Entrevista com Natalia Romero Franco: prevenindo distúrbios do assoalho pélvico em atletas do sexo feminino

Compartilhamos a entrevista com Natalia Romero Franco, atleta olímpica e acadêmica, especialista em fisioterapia esportiva. Ela nos fala sobre os distúrbios do assoalho pélvico em mulheres esportistas e o Projeto Atitude.
Entrevista com Natalia Romero Franco: prevenindo distúrbios do assoalho pélvico em atletas do sexo feminino
Leonardo Biolatto

Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto.

Última atualização: 27 julho, 2023

Natalia Romero Franco, possui dupla graduação em fisioterapia e em atividade física e ciências do esporte, e médica pela Universidade de Jaén, concedeu-nos uma entrevista para falar sobre os distúrbios do assoalho pélvico em atletas do sexo feminino. Ela também é uma atleta olímpica ativa, tendo participado em nome da Espanha nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.

Por meio do Projeto Atitude, Natália e suas colegas, professoras universitárias, estão investigando os problemas associados à disfunção do assoalho pélvico em mulheres que praticam esportes. Da mesma forma, o projeto dá a conhecer esta realidade e desenvolve algumas práticas preventivas que podem ajudar a atenuar os sintomas mais incómodos associados, como é o caso da incontinência urinária.

O que são distúrbios do assoalho pélvico?

Distúrbios do assoalho pélvico são distúrbios da estrutura e função do conjunto de músculos, tecidos e ligamentos que sustentam os órgãos pélvicos. Aqui incluímos a bexiga, o útero e também o reto.

Esses distúrbios podem incluir vários sintomas:

  • incontinência urinária,
  • prolapso de órgão pélvico,
  • disfunção sexual,
  • e dor crônica na pelve.

Algumas circunstâncias constituem fatores de risco para padecer delas, como afirma o Manual de Ginecologia González-Merlo:

  • Gravidez e parto: a gravidez exerce muita pressão sobre os músculos do assoalho pélvico.
  • Alterações hormonais: a diminuição dos níveis de estrogênio na menopausa pode enfraquecer os tecidos e aumentar o risco de distúrbios do assoalho pélvico, por exemplo.
  • Prática de atividades de alto impacto: correr, pular ou levantar pesos são ações que exercem pressão adicional sobre os músculos e tecidos do assoalho pélvico. Isso pode contribuir para o enfraquecimento e disfunção da área.

Por que eles podem ser mais prevalentes entre atletas do sexo feminino?

Um estudo publicado em 2022, em coautoria com Natalia Romero Franco, revelou que a prevalência de incontinência urinária entre mulheres atletas era superior a 50%. Este valor foi surpreendente, mesmo para os pesquisadores. Isso significa que metade das atletas de elite perde ou têm fugas de urina ao fazer os esforços que sua disciplina exige.

Especificamente, a pesquisa constatou que 51,7% dos atletas participantes apresentavam incontinência urinária, sendo a de estresse a forma mais frequente. Mesmo entre aquelas que não tiveram diagnóstico de incontinência, houve registro de perda ocasional de urina em 24,6%.

Existem vários fatores que podem influenciar a ocorrência de disfunção do assoalho pélvico em atletas do sexo feminino. Natália refere na entrevista que existem algumas práticas que são realizadas rotineiramente sem os devidos cuidados, principalmente nos treinos. Ela também relata que há um grande desconhecimento sobre a prevenção que poderia ser realizada durante o exercício físico, para evitar o alcance de disfunções.

Continuar praticando esporte

Natalia Romero, como atleta de elite, lembra na entrevista que o esporte não é ruim. Isso não significa que o treinamento esteja associado a distúrbios do assoalho pélvico e é por isso que você deve parar de fazê-lo. Pelo contrário, sabemos que a prática de atividade física traz múltiplos benefícios.

O que o Projeto Atitude busca é dar visibilidade a esse problema e aprimorar as práticas de formação. Tanto atletas amadores quanto profissionais podem implementar bons hábitos em suas rotinas para prevenir, por exemplo, a incontinência urinária.

A recomendação final de Natália é não ficar na dúvida e consultar os profissionais de saúde. Se houver perda de urina durante o exercício, muita dor ao fazer sexo ou sintomas de prolapso, a vergonha não deve vencer. Pelo contrário, uma consulta a tempo e a implementação de medidas simples farão a diferença.

Agradecemos a gentileza de Natalia em nos conceder a entrevista e convidamos você a assisti-la em nosso canal no YouTube.

Imagem principal do Twitter de Natalia Romero Franco.

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