Logo image
Logo image

Secreção mamilar: causas e recomendações

6 minutos
A secreção mamilar é um motivo frequente de consulta em ginecologia. Estabelecer a sua causa é fundamental para reduzir os riscos de doenças que poderiam ser sérias. Você quer saber mais sobre isso?
Secreção mamilar: causas e recomendações
Última atualização: 04 maio, 2021

A secreção mamilar pode ser um problema muito incômodo, mas existem causas subjacentes que a explicam. Estas podem ser simples, como a displasia de mama, ou muito sérias, como o câncer, que felizmente ocorre em pouquíssimos casos.

Em termos médicos, essa condição é chamada de “telorragia” e se refere a qualquer secreção da mama fora da gravidez ou da amamentação. “Galactorreia” é um termo semelhante, mas neste caso refere-se à produção de leite e geralmente tem causas hormonais que estão associadas. Quer saber mais sobre isso? A seguir, esclarecemos todas as suas dúvidas.

A secreção mamilar provoca outros sintomas?

Em geral, sempre se observará saída de líquido pelo mamilo ou pequenos orifícios localizados na aréola. A natureza desta substância depende muito das suas características físicas e, na prática, pode ser bastante variada. A aparência dessas secreções pode ser:

  • Esbranquiçada ou leitosa.
  • Serosa, pálida ou ligeiramente amarelada.
  • Avermelhada.
  • Combinações entre as citadas.

Dependendo da causa, pode haver dor permanente ou apenas durante a produção dos líquidos. Também é possível detectar uma massa ou nódulo com diferentes características (tamanho, localização, mobilidade e textura).

Na maioria dos casos, a secreção é unilateral (afeta apenas uma das mamas), embora possa ser bilateral quando há problemas hormonais. Também pode haver retração do mamilo ou vermelhidão da pele, sugerindo inflamação subjacente.

Some figure
A secreção mamilar pode ser acompanhada por outros sintomas, como dor, inchaço e caroços na mama.

Razões pelas quais a secreção mamilar pode ocorrer

uma lista enorme de causas que podem desencadear esses tipos de sintomas. Podem ser de origem mamária (como infecções ou câncer) ou extramamária (tumores cerebrais ou ingestão de medicamentos).

Causas mais frequentes

Faremos uma revisão de casos de infecções localizadas na mama relacionadas à ingestão de psicotrópicos, papiloma intraductal e quadro fibrocístico.

1. Infecções localizadas na mama

A mastite ou os abscessos mamários são causas frequentes de secreção, após a abertura de um ducto que permite o escape do conteúdo. Esta secreção é purulenta e tem mau odor, além de provocar dor ao toque, aumento de volume e vermelhidão da pele.

É muito mais comum durante a lactação (devido à manipulação do mamilo pelo bebê), mas também pode ocorrer fora deste período.

Não deixe de ler: Diferentes tipos de mastite e suas características

2. Ingestão de drogas psicotrópicas

A prolactina é um hormônio responsável por estimular a produção e secreção do leite materno. Ela é regulada no cérebro por um neurotransmissor conhecido como dopamina.

O tratamento com alguns medicamentos que atuam diretamente no sistema nervoso central pode envolver alterações nos níveis de dopamina do corpo, que também afetam a produção de prolactina e do leite materno.

Alguns medicamentos que podem causar secreção de leite fora da amamentação são as fenotiazidas, alguns antidepressivos e ansiolíticos.

3. Papiloma intraductal

O papiloma intraductal é uma afecção benigna frequente, embora pelas suas características tenda a atrair bastante atenção. Quando se apresenta, o profissional indicará vários estudos complementares para o diagnóstico.

A secreção nesta doença costuma ser espontânea e ocorre com frequência em pacientes na pré-menopausa. Como no exemplo anterior, a patologia se origina no duto de leite.

Ocorre uma proliferação de células que, eventualmente, leva à formação de uma pequena massa capaz de produzir secreção serosa com um pouco de sangue (sero-hemática).

4. Condição fibrocística da mama

Também conhecida como “displasia mamária” é, segundo vários estudos epidemiológicos, uma das patologias benignas mais comuns da mama. Consiste na proliferação de “tecido de sustentação” (conectivo) que pode ocorrer mesmo durante a vida reprodutiva da mulher.

Isso leva à formação de massas de tamanho moderado, que podem ser dolorosas e causar secreção esbranquiçada por vários orifícios. Em geral, afeta os dois lados e representa um dos motivos mais frequentes de consulta ao ginecologista.

O médico solicitará, dependendo da idade da paciente, exames como uma mamografia para determinar a probabilidade de uma lesão maligna. No entanto, isso raramente acontece.

Causas menos frequentes

Este grupo inclui algumas condições como galactoforite, tumores hipofisários, ectasia ductal e câncer de mama.

