Injeção intracardíaca: em que consiste?
Escrito e verificado por médico Nelton Abdon Ramos Rojas
A injeção intracardíaca é uma via de administração de medicamentos reservada exclusivamente para emergências. Entende-se como emergência qualquer situação que supõe um risco eminente ou potencial de morte da pessoa.
Com a administração da medicação intravascular, o medicamento passa diretamente para o sangue e age imediatamente.
A situação onde mais frequentemente se utiliza esta injeção é no caso de parada cardíaca. É muito eficaz porque pula a fase de absorção da medicação, ou seja, tudo o que é introduzido atua diretamente. Não há período intermediário de absorção. Deste modo, 100% da dose administrada é útil.
Além disso, ao omitir este passo, não há variabilidade entre pacientes da mesma idade e tamanho. Isso nos permite calcular a quantidade apropriada que deve ser inserida com rapidez e precisão, o que é muito útil neste tipo de situação em que o paciente está inconsciente, e dificilmente podemos extrair informações úteis ao interagir com ele.
Como a injeção intracardíaca é realizada?
O primeiro passo ao realizar esta técnica é preparar uma agulha esterilizada com pelo menos 10 cm de comprimento. É importante que seja uma agulha dessas dimensões e não menor, porque precisa chegar diretamente ao coração.
Assim que tivermos a agulha, carregamos com a dose que queremos administrar. Em seguida, procede-se a fazer uma palpação dos espaços intercostais do paciente.
O espaço intercostal é a região entre uma costela e outra. Geralmente, é fácil localizá-lo, mas se o paciente for obeso, essa fase se torna mais complicada, pois é muito difícil separá-lo claramente.
Quando localizamos o quarto espaço intercostal esquerdo, ou seja, a região entre a quarta e a quinta costela, seguimos a linha que o conecta ao imaginário com o esterno na borda esquerda. Essa é a localização mais aproximada que pode ser feita do coração.
Finalmente, a seringa é inserida no espaço delimitado e liberamos o êmbolo com a medicação. Apesar das dificuldades técnicas, o medicamento atinge o miocárdio e permite restaurar a atividade cardíaca em caso de parada iminente.
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Qual medicação é usada na injeção intracardíaca?
Sem dúvida, o medicamento mais usado é a adrenalina. Normalmente se utiliza adrenalina a 0,1% porque é a concentração que permite alcançar a atividade desejada sem ter efeitos colaterais graves. É importante lembrar que tudo o que é administrado por via intracardíaca exerce sua ação imediatamente, então uma dose maior seria letal.
A adrenalina também é conhecida como epinefrina e é um dos mais potentes ativadores do sistema nervoso simpático. O coração muda sua frequência de contração de acordo com os sinais regulatórios que envia este sistema. Portanto, podemos dizer que modificando o sistema nervoso simpático conseguiremos modicar também a atividade elétrica do coração.
Vários estudos demonstraram que a injeção intracardíaca de adrenalina até 5 minutos após a parada cardíaca melhora a sobrevida. Embora nem todos os casos seja eficaz. Isso porque o fator tempo é importante nesse tipo de emergência. Assim, a taxa de sobrevivência apresenta uma relação diretamente proporcional à precocidade na administração.
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Qual é o momento certo para usar essa técnica?
A injeção intracardíaca não é recomendada durante a massagem cardíaca. É preferível praticar as técnicas de ressuscitação cardiopulmonar e separadamente a injeção para que a medicação possa acessar por completo o miocárdio. Desta forma, a isquemia cardíaca é reduzida.
A isquemia é o processo que sofrem as células quando morrem porque não chega o sangue para nutri-las. Este processo está presente em muitas patologias cardíacas, mas a doença mais proeminente é o infarto do miocárdio.
Quando uma pessoa está em parada cardíaca, o coração para de bombear o sangue para o resto do corpo e inicia o processo de isquemia. É então que a injeção intracardíaca deve ser realizada para reverter o processo e restaurar o suprimento de sangue e a função contrátil.
Finalmente, deve-se notar que esta técnica só pode ser praticada por profissionais médicos que tenham experiência em situações de emergência vital.
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