Tudo que você precisa saber sobre os sintomas do HIV
Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto
Os sintomas do HIV, ou vírus da imunodeficiência humana, são variados, pois no início esta é uma infecção que se esconde no sistema imunológico humano. Portanto, é difícil detectá-la a tempo, embora tenhamos observado grandes progressos na qualidade dos laboratórios que a registram.
Conhecer os possíveis sinais da doença é a chave para a sua detecção precoce. Com base nisso, é possível estabelecer tratamentos que melhoram muito a qualidade de vida dos pacientes e os ajudam a enfrentar as complicações da patologia.
O que é o vírus HIV?
O vírus HIV pertence a uma família especial de vírus chamada Retrovírus, uma vez que contém uma única cadeia de ácido ribonucleico, ou RNA, dentro deles. Possui um núcleo com essa informação genética e uma capa lipídica com diversos receptores.
São esses receptores que permitem ao vírus entrar nas células humanas, especificamente nos linfócitos CD4 +, que são as células de defesa do organismo responsáveis pela organização do sistema imunológico.
Se esta partícula viral ataca essas células, elas não podem cumprir sua função e o organismo perde a sua capacidade de defesa contra outras infecções.
A estigmatização de pacientes com sintomas de HIV levou a falsos mitos sobre o seu contágio. Pensava-se que a transmissão poderia ocorrer através do ar ou pela água, por mosquitos e outros insetos, ou pelo contato com o suor. Mas a verdade é a seguinte:
- O vírus não sobrevive por muito tempo fora do corpo humano e não pode se reproduzir sem um hospedeiro. Portanto, é impossível que seja transmitido através da água ou pelo ar.
- Certos fluidos corporais, como sangue ou sêmen são os transmissores do HIV, mas é falso que o suor, as lágrimas ou a saliva possam transportá-lo. Dar um abraço, um aperto de mão, compartilhar o banheiro ou dar um beijo social em uma pessoa infectada não é arriscado.
Como o vírus é realmente transmitido?
Os fluidos corporais que devem ser considerados para a transmissão são os seguintes:
- Sêmen e líquido pré-ejaculatório: é importante saber que a única maneira de impedir o contágio é através de medidas profiláticas. Depois do contato, não há forma de evitar a doença. Ou seja, não se pode voltar atrás. Apenas o uso de medidas profiláticas, como o preservativo, é eficaz.
- Secreções vaginais e retais: o muco dessas áreas.
- Sangue: o vírus pode ser contraído por meio de transfusões, mas atualmente sua incidência por essa causa é insignificante, pois os testes de transfusão são rigorosos. Por outro lado, compartilhar seringas, no caso de viciados em drogas intravenosas, representa um problema crescente.
Esses fluidos corporais devem entrar em contato com as membranas mucosas ou tecidos lesados da outra pessoa, ou ser injetados na corrente sanguínea para que a transmissão ocorra. Em outro nível, as mulheres com HIV podem transmitir o vírus a seus bebês durante a gravidez, durante o parto ou através do leite materno.
Isso pode te interessar: Sintomas de uma DST que precisam ser controlados
Sintomas do HIV
Os sintomas do HIV não aparecem até os estágios avançados, nos quais as pessoas infectadas contraem outras infecções oportunistas ou desenvolvem neoplasias. Isso cria uma ampla janela sem oportunidade de detecção precoce, o que piora o prognóstico.
Inicialmente, quando o vírus entra em nossa corrente sanguínea e se replica, ele causa sintomas semelhantes aos de uma gripe, com febre, cansaço e dores nas articulações. No entanto, a maioria das pessoas infectadas confunde os sintomas com os de um resfriado comum.
Este quadro semelhante ao da gripe se autolimita e a pessoa fica bem novamente após algumas semanas ou dias. No entanto, o vírus não desaparece, mas permanece latente nos linfócitos e nódulos linfáticos. Depois de alguns anos, embora isso dependa de cada pessoa infectada, o vírus sai do estado de hibernação e começa a se replicar.
Como a pessoa fica sem defesas, outros vírus, bactérias e fungos aproveitam essa situação para poder infectar. Os mesmos micro-organismos que não causam problemas em uma pessoa saudável levam a infecções graves no HIV. Esses tipos de patologias são chamadas de oportunistas.
Exemplos de patologias oportunistas
- Pneumocystis jiroveci: causa pneumonia grave, afetando ambos os pulmões, sem expectoração ou dor no peito. A pessoa tem febre constante e sensação de asfixia.
- Pneumococo recorrente.
- Tuberculose pulmonar e extrapulmonar: a maioria das pessoas expostas a essa bactéria consegue estancar a infecção e prevenir a sua evolução, mas no caso do HIV as defesas não são suficientes para que isso aconteça.
- Toxoplasmose cerebral: o toxoplasma é um parasita encontrado na carne crua e nas fezes de gato. A maior parte da população já entrou em contato com o parasita, mas a doença nunca se desenvolve. No entanto, em situações de imunossupressão, ela ressurge e se aloja no cérebro.
