Logo image
Logo image

Ansiedade noturna: sintomas, causas e medidas terapêuticas

5 minutos
A alta ativação física e emocional que experimentamos com a ansiedade faz com que seja difícil descansar à noite. Além disso, não apenas é muito comum sofrer de insônia, mas muitas pessoas também têm ataques de ansiedade no meio da madrugada.
Ansiedade noturna: sintomas, causas e medidas terapêuticas
Última atualização: 17 fevereiro, 2021

Problemas para adormecer, uma mente que não para de “fabricar” preocupações, sudorese, aumento dos batimentos cardíacos, sensação de asfixia… A ansiedade noturna é mais comum do que pensamos, tanto que pode estar por trás da insônia recorrente que prejudica a nossa qualidade de vida.

É importante saber que uma parte significativa dos distúrbios do sono está diretamente relacionada aos estados de ansiedade. É comum que, quando a noite chega e queremos descansar, consigamos exatamente o contrário.

Condições como o transtorno de ansiedade generalizada ou mesmo o estresse pós-traumático são gatilhos claros para um sono noturno ruim. Além disso, algo que costuma acontecer é o seguinte: o nervosismo e a angústia aumentam com o cair da noite.

Boa parte da excitação fisiológica e emocional acumulada durante o dia é internalizada até resultar em um estado de hiperatividade noturna. Assim, é muito comum, por exemplo, as pessoas sofrerem um ataque de ansiedade nas primeiras horas da manhã.

Some figure

Ansiedade noturna: a manifestação oculta de um problema

Definimos ansiedade noturna como o estado de hiperexcitação e resposta de alerta que irrompe no meio do descanso noturno. Além disso, há algo evidente: essa alteração aparece com frequência em pessoas que sofrem por meses com sentimentos de preocupação, inquietação e angústia.

Por outro lado, ver nossos ciclos de sono alterados nessas situações é comum, bem como ir para a cama à noite e nos perdermos no labirinto dos pensamentos, retroalimentando o ciclo de ansiedade.

Não nos surpreenderá saber, portanto, que boa parte das pessoas que sofrem de insônia costuma apresentar uma ansiedade acentuada que raramente é tratadaEstudos como os realizados pelo Dr. Luc Staner, do Rouffach Hospital (Maryland, Estados Unidos), por exemplo, indicam que a prevalência de ansiedade entre aqueles que sofrem de distúrbios do sono estaria entre 24% e 36%.

O número é alto o suficiente para considerar a seriedade dessa relação. Não podemos esquecer que a privação de sono crônica pode ser a origem de diversas doenças.

Quais são os sintomas da ansiedade noturna?

Uma das principais características de quem sofre de ansiedade noturna é a hiperexcitação. A mente não apenas parece mais disposta a se preocupar, mas o corpo, embora exausto, acumula tensão, como se estivéssemos preparados para escapar ou iniciar uma corrida.

Além disso, os seguintes sinais são identificáveis:

  • É comum sentir taquicardia, pressão no peito e uma sensação de sufocamento.
  • Dores de cabeça ou alfinetadas nas têmporas também são comuns.
  • A pessoa pode levar horas para adormecer e, quando o faz, desperta com frequência.
  • A ansiedade noturna é acompanhada pela sensação de não ter descansado. Isso se explica pela dificuldade de alcançar o sono REM (movimento rápido dos olhos), essencial para mergulhar em sono profundo e poder realizar tarefas como o processamento de informações, aprendizado e consolidação da memória.
  • A falta de sono REM intensifica ainda mais o sofrimento emocional, aumentando a ansiedade.
  • Quando o transtorno atinge níveis elevados, a pessoa pode sofrer um ataque de ansiedade.

Você também pode se interessar: Qual é a relação entre o ciclo menstrual e o sono?

O que a causa?

Mariano Chóliz, professor da Universidade de Valencia, tem um interessante trabalho de pesquisa sobre ansiedade e distúrbios do sono. Nele, ele fala sobre a chamada hipótese de Monroe (Monroe, 1967). De acordo com essa abordagem, a origem da ansiedade noturna estaria nos seguintes aspectos:

  • As pessoas que sofrem desta condição são caracterizadas por um maior grau de ativação fisiológica (excitação segundo o termo técnico usado em fisiologia neuronal): apresentam uma maior frequência respiratória, uma temperatura corporal mais elevada, bem como uma tensão muscular mais intensa.
  • A essa sintomatologia somam-se fatores cognitivos (pensamentos negativos e preocupações) e emoções (angústia, medo): tudo isso orquestra aquela triangulação sintomática que intensifica a ansiedade à noite.
Some figure

Como podemos tratar a ansiedade noturna?

