A depressão pode afetar o cérebro fisicamente?

Muitas coisas mudam como produto da depressão. Mesmo que não notemos, nosso corpo sofre alterações significativas devido aos desequilíbrios químicos.
A depressão pode afetar o cérebro fisicamente?
Bernardo Peña

Revisado e aprovado por o psicólogo Bernardo Peña.

Escrito por Equipe Editorial

Última atualização: 20 dezembro, 2022

Embora pareça que a depressão é uma condição claramente emocional, que altera somente o estado de ânimo e os sentimentos, aqueles que sofrem com ela também podem sofrer mudanças físicas e químicas no cérebro que podem afetar não apenas a saúde mental, mas também o resto do organismo.

Este é um problema global mais generalizado do que se pensa. Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 300 milhões de pessoas sofrem de depressão no mundo. Uma média de 800 mil pessoas se suicidam por ano devido à depressão. Além disso, essa condição é a principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.

A depressão não é uma mudança emocional passageira. As alterações que produz no cérebro fazem com que seja algo difícil de controlar para quem dela sofre. Por essa razão, é importante reconhecê-la e tratá-la com um especialista, em vez de pensar que é um mau momento que vai desaparecer por conta própria.

Como a depressão pode afetar o cérebro fisicamente??

Três partes do cérebro são diretamente afetadas pela depressão: o hipocampo, a amígdala cerebral e o córtex pré-frontal. A seguir, vamos analisá-las mais detalhadamente.

Áreas do cérebro afetadas pela depressão

1. Encolhimento do hipocampo

O hipocampo está na região central do cérebro. Ele é responsável por armazenar a memória e regular a produção de cortisol, conhecido como o hormônio do estresse e da felicidade.

Quando sofremos de estresse físico ou mental, incluindo o estresse por depressão, o corpo libera cortisol para tentar minimizar os efeitos do estresse. No entanto, quando os níveis de cortisol estão muito altos, ocorre um desequilíbrio químico. Consequentemente, a produção de neurônios diminui e o hipocampo encolhe.

2. Encolhimento do córtex pré-frontal

Localizado na parte anterior do cérebro, o córtex pré-frontal é responsável por regular as emoções e criar memórias. O córtex pré-frontal também pode encolher devido ao excesso de cortisol. Acredita-se que a falta de empatia na depressão pós-parto seja desencadeada por esse motivo.

3. A depressão pode afetar o cérebro fisicamente provocando inflamação da amígdala cerebral

A amígdala cerebral está localizada no lobo temporal, na parte central inferior do cérebro. Sua função é regular emoções como o prazer, a felicidade, o medo, entre outras.

O excesso de cortisol também a afeta ao inflamá-la e deixá-la mais ativa, o que causa dificuldade para dormir e, também, padrões anormais de comportamento. Além disso, ao estar mais ativa faz com que outras partes do organismo liberem mais hormônios do que o normal e originem outras complicações de saúde.

4. Falta de oxigenação

Além das alterações diretas que a depressão produz no cérebro, outras mudanças afetam indiretamente a função cerebral. Há estudos que demonstram que o corpo recebe menos oxigênio nos períodos de depressão. Não se sabe se isso se deve a mudanças nos padrões de respiração ou a outra razão.

As células do corpo em geral são afetadas pela redução de oxigênio. Em particular, as células do cérebro podem sofrer danos ou morrer.

Quais efeitos essas mudanças provocam na saúde?

Essas alterações do cérebro não ocorrem imediatamente. Na verdade, elas são produto da ação continuada da depressão. Os estudos sugerem que a redução do hipotálamo e do córtex pré-frontal leva entre 8 e 10 meses para se manifestar.

O doutor Thomas Frodl, pesquisador do hospital de Magdeburg, na Alemanha, realizou um acompanhamento durante três anos com pacientes que tinham depressão a fim de comprovar que com o passar do tempo as alterações físicas no cérebro são crescentes.

O cansaço traz depressão

Algumas das consequências que as mudanças físicas e químicas que a depressão produz no cérebro são as seguintes:

  • Primeiramente, perda de memória.
  • Também, diminuição do funcionamento dos neurotransmissores.
  • Além disso, estagnação do desenvolvimento cerebral.
  • Ademais, diminuição da capacidade de aprendizagem.
  • Por outro lado, problemas cognitivos.
  • Também, problemas de concentração.
  • Além disso, mudanças no estado de ânimo.
  • Ademais, falta de empatia com os outros.
  • Dificuldade para dormir.
  • Finalmente, fadiga.

Como tratar os efeitos da depressão no cérebro?

Os estudos científicos sugerem que o desequilíbrio químico produzido pelo excesso de cortisol e por outros químicos do organismo é a principal causa das alterações emocionais e das mudanças físicas do cérebro.

Por essa razão, os tratamentos são direcionados a regular a produção de hormônios como o cortisol e a serotonina, seja com medicamentos inibidores ou com terapia.

Terapia para tratar a depressão

As pesquisas revelam que a psicoterapia ajuda a modificar a estrutura do cérebro e a combater os sintomas da depressão. É por isso que é necessário procurar ajuda profissional quando há suspeitas de sofrer de depressão.

Além disso, também há outras ações que uma pessoa com depressão pode fazer por conta própria para ajudar a melhorar sua atividade cerebral e combater a depressão.

  • Em primeiro lugar, controlar o estresse.
  • Além disso, fazer exercício.
  • Também, comer de maneira saudável.
  • Ademais, dormir bem.
  • Finalmente evitar o álcool e as drogas.

Em suma, a depressão é um transtorno que vai mais além das mudanças no estado de ânimo. Embora não se perceba à primeira vista, a depressão pode afetar o cérebro fisicamente e pode interferir no bem-estar geral.


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