Nutrição e hidratação artificiais: benefícios e riscos
Escrito e verificado por a nutricionista Maria Patricia Pinero Corredor
Em condições normais, para obter nutrientes e líquidos, o fazemos por via oral. No entanto, quando um problema médico impede a ingestão normal, opta-se por outras formas de obtê-los. Neste caso, estamos falando da nutrição e da hidratação artificial, que substituem os alimentos como fonte de nutrientes.
Em particular, isso funciona para muitos tipos de pacientes, como aqueles com problemas médicos temporários que perderam fluidos através de vômitos, suor ou diarreia. Também é indicado para pessoas com doenças avançadas com risco de vida. Quais são seus benefícios e riscos? Vamos vamos mais sobre o assunto a seguir.
O que caracteriza a nutrição e a hidratação artificial?
Como explica a Dra. Diana Ramos, quase 60% do nosso corpo é composto por água. Nela, os diferentes nutrientes que têm funções específicas no corpo são dissolvidos e transportados. Por isso, o consumo diário de alimentos e bebidas é fundamental para manter o corpo saudável.
A nutrição e a hidratação artificial são intervenções que fornecem tudo o que o corpo necessita, mas por meios diferentes dos habituais. É um suporte nutricional que não exige que o paciente mastigue ou engula. Em vez disso, são usados sondas ou tubos que vão da boca ao sistema digestivo, ou acessos diretos nas veias.
O portal MedlinePlus explica que esse tipo de nutrição é para pessoas que não obtêm nutrientes ou líquidos suficientes com as refeições regulares. Pode ser que haja desnutrição grave, dificuldades para engolir, problemas de apetite ou má absorção de nutrientes no sistema digestivo.
Tipos de nutrição e hidratação artificial
Os tipos de nutrição e hidratação artificial são divididos em 2 categorias principais: enteral e parenteral. A seguir, detalharemos suas principais características.
Nutrição enteral
A nutrição enteral é uma técnica de suporte nutricional que consiste na administração de nutrientes diretamente no trato gastrointestinal mediante o uso de uma sonda. É indicada nos casos em que a pessoa necessita de suporte nutricional individualizado e não ingere os nutrientes necessários para atender às suas necessidades.
Geralmente, é aplicada nos seguintes casos:
- Prematuros.
- Queimaduras.
- Desnutrição.
- Pacientes que não conseguem engolir.
- Alterações hemodinâmicas como doenças cardíacas.
Dependendo da via de administração da fórmula a ser administrada e dos seus objetivos, podem ser consideradas as seguintes formas de nutrição enteral:
- Sonda nasogástrica: utilizada quando a nutrição enteral é de curta duração. Uma sonda NG ou tubo é inserido pelo nariz e desce pela garganta até o estômago. Caso o estômago não a tolere, pode chegar até o intestino delgado.
- Gastrostomia: usada quando o programa de nutrição deve durar mais de 4 semanas. Nesse caso, um tubo é inserido por procedimento cirúrgico direto no estômago. O mais comum é a gastrostomia endoscópica percutânea ou tubo PEG.
- Jejunostomia: segue o mesmo procedimento da gastrostomia, só que o tubo ou a sonda vai diretamente para o intestino delgado ou jejuno.
Nutrição parenteral
A Associação Espanhola de Pediatria descreve a nutrição parenteral como aquela que fornece nutrientes ou líquidos por meio de um pequeno cateter ou tubo colocado em uma veia do corpo.
O cateter pode ser colocado em uma linha periférica no antebraço ou em uma linha central mais próxima ao coração. 2 tipos podem ser considerados:
- Nutrição parenteral total ou NPT: quando constitui o único suprimento de nutrientes.
- Nutrição parenteral parcial: quando proporciona apenas um complemento à contribuição por via enteral.
Em geral, é indicado para prevenir ou corrigir os efeitos adversos da desnutrição em pacientes que não conseguem obter ingestão oral ou enteral suficiente por um período superior a 5 ou 7 dias.
Não deve ser estabelecido por períodos inferiores a uma semana e deve ser mantido até que uma transição adequada para a alimentação enteral seja alcançada.
O que é fornecido a uma pessoa através da nutrição e da hidratação artificial?
A revista Nutrición Hospitalaria afirma que os nutrientes e líquidos administrados dependem do tipo de procedimento e, sobretudo, das necessidades e condições de cada paciente.
- Sondas de alimentação enteral: podem fornecer água, fluidos, dieta especial ou fórmulas líquidas e alimentos em forma de purê.
- Nutrição parenteral: os nutrientes que são fornecidos devem ser de forma muito simples, pois vão direto para o sangue. Eles devem produzir energia e manter o peso. Fluidos, eletrólitos, aminoácidos como taurina e cisteína, carboidratos como glicose, ácidos graxos, minerais e vitaminas são indicados.
- Fluidos parenterais: trata-se de uma solução de água com sal e açúcar. Outras substâncias, como minerais, podem ser adicionadas.
Quais são os riscos da nutrição e da hidratação artificial?
Os riscos também variam dependendo do procedimento de administração. Ou seja, se for por via enteral ou parenteral.
Sonda nasogástrica
Uma sonda nasogástrica pode causar asfixia e desconforto durante ou após a colocação. Da mesma forma, quando introduzida, pode se perder na traqueia, causando pneumonia.
O tubo pode causar erosões, abrasões e perfuração das passagens nasais, esôfago e estômago, além de sangramento agudo ou crônico. Às vezes, são necessários fixadores para evitar que o tubo saia. Também pode causar sofrimento mental, aumento da agitação e ansiedade.
Sonda de gastrostomia
As sonsas de gastrostomia exigem anestesia durante a colocação e, portanto, os riscos estão associados à anestesia. Pode ocorrer infecção da parede abdominal e peritonite. Pode causar sangramento gastrointestinal, obstrução ou perfuração intestinal. Também existe o risco de diarreia com a fórmula e pneumonia por aspiração.
Nutrição parenteral
Os cateteres usados na nutrição parenteral total podem causar infecção e até sepse. O colapso do pulmão é possível ao inserir o cateter. Além disso, os coágulos podem viajar para o cérebro ou pulmões, colocando a vida do paciente em perigo.
Outras manifestações clínicas são irregularidades nos batimentos cardíacos e distúrbios eletrolíticos, como níveis baixos de potássio e sódio. O açúcar no sangue pode ficar muito baixo.
Líquidos intravenosos
Pode ocorrer uma infecção localizada ou uma infecção de pele que pode se espalhar. A tromboflebite ou coagulação da veia com inchaço e desconforto é outro tipo de complicação que ocorre com alguma frequência. A sobrecarga de fluidos pode causar inchaço nas pernas, braços e corpo. Níveis baixos de sódio ou potássio são comuns.
O que devemos lembrar?
A nutrição e a hidratação artificial são uma abordagem médica com efeitos benéficos para o paciente que precisa dela. No entanto, a decisão referente ao seu uso deve ser baseada na prescrição médica, pois apresenta diversos efeitos colaterais e complicações associadas.
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