Hodofobia ou medo de viajar: por que ocorre e como superá-lo?

A angústia de deixar o que é seguro e conhecido por nós, o medo de sofrer um acidente, de se perder na cidade, de ser assaltado. O medo de viajar dá forma a um tipo de fobia que está relacionada a alguma experiência traumática do passado.
Hodofobia ou medo de viajar: por que ocorre e como superá-lo?

Última atualização: 14 fevereiro, 2021

A hodofobia, ou medo de viajar, define um tipo muito particular de condição psicológica. Define aquela pessoa que sente angústia pelo simples fato de se afastar da sua zona de conforto, da sua casa, do que é conhecido por ela e que controla. No entanto, outras fobias também podem ser adicionadas, como o medo de voar ou de pegar o carro e sofrer um acidente.

É verdade que a grande maioria das pessoas associa as viagens ao lazer e ao prazer. No entanto, há quem veja o período de férias como grande fonte de estresse.

São dias em que as viagens são comuns. São passeios para visitar parentes distantes, para descobrir novos lugares, novas cidades e países. Esse tipo de situação pode gerar uma grande ansiedade em muitas pessoas.

Hodofobia, ou medo de viajar: sintomas e causas

Por mais inusitado que possa parecer, há um fato inquestionável: as fobias são uma realidade psiquiátrica muito comum. Todos nós temos medos, dimensões únicas que evitamos e que podem ou não condicionar nossas vidas. Entretanto, as fobias são um tipo de medo irracional e uma forma intensa de ansiedade que não podemos ou não sabemos como controlar.

Existem estratégias e mecanismos de enfrentamento que podem ser colocados em prática. A seguir, vamos explicar em que consiste esse tipo de condição psicológica.

Sigmund Freud explicou em uma de suas cartas a um colega de profissão que viajar lhe causava ansiedade. Não sabemos, entretanto, se o que o pai da psicanálise sofreu foi uma verdadeira fobia, porque a hodofobia, ou o medo de viajar, pode ser muito limitante. Uma coisa é sentir uma ansiedade moderada e outra é não poder sair de casa.

Este tipo de distúrbio psicológico define um medo irracional e paralisante e é acompanhado por sintomas intensos. Em outras palavras, quem tem medo de viajar nem sempre pode entrar naquele trem, sentar na poltrona de um avião ou chegar ao hotel que reservou. Esse fato pode condicionar completamente a vida de quem sofre com isso.

Por outro lado, deve-se observar que o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) classifica a hodofobia, ou o medo de viajar, como um tipo de fobia específica dentro dos próprios transtornos de ansiedade. Vejamos, portanto, os sintomas observados para o seu correto diagnóstico.

Homem com medo de viajar
A hodofobia também costuma se manifestar com o medo de voar ou de sofrer um acidente de carro.

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Como se manifesta a hodofobia, ou o medo de viajar?

Esse tipo de fobia, como qualquer outro, se manifesta de várias maneiras. Cada pessoa mostra e manifesta seus medos irracionais de uma maneira particular. Alguns o fazem com mais intensidade, enquanto outros alcançam uma certa funcionalidade. No entanto, podemos ver uma série de características emocionais comuns:

  • Medo de deixar a nossa casa, de nos separar do que é conhecido e seguro para nós.
  • Angústia intensa ao pegar um carro, embarcar em um avião ou trem.
  • Medo de sofrer um acidente.
  • Vergonha pelo fato de que outras pessoas percebam a nossa fobia.

Também existem sintomas cognitivos, como os seguintes:

  • A pessoa não para de pensar em todas as coisas adversas que podem acontecer. Normalmente você se sente incapaz de controlar esses pensamentos negativos e catastróficos.
  • A imaginação vagueia em um ciclo de imagens terríveis: acidentes, sequestros, ataques terroristas.
  • Bloqueio contra eventos específicos, como a necessidade de reservar uma viagem. Incapacidade de focar a atenção em outras coisas.
  • Confusão e dificuldade em tomar decisões.

Por último, vale a pena mencionar as manifestações físicas do transtorno. A hodofobia, ou medo de viajar, apresenta inúmeros sinais físicos que variam de gravidade menor a maior. Vejamos alguns:

  • Tonturas e taquicardia.
  • Dor de estômago e distúrbios intestinais diante da ideia de fazer uma viagem.
  • Transpiração e boca seca.

Alguns estudos, como os realizados pela Universidade da Califórnia, por exemplo, indicam que existe uma relação direta entre as fobias e os ataques de pânico. Ou seja, no caso da hodofobia, podemos observar situações extremas em que a pessoa passa a sofrer essas reações diante da ideia de fazer uma viagem.

Qual é a causa da hodofobia, ou medo de viajar?

Algo que devemos esclarecer sobre as fobias em geral é que nem sempre há um gatilho particular. Inclusive, as fobias de origem inespecífica são bastante comuns, e a hodofobia é uma delas. Trabalhos de pesquisa como os realizados pelo Dr. René García da Universidade de Marselha mostram a o seguinte sobre a neurobiologia do medo:

  • A origem pode estar em eventos traumáticos do passado. No caso do medo de viajar, a pessoa pode ter sofrido um acidente anteriormente ou ter sido vítima de um atentado terrorista.
  • Da mesma forma, também pode haver um padrão genético ou mesmo familiar. Se nossos pais também sentiam medo de viajar, de aviões ou de navios, por exemplo.
Viajar de trem

Como podemos tratar esse tipo de fobia?

O mecanismo de enfrentamento mais adequado para todas as fobias é a terapia cognitivo-comportamental. Dentro desta abordagem, geralmente se aplicam os seguintes recursos:

  • Técnica de exposição: consiste em aproximar a pessoa de estímulos fóbicos para trabalhar pensamentos e reações emocionais.
  • Reestruturação cognitiva: assume que o paciente é capaz de detectar padrões de pensamentos negativos e irracionais para transformá-los em abordagens mais saudáveis.
  • Gestão emocional: consiste em uma ferramenta fundamental que é a de detectar emoções paralisantes, reconhecê-las, nomeá-las e transformá-las em estados relaxados e satisfatórios.
  • Técnicas de respiração e relaxamento: a hodofobia, ou o medo de viajar, também pode se beneficiar de técnicas adequadas de respiração e relaxamento. São recursos complementares à própria terapia cognitivo-comportamental.
  • Realidade virtual: atualmente, a realidade virtual é um recurso eficaz no tratamento das fobias.

Não tenha medo de pedir ajuda

Para concluir, podemos dizer que todo medo irracional pode afetar a nossa qualidade de vida. Entretanto, caso eles sejam impossíveis de controlar, o mais comum é que novas fobias acabem surgindo até levar a um estado em que a ansiedade assuma o controle total. Portanto, para evitar atingir esses limites, é essencial buscar ajuda especializada.


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