A "síndrome da criança rica": um problema causado pelos pais

A "síndrome da criança rica" não se refere à riqueza dos pais, e sim a uma educação inadequada baseada na superproteção e em poucas ou nenhuma ferramenta para que a criança se desenvolva da melhor forma.
A "síndrome da criança rica": um problema causado pelos pais

Última atualização: 14 julho, 2021

A síndrome da criança rica, também conhecida como affluenza ou “ricopatia”, não se refere aos filhos de pessoas ricas. Está relacionada ao fato de dar às crianças tudo o que elas pedem, sem que lhes custe um mínimo de esforço. Essa situação, em geral, ocorre em famílias de alta renda.

No entanto, é um padrão que também pode ocorrer em famílias de classe média, nas quais os pais tentam (inconscientemente, muitas vezes) substituir a ausência física e emocional por bens materiais.

A questão é que as crianças não exigem realmente bens materiais, e sim o reforço do vínculo e de suas necessidades emocionais. Portanto, você tem que mostrar que elas são amadas e compartilhar momentos de atividades e jogos com elas.

Além disso, presentear uma criança em excesso e concordar com todos os seus pedidos não é uma das melhores maneiras de educar. O que acontecerá quando essas crianças tiverem que se desenvolver por si mesmas na sociedade?

Qual é a origem do termo síndrome da criança rica?

Embora essa síndrome não seja reconhecida como um diagnóstico clínico pelas associações de psiquiatria no mundo, seu uso vem se estendendo desde os anos 1990. Affluenza foi o primeiro termo usado para se referir a ela, com base no livro The Golden Ghetto: The Psychology of Affluence.

Jessie H. O’Neill explica como as crianças mimadas de famílias abastadas mostram um comportamento irresponsável e e com falta de empatia. Isso ocorre como consequência direta da superproteção e da tentativa de suprir a falta de tempo com presentes e dinheiro.

Como saber se estamos promovendo a síndrome da criança rica ​​em nossos filhos?

Você não precisa ter muito dinheiro para sofrer dessa síndrome. Na verdade, casos de “ricopatia” em crianças e adolescentes de classe média estão se tornando cada vez mais frequentes.

Segundo estudo publicado no American Journal of Sociology, atualmente os pais não dedicam tempo suficiente à criação dos filhos, por causa de suas responsabilidades ou pelo esforço de se posicionar economicamente.

Isso muitas vezes faz com que eles acabam oferecendo presentes materiais para preencher esse vazio, o que tem suas consequências.

Primeiros sinais

Um dos primeiros sinais da síndrome da criança rica, de acordo com várias pesquisas, ​​é observado quando a criança expressa o tédio com relativa frequência. Isso acontece apesar de ter um quarto cheio de brinquedos e todos os tipos de dispositivos tecnológicos da moda.

Assim, quando oferecemos algo material para que a criança se acalme ou evite acessos de raiva, estamos encorajando esse comportamento. O mesmo acontece se recompensarmos a criança a todo momento por qualquer favor que ela faça ou por se comportar bem.

Outra maneira de promover essa síndrome é comprando presentes caros, mesmo que não seja uma ocasião especial, ou adiando as despesas da família para satisfazer algum capricho da criança. Essas atitudes por parte dos pais dão origem à síndrome da criança rica, colocando em risco sua saúde emocional e física.

Consequências para a saúde física e emocional

Além dos sinais já citados, as mesmas pesquisas também falam de outra série de “sintomas” ou características que os pequenos com síndrome da criança rica costumam apresentar:

  • Baixa autoestima e perda da motivação.
  • Incapacidade de tolerar frustrações, porque acreditam que merecem tudo.
  • Elas não enfrentam seus próprios problemas, pois acham que o papai e a mamãe sempre vão resolvê-los.
  • Sua inconsciência as leva à irresponsabilidade e indisciplina.
  • Manifestam altos níveis de estresse e ansiedade diante de um desempenho escolar ruim.
  • Têm dificuldades para manter o relacionamento com seus colegas de classe em harmonia.
  • Tornam-se inquietas e irritáveis ​​em questões sem importância e acabam sendo muito infelizes.
  • Geralmente, acabam se envolvendo em comportamentos prejudiciais, como o uso de álcool ou drogas.

Podemos evitar?

É fundamental explicar à criança o esforço feito pelos pais destinado a manter um estilo de vida mais confortável. E também que, para obter as coisas, é preciso trabalhar, e muito às vezes. Da mesma forma, você deve ensinar à criança que, para ela receber um agrado, ela precisa merecer.

Em seu livro Su hijo, una persona competente: hacia los nuevos valores básicos de la familia (Seu filho, uma pessoa competente: em direção a novos valores familiares básicos, em tradução livre), o terapeuta familiar Jesper Juul afirma que as crianças deve entender que elas têm responsabilidades que devem ser cumpridas dentro de casa, sem a necessidade de serem recompensadas ​​por isso.

Ela deve ser ensinada a arrumar a mesa, tirar o lixo e ajudar a arrumar e limpar o quarto. Essas atividades reforçarão seus valores.

Você tem que envolver a criança com a vida real. Ela deve aprender a valorizar o que tem e cultivar o respeito pelos outros. Como pais, não devemos superproteger nossos filhos. Pelo contrário, devemos oferecer as ferramentas que os ajudem a enfrentar seus próprios problemas.

Ser rigoroso com as crianças também é um ato de amor. Com isso, estaremos formando crianças com um desenvolvimento ético e emocional correto. Você também ama seu filho quando impõe limites a ele, pois a criança precisa se esforçar para conseguir o que deseja.

Por fim, é necessário ter em mente que as frustrações também fazem parte da aprendizagem e saber enfrentá-las é fundamental. Com isso, você incentivará o desenvolvimento das capacidades emocionais e psicológicas que farão do seu filho um adulto mais feliz.


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