 1. Galactoforite

Os seios contêm estruturas chamadas dutos de leite, que às vezes podem inflamar. Eles são responsáveis ​​por transportar ao exterior as substâncias que as glândulas mamárias produzem.

Muitas vezes, esta é uma inflamação crônica (ou seja, leva muito tempo para se desenvolver) e, além disso, é difícil identificar uma causa bem definida. A origem dessa patologia pode ser de caráter infeccioso ou não infeccioso.

2. Tumores hipofisários

O exemplo mais notável é o prolactinoma, uma das causas mais comuns de secreção mamilar relacionada a um tumor. A origem é extramamária, pois está localizada na hipófise (glândula pituitária) e tem capacidade de produzir prolactina.

Como já mencionamos, esse hormônio é responsável por estimular a produção do leite materno. Para o diagnóstico desta condição, são necessários estudos especializados, como ressonância magnética do cérebro.

3. Ectasia ductal

O termo “ectasia” refere-se à dilatação ou abertura, neste caso dos ductos mais próximos do mamilo. Geralmente produz secreções com cores muito variadas, variando do amarelo ao marrom.

Pode afetar ambas as mamas e é uma condição benigna, pois até o momento não há evidências que sugiram uma capacidade maligna caso não receba tratamento. No entanto, a avaliação de um médico é sempre necessária.

4. Câncer de mama

Consideramos essa causa uma das menos frequentes, pois em poucos casos a secreção mamilar é de origem maligna. O câncer de mama, em geral, ocorre de forma silenciosa, por isso geralmente é detectado em estágios avançados, se não houver uma pesquisa populacional adequada.

Quando isso acontece, pode haver retração do mamilo e a presença de um nódulo próximo, duro e nem sempre dolorido. O médico solicitará os exames correspondentes para o seu diagnóstico, como uma mamografia.

Não deixe de ler: 7 motivos da dor nos seios

Quando consultar um médico?

Sugerimos que, caso você apresente algum dos sintomas acima, marque uma consulta com o seu ginecologista ou médico de família o mais rápido possível.

Esses tipos de problemas têm origem benigna e alguns casos não requerem tratamento. No entanto, dada a possibilidade de que a secreção seja decorrente de doença maligna, recomenda-se uma avaliação médica oportuna.

Saiba que os homens também podem desenvolver a telorragia e o câncer de mama. Esses pacientes devem consultar um médico o mais rápido possível.

Some figure
Na presença de secreção mamilar, o ideal é ir ao ginecologista ou médico de família. O profissional indicará os exames pertinentes de acordo com o caso.

Tratamentos para a secreção mamilar

O tratamento depende da causa da secreção e, em alguns casos, pode não exigir medidas terapêuticas, a menos que provoque um desconforto significativo para a pessoa.

Para os casos em que há proliferação de tecido tumoral (papilomas, prolactinomas e câncer), o tratamento pode incluir resolução cirúrgica com remoção da massa envolvida.

Entretanto, se for uma condição desenvolvida pelo consumo de medicamentos, a única solução seria regular a dose ou alterar o tratamento. Por fim, as patologias infecciosas podem exigir drenagem cirúrgica (como no caso dos abscessos) e administração de antibióticos por alguns dias.

A consulta médica ajuda a prevenir complicações

As secreções mamilares são um problema comum e suas causas são muito diversas, assim como as opções de tratamento. Cabe ao médico avaliar qualquer tipo de sintoma.

Embora nem todas as consultas devam ser imediatas ou urgentes, é preferível marcar uma consulta com bastante antecedência para não se lamentar pela demora. Às vezes, pequenos sintomas podem mascarar condições graves.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Mazzarello S, Arnaout A. Nipple discharge. CMAJ. 2015;187(8):599. doi:10.1503/cmaj.140633
  • Halperin I, Cámara R, García M, García D. Guía clínica del diagnóstico y tratamiento del prolactinoma y la hiperprolactinemia. Endocrinología y Nutrición 2013;60(6):308-319.
  • Solís J, Cornejo P. Estados hiperprolactinémicos. Rev Med Hered 2006;17(4)234-245.
  • Cebrián C, Fernández J. La telorrea como manifestación del carcinoma intraductal de mama. Progresos de Obstetricia y Ginecología 2010;53(11):476-479.
  • Sajadi-Ernazarova KR, Sugumar K, Adigun R. Breast Nipple Discharge. [Updated 2020 Nov 20]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2020 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK430938/
  • Markopoulos C, Mantas D, Kouskos E, Antonopoulou Z, Lambadariou K, Revenas K, Papachristodoulou A. Surgical management of nipple discharge. Eur J Gynaecol Oncol. 2006;27(3):275-8. PMID: 16800258.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.