Outras questões a serem tratadas incluem o estados das obturações, coroas, pontes, implantes e dentaduras. Se for o caso, uma troca ou modificação será sugerida.

Visite o dentista com frequência.
É imprescindível ir ao dentista periodicamente para detectar possíveis irregularidades na cavidade oral.

8. Educar os idosos e seus cuidadores

Muitas vezes o surgimento de problemas na cavidade oral se deve à desinformação sobre a necessidade de atenção e cuidado. E muitas outras à perda da capacidade do idoso de cuidar da própria boca sozinho.

Diante disso o paciente, seus familiares e cuidadores devem estabelecer critérios claros para atender a saúde bucal de forma adequada. Tanto os idosos quanto os responsáveis por acompanhá-los devem ter os conhecimentos necessários para cuidar dessa parte do corpo.

Frequentar ou realizar procedimentos de limpeza bucal, monitorar a dieta e realizar os check-ups odontológicos faze parte dos cuidados necessários aos idosos.

Cuidar da saúde bucal do idoso contribui para o bem-estar dele

Acredita-se que a perda de dentes seja parte do envelhecimento, mas isso não é verdade. Portanto, é fundamental cuidar da saúde bucal do idoso. Isso permite a ele uma melhor qualidade de vida, pois facilita comer, conversar e se relacionar sem problemas. Além disso, uma boca saudável repercute no bem-estar geral.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Puerta, I. P., & Cárdenas, S. D. (2017). Repercusiones de la salud bucal sobre calidad de vida por ciclo vital individual. Acta Odontológica Colombiana7(2), 49-64.
  • Torrecilla-Venegas, R., & Castro-Gutiérrez, I. Efectos del envejecimiento en la cavidad bucal.
  • Reyes Obediente, F. M., & Machado Ramírez, E. F. (2020). Estrategia de educación permanente para la salud bucal del adulto mayor. Humanidades Médicas20(1), 107-123.
  • Sánchez Quintero, O. D. L. M., Pérez Borrego, A., Fonseca Fernández, Y., Cepero Santos, A., Calzadilla Mesa, X. M., & Bertrán Herrero, G. (2017). Influencia de la Diabetes mellitus en la salud bucal del adulto mayor. Revista Habanera de Ciencias Médicas16(3), 361-370.
  • Villafranca Vasquez, J. A. (2020). Flujo salival y caries cervical de piezas dentarias de personas adultas de Lima.
  • Torres, F. M., Mazzini, W. U., & Campuzano, T. M. (2017). Factores predisponentes que afectan la salud bucodental en pacientes con diabetes mellitus. Revista odontológica mexicana21(2), 103-108.
  • Lévano Villanueva, C. J. U. (2019). Relación de calidad de vida y salud bucal de los adultos mayores de los albergues de la Ciudad de Tacna, 2018.
  • Salas, A. C., González, N. M. B., & Ramos, R. M. G. (2019). Determinantes sociales y condiciones de salud bucal de los adultos mayores. Revista Cubana de Estomatología56(2), 1-15.
  • Espinoza Espinoza, D. A. K. (2017). Calidad de vida en relación a la salud bucal en adultos mayores concurrentes al Centro del Adulto Mayor de San Isidro.
  • Rodney Alberto, D. M., Elizabeth, V. B., & Esperanza, V. G. (2021, July). LESIONES BUCALES Y FACTORES DE RIESGO ASOCIADOS AL CÁNCER BUCAL EN LA POBLACIÓN ADULTO MAYOR. In cibamanz2021.
  • Cun Morán, C. P. (2021). Hábitos de salud bucal en población adulta mayor (Bachelor’s thesis, Universidad de Guayaquil. Facultad Piloto de Odontología).
  • Páez, W. M., Loyola, L. V., Revilla, Y. R., & González, D. L. M. (2017). Lesiones bucales en adultos mayores y factores de riesgo. Policlínico Dr. Tomás Romay, La Habana, Cuba. Revista Habanera de Ciencias Médicas16(5), 770-783.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.