Tipos de tabaco sem fumaça e o impacto deles na saúde
Revisado e aprovado por a enfermeira Leidy Mora Molina
Atualmente é possível encontrar uma grande variedade de produtos de tabaco sem fumaça no mercado. Os mais comuns são para mascar ou aspirar, na forma de rapé. Influenciados em parte pela cultura esportiva, especialmente o beisebol, eles se tornaram bastante populares.
A este respeito cabe questionar se esses produtos contêm as mesmas substâncias que os cigarros ou se eles são menos nocivos. Por sua vez, é importante destacar que muitas vezes eles são anunciados como uma alternativa ao tabagismo que não é tão prejudicial à saúde, pois não provoca câncer de pulmão.
De qualquer forma, cabe considerar que eles também contêm nicotina e diversos compostos cancerígenos, além de substâncias que provocam mau hálito, cáries, entre outros problemas. O que você precisa saber sobre o assunto? Detalharemos a seguir.
Diferentes maneiras de usar tabaco sem fumaça
De forma geral o tabaco sem fumaça vem ganhando popularidade, pois vem sendo oferecido como uma alternativa à nicotina, podendo ser utilizado até mesmo em locais onde o fumo é proibido. Atualmente eles são comercializados e consumidos em diversas variações, embora elas não sejam tão recentes como alguns acreditam.
O rapé é conhecido na Europa desde o século XVI, e o tabaco mastigável é ainda mais antigo; foi usado pelos aborígenes americanos antes da chegada de Colombo.
Tabaco para mascar
O tabaco para mascar tem uma grande variedade de apresentações. As mais populares são as seguintes:
- Fumo de corda ou prensado.
- Embalagens de folhas secas (como saquinhos de chá).
- Pasta.
- Creme.
- Chiclete.
- Doces saborizados.
De qualquer forma, geralmente essas variações são consumidas colocando uma porção dentro da boca, na bochecha, na parte interna do lábio inferior ou na gengiva. O produto pode ser mantido na boca indefinidamente, sendo mastigado ou chupado, e uma parte é cuspida. A nicotina misturada com a saliva é parcialmente absorvida e parcialmente ingerida.
Mascar tabaco se tornou uma moda bastante popular, mesmo entre os jovens. De acordo com dados fornecidos pela Food and Drug Administration (FDA), menores de idade estão consumindo o produto com cada vez com mais frequência.
Por um lado, os jovens gostam destes produtos, uma vez que eles são aromatizados e saborizados. Essas características atraem novos consumidores, de acordo com um relatório da organização Truth Initiative.
Por outro lado, existe uma influência pelo fato de mascar tabaco estar associado à prática de esportes profissionais, especificamente o beisebol. Sobre isso, a Organização da Liga Principal de Beisebol impôs restrições aos jogadores e equipes, que não podem fornecer esses produtos aos seus membros. Os jogadores de beisebol também não podem tê-lo em seus uniformes ou aparecer mascando tabaco na televisão.
Tabaco rapé
Este tabaco sem fumaça é um pó que vem em latinhas ou sachês. O usuário pode colocá-lo na boca, mas geralmente ele é inalado. Nesse caso, a pessoa pega uma pequena quantidade com o polegar e o indicador, coloca na frente da narina e aspira.
Embora sejam semelhantes na forma de uso, existe uma diferença entre o chamado rapé e o conhecido como snus. O primeiro é composto por fios finos; enquanto o segundo é um pó moído, bastante fino e seco. No entanto, ambos são consumidos da mesma maneira.
Outras formas de tabaco sem fumaça
Atualmente as empresas comercializam outras formas de tabaco sem fumaça. Eles podem ter várias apresentações, como as seguintes:
- Pastilhas.
- Doces.
- Bolas.
- Tiras, como goma de mascar.
- Varas, como um palito de dente.
As marcas costumam adicionar aromatizantes e adoçantes, de modo que o tabaco parece um doce; e de fato ele é consumido como se fosse, já que os doces são solúveis. Nesse sentido, eles são colocados na boca e mantidos até que se dissolvam, ou sejam mastigados ou chupados para que a nicotina seja liberada.
Eles são um pouco semelhantes às pastilhas de nicotina usadas para ajudar as pessoas a parar de fumar, mas que servem ao propósito oposto. De fato, esta e outras formas de tabaco sem fumaça podem conter níveis de nicotina tão ou mais altos que um cigarro, conforme mostram os estudos.
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Ingredientes do tabaco sem fumaça
Como alguns sabem, a nicotina é um estimulante, um alcaloide. Uma vez absorvido pela corrente sanguínea, ele atinge as glândulas suprarrenais, onde desencadeia uma resposta de liberação de adrenalina.
Os produtos de tabaco sem fumaça contêm ainda mais nicotina que os vapers. Em média, existem entre 10 e 12 miligramas em um cigarro, embora essa quantidade possa variar de uma marca para outra, e também dependendo do comprimento, tipo de fumo utilizado, mistura, filtro, entre outros fatores.