A ansiedade e a insônia associada a ela são apenas sintomas de um problema latente. Nesse caso, não servirá de nada recorrer a infusões relaxantes ou mesmo a soníferos se não enfrentarmos a origem da doença.

Medicamentos hipnóticos (pílulas para dormir) nos permitem adormecer, mas não são a solução. Qual é a estratégia mais eficaz nessas situações? A terapia psicológica, seja para enfrentar o desencadeador desta situação, seja para nos oferecer competências para melhorar a qualidade de vida.

Vamos ver, portanto, quais chaves devem ser mantidas em mente para reduzir a ansiedade noturna:

  • Conheça o ambiente, os hábitos de vida e as situações que podem estar mediando essa situação.
  • Faça um diagnóstico adequado: devemos saber de que tipo de ansiedade o paciente sofre.
  • A terapia cognitivo-comportamental é a mais bem-sucedida nesses casos.
  • Siga sempre os mesmos horários na rotina (hora de levantar e deitar).
  • Os exercícios de relaxamento e respiração profunda também são indicados.
  • É aconselhável restringir o uso de telefones celulares e computadores duas horas antes de ir para a cama.
  • Evite consumir alimentos com açúcar antes de ir para a cama, pois eles podem aumentar a ativação do cérebro devido à glicose.

Saiba mais: Transtorno de insônia: causas e tratamento

Não deixe a situação progredir

Por fim, um último aspecto deve ser destacado. Não é conveniente deixar essas situações evoluírem. A ansiedade noturna que não é administrada e a insônia não tratada provocam alterações no organismo.

A saúde é prejudicada e a qualidade de vida é afetada. Recomendamos que você procure um especialista o mais rápido possível e melhore a sua rotina para regularizar o sono.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Coren, S. (1988): Prediction of insomnia from arousability predisposition scores: scale development and cross-validation.
    Behaviour Research and Therapy, 26, 415-420.
  • Coyle, K. y Watts, F.N. (1991): The factorial structure of sleep dissatisfaction. Behaviour Research and Therapy, 29, 513-520.
  • Chóliz, M. (1994): Cómo vencer el insomnio. Madrid: Pirámide.
  • Chóliz, M. (1999). Ansiedad y trastornos del sueño. En E.G. Fernández-Abascal
    y F. Palmero (Eds.): Emociones y Salud (pp. 159-182). Barcelona: Ariel.
  • Cox, R. C., & Olatunji, B. O. (2020, June 1). Sleep in the anxiety-related disorders: A meta-analysis of subjective and objective research. Sleep Medicine Reviews. W.B. Saunders Ltd. https://doi.org/10.1016/j.smrv.2020.101282
  • Haynes, S.N.; Adams, A.E. y Franzen, M. (1981): The effects of pre-sleep stress on sleep-onset insomnia. Journal of Abnormal Osychology, 90, 601-606.
  • Panameño, Andrea Cortes, et al. “Dormir o no dormir… no es un dilema: La falta de sueño es causa de la obesidad y diabetes.” Contactos, Revista de Educación en Ciencias e Ingeniería 112 (2019): 40-48.
  • Antón, Alejandra. “Tratamiento cognitivo-conductual en un niño con ansiedad a la hora de dormir.” Revista de Psicología Clínica con Niños y Adolescentes 1.1 (2014): 37-43.
  • González, MA Álvarez-Mon, and F. Ortuño. “Tratamiento del insomnio.” Medicine-Programa de Formación Médica Continuada Acreditado 12.23 (2016): 1359-1368.
  • Medina-Chávez, Juan Humberto, et al. “Guía de práctica clínica Diagnóstico y tratamiento del insomnio en el adulto mayor.” Revista Médica del Instituto Mexicano del Seguro Social 52.1 (2014): 108-119.
  • Mellman, T. A. (2008, June). Sleep and Anxiety Disorders. Sleep Medicine Clinics. https://doi.org/10.1016/j.jsmc.2008.01.010
  • Taylor, D. J., Lichstein, K. L., Durrence, H. H., Reidel, B. W., & Bush, A. J. (2005). Epidemiology of insomnia, depression, and anxiety. Sleep28(11), 1457–1464. https://doi.org/10.1093/sleep/28.11.1457
  • Yakupov, E. Z., & Troshina, Y. V. (2016). Anxiety, insomnia, depression — In conjunction with or opposite to functional disorders. Zhurnal Nevrologii i Psihiatrii Imeni S.S. Korsakova. Media Sphera. https://doi.org/10.17116/jnevro201611651119-12

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.