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O transtorno alimentar seletivo

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Falamos de um transtorno alimentar seletivo quando uma pessoa compõe sua dieta com não mais do que dez alimentos. Saiba quais são as suas consequências neste artigo.
O transtorno alimentar seletivo
Leonardo Biolatto

Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto

Escrito por Leonardo Biolatto
Última atualização: 27 maio, 2022

O transtorno alimentar seletivo é um distúrbio da saúde mental. Uma pessoa o desenvolve quando não há variedade de alimentos em sua dieta regular. Há, também, uma rejeição à incorporação de novos alimentos.

Para que seja diagnosticado como transtorno, a pessoa deve ter ingerido menos de dez alimentos diferentes no total considerando toda a sua dieta por pelo menos dois anos.

Se esses critérios forem atendidos, falaremos nesta patologia. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais a inclui como uma doença com seu nome em inglês: Avoidant/Restrictive Food Intake Disorder (ARFIV).

O transtorno alimentar seletivo e sua relação com outras síndromes

O transtorno alimentar seletivo pode ser a porta de entrada para outros distúrbios alimentares, tais como:

  • Anorexia: perda de peso causada pelo paciente, mesmo que possua baixo peso corporal. É gerada por um medo excessivo de ganho de peso.
  • Bulimia: é a sucessão de comportamentos impulsivos chamados de compulsão alimentar, consistindo em um consumo exagerado de alimentos em pouco tempo, para depois expulsá-los através de mecanismos não naturais, como o vômito provocado.
  • Ortorexia: é a obsessão de consumir apenas alimentos considerados saudáveis ​​pelo paciente, em um nível irracional, preocupando-se o tempo todo com o cardápio.
  • Vigorexia: é a obsessão patológica de manter um corpo musculoso. Para conseguir isso, as pessoas que sofrem desta doença praticam exercício em excesso e alteram a sua dieta ao extremo.

Quem é afetado pelo transtorno alimentar seletivo?

Embora o distúrbio possa aparecer em qualquer idade da vida e afetar qualquer ser humano, possui populações mais suscetíveis. Os dois grupos mais afetados são as crianças e os atletas. Vamos dar uma olhada em cada um deles.

As crianças e o transtorno alimentar seletivo

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O transtorno alimentar seletivo é comum durante a infância. Tem uma prevalência de cerca de 15% em crianças menores de 6 anos.

Os pais sabem que promover bons hábitos alimentares nos filhos não é algo fácil. Nas crianças, ocorre uma situação chamada neofobia alimentar: o medo de experimentar novos alimentos.

Tudo isso se combina: a seleção específica de alimentos, a neofobia e a perda de apetite. Geralmente isso é observado entre as idades de dois e seis anos. E é normal que seja assim: faz parte do processo de crescimento e desenvolvimento.

Os adultos devem entender que esse processo é esperado na idade pré-escolar. De qualquer forma, quando se torna extremo, podemos falar no transtorno alimentar seletivo. A prevalência desta síndrome entre crianças menores de seis anos é estimada em cerca de 15%.

É mais comum entre as meninas do que entre os meninos. Para cada menino que sofre com o distúrbio, há cerca de quatro meninas com a síndrome.

O problema a longo prazo é que a situação pode persistir na idade adulta. Os pais se tornam persistentes com a incorporação de maneira contraproducente. As crianças entram em um círculo de ansiedade, que estimula ainda mais a patologia.

A presença do transtorno alimentar seletivo na infância tem sido associada a certas características da personalidade que persistiriam na idade adulta:

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Transtorno alimentar seletivo em atletas

Quando os que praticam esportes se profissionalizam ou os praticam com cada vez mais frequência, correm o risco de ficar obcecados. Essa obsessão pode se tornar evidente na elaboração da dieta.

Se o atleta quiser apenas aumentar seu volume muscular ou maximizar o desempenho a qualquer custo, ele alterará a dieta. Em alguns casos a dieta é alterada conscientemente, quando diante da preparação para uma competição, por exemplo. Outras vezes, há a supervisão de um profissional de nutrição, mas nem sempre.

Dietas à base de proteínas são comuns entre atletas.  A falta de variedade força o corpo a trabalhar metabolicamente de maneiras atípicas. Isso é prejudicial a longo prazo, podendo gerar patologias de ordem metabólica que se tornarão evidentes ao longo dos anos.

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A dieta dos atletas corre o risco de se tornar muito seletiva. Isso tem consequências para a saúde a médio e longo prazo.

As consequências

A falta de nutrientes é algo grave para o organismo humano. Os macronutrientes e micronutrientes são fundamentais para que as células e tecidos corporais trabalhem, se desenvolvam, cresçam e reparem.

Deficiências mínimas podem afetar o processo de cicatrização, por exemplo. Nas crianças em crescimento não haverá necessariamente um baixo peso, mas pode haver uma baixa estatura associada ao déficit.

O sistema nervoso das crianças é particularmente sensível à síndrome. Pode haver uma diferença substancial no QI entre crianças com a síndrome e aquelas que não a sofrem. Obviamente, o desempenho escolar é afetado.

Tampouco é menor a interferência social que o distúrbio gera. Pessoas com transtorno alimentar seletivo evitam participar de eventos sociais onde há comida, por exemplo. Elas sabem que ficarão expostas nessas situações. Por esse motivo, cada vez mais se retraem e permanecem mais tempo na solidão, dificultando as possibilidades de ajuda externa.

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Tratamento

Quando a síndrome se desenvolve, a boa intenção das pessoas mais próximas não é suficiente para reverter a situação. Possivelmente, elas falharão se não houver aconselhamento adequado.

Este é um distúrbio de saúde mental e, como tal, requer profissionais dessa área. Muitas vezes, trata-se de uma combinação de distúrbios. A consulta com psicólogos ou psiquiatras é essencial para diagnosticar e tratar o quadro.


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