Uma latinha inteira de tabaco de mascar, de 35 a 50 gramas, equivale a 12 ou 14 cigarros, ou seja, 140 miligramas de nicotina. Por outro lado, essa substância também é encontrada no rapé e no tabaco solúvel, em proporções variáveis; de 4 mg em pastilhas e até 17 mg em alguns pós de rapé seco.
Como se não bastasse, alguns estudos indicam que os produtos de tabaco sem fumaça contêm cerca de 28 compostos potencialmente cancerígenos para seres humanos. Eles incluem os seguintes:
- Hidrocarbonetos aromáticos polinucleares ou policíclicos.
- Polônio-210 (elemento radioativo).
- Nitrosaminas.
- Aldeídos.
- Arsênico.
- Chumbo.
- Mercúrio.
Efeitos do tabaco sem fumaça na saúde
A nicotina presente no tabaco de mascar é absorvida através dos tecidos da cavidade oral, nos plexos linguais. Em seguida, ela passa para a corrente sanguínea e, de lá, para os rins, cérebro e outros órgãos. E mesmo que não haja fumaça nos pulmões, isso não significa que esses produtos sejam inofensivos. São diversos os problemas de saúde que eles podem provocar.
Vício
Ao mascar tabaco, a absorção da nicotina é mais lenta do que ao fumar. Desta forma, os níveis máximos dessa substância são atingidos no sangue meia hora após a ingestão. No entanto, a quantidade de nicotina pode ser igual, e a possibilidade de desenvolver dependência será a mesma, independente da forma de consumo.
Por outro lado, algumas pesquisas descobriram que o uso de snus aumenta significativamente as chances de desenvolver dependência. E quanto mais jovem se inicia esse consumo, maior é a associação entre as duas variáveis.
Risco de intoxicação
A aparência, o aroma e o sabor de doce tornam alguns produtos de tabaco sem fumaça atraentes para as crianças. Mas a ingestão nessas idades pode provocar os seguintes efeitos colaterais:
- Tontura.
- Náusea e vômito.
- Convulsões.
- Dificuldade para respirar.
De acordo com um estudo compartilhado na Tobacco Regulatory Science, em 15 anos (2001-2016) houveram mais de 120.000 casos de intoxicação por nicotina.
Câncer
Estudos mostram que os produtos de tabaco sem fumaça tendem a possuir altos níveis de substâncias cancerígenas. Esses elementos entram em contato direto com a mucosa da boca, portanto têm sido associados a um risco aumentado de desenvolvimento de câncer de boca, garganta, esôfago e pâncreas.
Além disso, descobriu-se que o risco de câncer em usuários de tabaco sem fumaça é muito maior do que em não fumantes, embora seja, por sua vez, menor do que em fumantes. Esses resultados são apoiados por estudos laboratoriais e clínicos em animais.
Problemas cardíacos
As pesquisas sobre o assunto sugerem que o consumo desses produtos pode acelerar a frequência cardíaca e elevar a pressão arterial. A longo prazo isso aumenta as chances de desenvolver doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais.
Riscos para gravidez
Mastigar tabaco durante a gravidez pode acarretar os mesmos riscos que fumar em relação à saúde fetal. Em outras palavras, aumenta o risco de morte intrauterina, parto prematuro, problemas cardíacos e baixo peso da criança ao nascer.
Saúde bucal
Cáries, mau hálito, manchas nos dentes, doenças gengivais, leucoplasia, entre outros problemas, podem ser potencializados pelo contato direto e repetido com o tabaco sem fumaça. Sem falar que alguns desses produtos também contêm açúcar.
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Como reduzir o consumo de tabaco sem fumaça
Se você é usuário regular de tabaco de mascar e está pensando em parar de usar, consulte o seu médico para receber orientações sobre o que você pode fazer em relação à síndrome de abstinência nos primeiros momentos. Também é conveniente aplicar o seguinte:
- Terapia de apoio, com profissionais comportamentais.
- Grupos de apoio (também conhecidos como grupos de doze passos).
- Substituição da nicotina por chicletes, pastilhas ou adesivos para ajudá-lo a controlar os sintomas de abstinência.
- Medicamentos, como bupropiona e vareniclina (que só podem ser consumidos com prescrição médica e receita).
- Apoio da família e amigos.
Mascar tabaco, como outros vícios, é algo que pode ser superado, se você se dedicar a esse objetivo. Isso é o melhor para a sua saúde.
Nem fumo nem tabaco sem fumaça
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, fumar mata mais de 8 milhões de pessoas por ano. Embora uma grande luta contra o tabagismo tenha sido empreendida, não foram feitas grandes campanhas para o tabaco sem fumaça. Não existem leis que restrinjam o uso em locais públicos.
Pode-se pensar que mascar tabaco é menos prejudicial do que fumar, uma vez que não gera fumaça e não produz o mesmo risco de câncer de pulmão. No entanto, descobriu-se que esse hábito é a causa de sérios problemas de saúde.
E embora a ideia de que o tabaco sem fumaça pode ser uma terapia de substituição para a nicotina tenha se espalhado, esta é uma ideia sem fundamento. O remédio pode ser pior que a doença. A única maneira de evitar os problemas de saúde provocados pelo fumo é parar completamente de fumar.
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