5 mentiras sobre o açúcar de acordo com a ciência
Escrito e verificado por a nutricionista Anna Vilarrasa
Há alguns anos, temos testemunhado um verdadeiro debate nutricional sobre o açúcar. Após a guerra contra as gorduras, o açúcar se tornou um dos principais protagonistas da literatura nutricional. Revelaremos algumas das mentiras sobre o açúcar e o que a ciência tem a dizer sobre elas.
É necessário deixar claras certas declarações a esse respeito. Dessa forma, você pode saber se o açúcar é um ingrediente que deve fazer parte da dieta ou se, por outro lado, deve restringi-lo completamente. Não confie nos chamados gurus, ouça a ciência.
Principais mentiras sobre o açúcar
O açúcar é necessário para o corpo?
Uma afirmação amplamente utilizada na publicidade é de que o açúcar é uma substância necessária para o funcionamento do corpo, especialmente em anúncios sobre produtos açucarados voltados para o café da manhã. Eles dizem: “Alimentos ricos em açúcar são o combustível necessário para começar o dia com níveis elevados de energia.” Será que isso é verdade?
Se você olhar para o que as autoridades dizem sobre alimentação e saúde, podemos dizer que esta declaração não é inteiramente verdadeira. Não há recomendações estabelecidas de quantidades mínimas de açúcar que devem ser ingeridas; muito pelo contrário. Tanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) quanto a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) e o Departamento de Agricultura dos EUA estabeleceram limites máximos que nunca devem ser ultrapassados.
O açúcar branco não tem valor nutricional e quanto menos for consumido, melhor. O que nossas células precisam para funcionar é glicose, e esta pode ser obtida de diferentes substratos. Os mais comuns são os carboidratos, não apenas o açúcar.
De acordo com essas organizações, as fontes mais adequadas de carboidratos seriam:
- Grãos, de preferência integrais.
- Vegetais.
- Frutas.
- Tubérculos.
O açúcar mascavo é melhor do que o açúcar branco?
Esta é uma das mentiras mais difundidas sobre o açúcar. Baseia-se na crença de que o açúcar mascavo e outros açúcares naturais fornecem nutrientes, além de adoçar os alimentos. Portanto, podem parecer opções melhores.
O açúcar mascavo de qualidade passou por um processamento menor do que o açúcar branco. Por essa razão, ele mantém uma parte do melaço que lhe dá o seu tom marrom característico. O melaço possui alguns nutrientes, como certas vitaminas e minerais, embora em quantidades nutricionalmente não relevantes. Isso não faz dele uma fonte de nutrientes.
Pelo contrário, devemos também ter cuidado com o uso de açúcar mascavo para adoçar bebidas, iogurtes, biscoitos, etc. A reação do organismo é a mesma e, portanto, um alto nível de consumo pode provocar obesidade e cáries, mesmo que seja açúcar mascavo e seja apresentado a nós como mais saudável.
Os adoçantes artificiais são inofensivos?
A má reputação do açúcar e dos produtos açucarados tem feito crescer exponencialmente a gama de produtos “sem açúcar” ou “sem açúcar adicionado”. No entanto, a maioria deles ainda são produtos exageradamente doces, e a lista de adoçantes usados é longa.
Os adoçantes artificiais são pobres em calorias, mas continuam a adoçar produtos alimentícios que, assim, se tornam mais saborosos. No entanto, seus efeitos negativos estão sob a lupa da ciência. O uso de qualquer um deles é questionado dada a sua possível relação com alguns problemas de saúde.
Alguns estudos científicos os relacionam com a presença de obesidade, síndrome metabólica e alterações da microbiota intestinal. Além disso, não se sabe ao certo se o seu uso é uma fórmula eficaz para ajudar os diabéticos a controlar seus níveis de açúcar no sangue.
As evidências científicas atuais sugerem que a melhor opção é restringir a ingestão desses produtos químicos. No mínimo, seria necessário limitar o seu consumo. A presença regular desse tipo de substância na dieta pode ser tão prejudicial a longo prazo quanto o abuso de produtos açucarados.
O açúcar é viciante?
Esta é uma das últimas mentiras que surgiram sobre o açúcar. As redes sociais estão cheias de histórias de pessoas que contam suas experiências tentando parar de consumir açúcar. Na verdade, há teorias sobre a capacidade viciante do açúcar.
No entanto, em uma das últimas revisões da literatura científica sobre o tema, os autores concluíram que “não há evidencias cientificas suficientemente convincentes sobre o potencial viciante do açúcar”. No entanto, pesquisas recentes publicadas no British Journal of Sports Medicine confirmam que esse vício é real em animais.
Alguns especialistas em nutrição focam o problema do possível vício não no açúcar, mas em alimentos ultraprocessados ricos em açúcares, gorduras e sal. Esses alimentos são formulados para serem extremamente palatáveis, o que significa que são tão gostosos que não conseguimos parar de comê-los.
Saiba mais: Por que comemos sem ter fome?
O açúcar causa hiperatividade infantil?
Muitos pais começam a controlar a ingestão de açúcar dos seus filhos por causa do efeito que isso pode ter no seu comportamento. É comum que as crianças fiquem mais agitadas em festas infantis enquanto comem doces e brincam com seus amigos.
É natural que uma relação de causa e efeito seja estabelecida entre o açúcar e o comportamento mais agitado. No entanto, este é apenas o efeito excitante do açúcar? O cansaço e o ambiente de brincadeiras também podem desempenhar um papel?
Até agora, não há evidências científicas de que o açúcar cause hiperatividade nas crianças que o consomem. No entanto, alguns autores sugerem a necessidade de mais pesquisas sobre o alto consumo de açúcares adicionados.
Ainda assim, há muitas razões reais para desencorajar e reduzir o consumo de açúcar em crianças. Deve-se notar que, hoje, muitos excedem os valores máximos recomendados que permitiriam evitar problemas de saúde, como cárie dentária e obesidade.
Agora você conhece as principais mentiras sobre o açúcar
Agora que conhecemos melhor algumas mentiras sobre o açúcar, teremos mais argumentos para fazer boas escolhas alimentares. Lembre-se de que a melhor opção é limitar o consumo desse ingrediente, já que a sua ingestão excessiva pode condicionar o aparecimento de doenças complexas a médio e longo prazo.
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