O que é pubalgia e por que prejudica o início da temporada de Toni Kroos?
O mês de agosto começou com preocupações para o Real Madrid. Poucos dias antes do início da La Liga, o clube merengue emitiu um comunicado informando sobre a lesão de um de seus jogadores mais importantes. Toni Kroos está com pubalgia e não poderá estar presente nas primeiras partidas do torneio.
O meio-campista alemão declarou, por meio de suas redes sociais, que há meses sofre de dores na região pélvica, por isso é hora de fazer uma pausa para descansar e se recuperar. O clube descreveu um diagnóstico “pendente de evolução”, não especificando o tipo de tratamento nem a data de retorno.
Isso se deve à dificuldade que a pubalgia implica em estabelecer calendários. Esta é uma lesão comum em atletas, e o que se pode esperar é uma ausência de pelo menos 4 semanas, embora muitas vezes a recuperação total demore o dobro desse tempo. O técnico Carlo Ancelotti terá que procurar um substituto para o início do campeonato.
O que é a pubalgia e quais são as suas causas?
A osteopatia do púbis, também conhecida como “pubalgia”, é uma condição que atinge a região pubiana, o osso que integra o quadril e, por meio de uma articulação cartilaginosa, une os dois ossos ilíacos (ílio e ísquio). Ele é cercado por músculos fortes, como o reto abdominal acima e os adutores abaixo.
A inflamação dos tendões desses músculos, que pode ser produto de vários fatores, causa irritação do osso, o que leva à pubalgia. Um desequilíbrio muscular nessa área faz com que a pelve funcione de forma alterada e tenha mais tensão de um lado do que do outro.
Existem três tipos diferentes:
- Inferior, causada pela inflamação dos tendões dos músculos adutores.
- Superior, derivada da inflamação nos músculos abdominais.
- Mista, que é uma combinação dos dois fatores.
Causas da pubalgia
Esse desequilíbrio no funcionamento da pelve pode ter motivações anteriores, dependendo de cada caso, como displasia da anca, deficiências da parede abdominal ou encurtamento dos membros inferiores. Alterações musculares como isquiotibiais fracos ou assimetrias no fortalecimento também podem ser seus gatilhos.
Da mesma forma, pode ser decorrente de má postura nas atividades diárias, disfunções viscerais do intestino delgado ou intestino irritável. Estes últimos às vezes causam bloqueios nas vértebras ou assimetrias nos músculos da parte inferior das costas. Até o estresse é uma causa do mau funcionamento desses órgãos, com o possível aparecimento da pubalgia.
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Por que a pubalgia é comum em atletas, como é o caso de Toni Kroos?
No caso de jogadores de futebol como Toni Kroos, essa lesão é bastante comum devido a atividades agressivas que afetam alguns músculos em particular. Além disso, é possível que microtraumas repetidos na região pélvica ou sobrecargas possam influenciar.
Movimentos como bater na bola, mudanças bruscas de direção e velocidade, quedas feias e excesso de jogos em um curto espaço de tempo também afetam essa condição. As chances dela ocorrer aumentam com preparação física e aquecimento insuficientes.
Como a pubalgia é identificada?
O diagnóstico exato é difícil de ser estabelecido devido à complexa tarefa de localizar a dor, uma vez que ela se irradia para diferentes áreas com rapidez. Nos primeiros momentos, só aparece após esforço físico, por isso é comum a ingestão de analgésicos para acalmar os sintomas. Assim, a pressão do calendário futebolístico os instiga a continuar jogando.
No entanto, dores na região da virilha ou na região abdominal inferior são sinais claros de pubalgia. No início, o desconforto é sentido após atividades físicas intensas, como jogos ou treinos. Se o problema não for resolvido a tempo, aumenta durante e após a atividade. Finalmente, se a lesão for estabelecida, a dor contínua pode impedir até mesmo movimentos simples.
Prevenção e tratamento
A forma de tratar a pubalgia varia de acordo com cada pessoa, as posturas e os grupos musculares envolvidos. Alguns métodos são os seguintes:
- Massoterapia. Massagens profundas nas áreas afetadas, com técnicas para lesões tendíneas.
- Reequilíbrio muscular. É feita uma tentativa de fortalecer os músculos que estão fracos, alongando os isquiotibiais, abdominais e adutores, por exemplo.
- Descanso. Em casos de sobrecarga muscular.
- Anti-inflamatórios. Às vezes, eles são recomendados para aliviar a dor.
- Técnicas de eletroterapia. Laser ou magnetoterapia costumam ser aplicados na área.
- Ondas de choque. São ondas acústicas radiais localizadas, que aumentam a frequência sanguínea e melhoram os tecidos.
- Fisioterapia e dietas. Recomenda-se que a pubalgia seja tratada por um osteopata ou, melhor ainda, por um fisioterapeuta. Dietas específicas podem ser recomendadas se houver distúrbios viscerais.
- Trabalho ativo. Recomenda-se que os atletas realizem exercícios de recuperação, sem impactos fortes, para promover o crescimento do tecido muscular nas partes afetadas.
- Cirurgia. O tratamento cirúrgico é muito raro. Só ocorre nos casos em que os outros métodos não funcionaram ou para encurtar o tempo de recuperação. O procedimento tenta reduzir a pressão que os abdominais e adutores exercem sobre o púbis.
O melhor a fazer é tentar evitar este problema com uma série de boas práticas, como fazer aquecimento antes da atividade física. Os exercícios são recomendados para fortalecer e harmonizar os músculos do quadril. O mesmo vale para os músculos púbicos superiores e inferiores. Além disso, deve-se prestar atenção às posturas e movimentos no esporte. Assim que sentir dor, pare e descanse.
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Como a pubalgia afeta Toni Kroos e quando ele estará de volta?
Apesar das poucas informações oficiais fornecidas sobre a pubalgia de Toni Kroos, há um histórico de lesões no meio-campista. Em outubro de 2019, ele teve que ser substituído durante a primeira metade da partida entre Real Madrid e Granada. O diagnóstico foi uma lesão no adutor da perna esquerda, que o deixou de fora por alguns jogos.
Além disso, em março deste ano, Toni Kroos ganhou as manchetes por deixar a concentração alemã, novamente devido a problemas em seus adutores. Os médicos da seleção deixaram claro que os problemas não foram gerados ali, mas que se arrastaram do clube merengue. Era hora de parar, descansar e iniciar um tratamento completo.
Se a lesão não for tratada, pode levar a estágios avançados, com deficiências motoras básicas. Outros jogadores de futebol de elite sofreram gravemente com este problema, como Xabi Alonso, Guti e o brasileiro Kaká. Embora não haja uma data definida para o seu retorno, o tempo mínimo de recuperação varia de 4 a 6 semanas, mas pode ser estendido para 8 ou 10 semanas.
Muito provavelmente, Ancelotti terá que substituí-lo nas três primeiras datas do torneio, em que o clube merengue visitará Alavés, Levante e Betis. Se o tratamento progredir, talvez o meio-campista entre em campo na inauguração do Novo Santiago Bernabéu, no dia 11 de setembro, contra o Celta de Vigo.
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