Ventilação mecânica no paciente com queimadura por inalação

A abordagem terapêutica dos pacientes com queimadura por inalação se baseia na manutenção da permeabilidade das vias aéreas por meio da intubação e da ventilação mecânica nos casos graves.
Ventilação mecânica no paciente com queimadura por inalação
Alejandro Duarte

Revisado e aprovado por o biotecnólogo Alejandro Duarte.

Escrito por Equipe Editorial

Última atualização: 15 dezembro, 2022

A ventilação mecânica é uma opção de tratamento para aqueles pacientes que sofreram uma queimadura por inalação.

A lesão por inalação de fumaça ocorre, geralmente, no contexto de um quadro multissistêmico com queimaduras, intoxicação por monóxido de carbono e toxicidade por cianeto. Em resumo, é resultado da inalação de gases em alta temperatura e produtos de combustão incompleta, geralmente durante um incêndio.

2% dos pacientes com queimaduras têm lesões por inalação, sendo mais frequentes quanto maior tiver sido a superfície corporal queimada. Além disso, nos pacientes queimados, a lesão por inalação é um determinante fundamental do aumento de morbidez e mortalidade, sendo responsável pela metade das mortes dos pacientes queimados.

Ventilação mecânica na lesão respiratória

Pessoa intubada

A lesão provocada pelo calor e pelos gases tóxicos causa edema da via aérea superior com clínica de obstrução. Esses sintomas são maiores quanto menor for o paciente e aparecem, em geral, nas primeiras 12-18 horas, embora o início dos sintomas possa demorar até 72 horas para se manifestar.

A lesão respiratória constitui a principal causa de morte imediata. É possível distinguir vários tipos de lesões:

  • Lesão térmica: a lesão pelo calor costuma se limitar à orofaringe devido ao fechamento reflexo da glote e ao alto poder de dissipação térmica desses tecidos.
  • Lesão por inalação de produtos da composição: os gases hidrossolúveis reagem com a água das mucosas liberando ácidos fortes e alcalose, produzindo edema e broncoespasmo. Os gases pouco solúveis produzem lesões nas regiões mais distais. O principal produto tóxico da combustão é o monóxido de carbono. Outro gás tóxico de relevância clínica é o cianeto de hidrogênio.
  • Lesão pulmonar de origem endógena: os pacientes com queimaduras extensas podem desenvolver insuficiência respiratória progressiva após a fase inicial, mesmo que não apresentem lesão direta da via aérea por inalação.

Diagnóstico

O diagnóstico da lesão por inalação é, sobretudo, clínico. É preciso suspeitar quando o paciente é encontrado inconsciente em um espaço fechado no qual ocorreu um incêndio ou vazamento de gás quente.

Na exploração física dos sinais de suspeita, temos: pelos do nariz queimados, muco escuro, queimadura no rosto e nos orifícios nasais, tosse, rouquidão e respiração sibilante.

É importante explorar a orofaringe para analisar a alteração da mucosa. Os métodos diagnósticos complementares ajudam a analisar as lesões pulmonar e sistêmica. No entanto, nenhum deles é suficientemente específico, nem permite estabelecer um diagnóstico.

Tratamento

Intubação em sequência rápida

A maioria das manifestações da lesão pulmonar aparecem depois de várias horas de latência. Por essa razão, é muito importante que diante de qualquer anomalia se proceda à ventilação mecânica.

No entanto, não existe nenhum tratamento específico para o paciente que sofreu queimadura por inalação. A abordagem terapêutica se baseia na manutenção da permeabilidade das vias aéreas por meio da intubação e da ventilação mecânica nos casos graves, além da limpeza pulmonar e da administração de antibióticos se houver infecção.

Intubação e ventilação mecânica

A intubação é necessária em até 50% dos pacientes com lesões por inalação. Os casos graves requerem, como já vimos, intubação precoce com um tubo de calibre grande para:

  • Manter a permeabilidade das vias aéreas.
  • Também, evitar a aspiração.
  • Por outro lado, permitir a eliminação de secreções e tampões de muco.
  • Finalmente, ajudar a ventilação.

Nos casos em que a intubação demorar e o paciente apresentar edema grave das vias aéreas, pode ser que a intubação seja impossível depois ou pode ser necessária uma traqueotomia.

Sem dúvida alguma, a ventilação mecânica deve ser orientada a manter a oxigenação e a ventilação evitando a lesão induzida por ventilação, utilizando, de acordo com o grau da lesão pulmonar, ventilação convencional com hipercapnia permissiva, inalação de óxido nítrico, ventilação de alta frequência e oxigenação por membrana extracorpórea.

Outros tratamentos

A administração profilática de corticoides e antibióticos não demonstrou qualquer utilidade. Além disso, em alguns estudos, o tratamento com corticoides foi associado a um aumento da infecção pulmonar e da mortalidade. Por outro lado, a presença de lesão por inalação aumenta as necessidades de expansão com líquidos no paciente crítico.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Gutiérrez Muñoz, F. (2011). Ventilación mecánica. Acta Médica Peruana.
  • González-Cavero, J., Arévalo, J. M., & Lorente, J. A. (1999). Tratamiento prehospitalario del paciente quemado crítico Revisión. emergencias.
  • Cachafeiro Fuciños, L., Sánchez Sánchez, M., & García de Lorenzo y Mateos, A. (2019). Ventilación mecánica en el paciente quemado crítico con inhalación: ¿podemos evitarla? Medicina Intensiva. https://doi.org/10.1016/j.medin.2019.02.008

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.