- Cândida digestiva: um dos sintomas do HIV no sistema digestivo é a gastroenterite causada por fungos raros, como a candidíase.
Em um paciente com HIV, qualquer infecção se espalha pelo corpo e é muito grave, pois não há defesas suficientes para controlá-la. A mortalidade não provém tanto do próprio vírus, mas de infecções oportunistas.
Existem também neoplasias que se desenvolvem de forma característica em pacientes com HIV. São cânceres que não são tão frequentes em outras pessoas e que se multiplicam pela deficiência do sistema imunológico em identificar células anormais. O mais comum é o sarcoma de Kaposi.
Não deixe de ler: 4 recomendações de dieta para pessoas com HIV
O que fazer ao detectar sintomas de HIV?
Atualmente, qualquer pessoa que tenha marcadores positivos para o HIV inicia o tratamento antirretroviral precocemente. A importância de usar esses medicamentos o mais rápido possível é evitar a disseminação e melhorar a expectativa de vida do paciente.
A falta de tratamento antirretroviral causa o descontrole da infecção e enfraquece o sistema imunológico. Além disso, a alta carga viral pode contagiar outras pessoas ao ter relações sexuais desprotegidas, por exemplo.
Se você tiver suspeitas de HIV por apresentar sintomas, deve alertar o seu médico e fazer exames. Não tenha medo de solicitá-los. Muitos países já criaram mecanismos para garantir a confidencialidade dos mesmos e para que não haja preconceitos em relação aos pacientes que chegam às consultas.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Esteban, C. S. (2014). VIH: Infeccion aguda, pesquisa y manejo. Revista Médica Clínica Las Condes, 25(3), 419–424. https://doi.org/10.1016/s0716-8640(14)70058-6
- Cohen, M. S., Chen, Y. Q., McCauley, M., Gamble, T., Hosseinipour, M. C., Kumarasamy, N., Hakim, J. G., Kumwenda, J., Grinsztejn, B., Pilotto, J. H. S., Godbole, S. V., Chariyalertsak, S., Santos, B. R., Mayer, K. H., Hoffman, I. F., Eshleman, S. H., Piwowar-Manning, E., Cottle, L., Zhang, X. C., … Fleming, T. R. (2016). Antiretroviral therapy for the prevention of HIV-1 transmission. New England Journal of Medicine, 375(9), 830–839. https://doi.org/10.1056/NEJMoa1600693
- Transmisión del VIH | Información básica | VIH/SIDA | CDC. (n.d.). Retrieved July 6, 2020, from https://www.cdc.gov/hiv/spanish/basics/transmission.html#anchor_1566553338
- Erazo, Ana María Bastidas, and Gladys Eugenia Canaval Erazo. “Más allá de los síntomas: vivir con VIH es motor de cambio.” Avances en Enfermería (2018): 338-346.
- Bastán, Jesús Enrique Pérez, and Luisa Fernanda Viana Castaño. “Adherencia terapéutica a los antirretrovirales de gran actividad en personas con VIH/SIDA.” Archivos del Hospital Universitario” General Calixto García” 7.2 (2019): 222-233.
- Linares Guerra, Elisa Maritza, et al. “Cambios del peso y de las células T CD4+ en sujetos VIH/sida con antirretrovirales. Angola.” Revista de Ciencias Médicas de Pinar del Río 21.6 (2017): 5-14.
- Briel, Matthias, et al. “Adjunctive corticosteroids for Pneumocystis jiroveci pneumonia in patients with HIV‐infection.” Cochrane database of systematic reviews 3 (2006).
- Nuñez, Fabio Domingo. “El enfoque de derechos en salud y la respuesta al VIH y SIDA en la Argentina.” (2016).
- Martínez Machin, Gerardo, et al. “Aislamiento, identificación y tipificación de levaduras en pacientes VIH positivos con candidiasis oral.” Revista Cubana de Medicina Tropical 49.3 (1997): 174-180.
- Pascual, I. Pintos, E. Muñez Rubio, and A. Ramos Martínez. “Diagnóstico de la infección aguda y crónica por el VIH y de sus estados evolutivos.” Medicine-Programa de Formación Médica Continuada Acreditado 12.56 (2018): 3329-3331.
- del Sida, Sociedad Española Interdisciplinaria. “Documento Informativo sobre la Infección por el VIH.” Madrid: Gesida (2017).
- Berbesi-Fernández, Dedsy, et al. “Situación de VIH en usuarios de drogas inyectables en Colombia.” Infectio 20.2 (2016): 70-76.
- Morales, Humberto Patricio Anangono, Glubis Wiliber Gómez Peláez, and Hugo Antonio Luna Rodríguez. “Transmisión vertical del virus de inmunodeficiencia adquirida (VIH).” RECIAMUC 2.2 (2018): 214-229.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.