Infecção das glândulas salivares: causas e tratamentos
Escrito e verificado por o dentista Vanesa Evangelina Buffa
Uma infecção das glândulas salivares ocorre quando bactérias ou vírus afetam a estrutura das mesmas. Esses órgãos são responsáveis por produzir saliva e segregá-la na boca através dos ductos.
Existem três pares dessas glândulas principais, além das centenas de glândulas menores distribuídas por toda a mucosa bucal:
- As glândulas parótidas em ambos os lados da face, abaixo e na frente das orelhas.
- As submandibulares, que estão em cada lado, abaixo da mandíbula.
- As sublinguais, que ficam embaixo da língua, na frente da boca.
A saliva ajuda a manter a boca limpa, lubrificada e saudável, além de ser necessária para a digestão por umedecer, decompor e facilitar a deglutição dos alimentos. Uma infecção das glândulas salivares pode alterar o fluxo salivar. Descubra a seguir quais são as causas, sintomas e o que deve ser feito se isso acontecer.
Principais sintomas
Uma pessoa com infecção das glândulas salivares pode apresentar os seguintes sintomas:
- Boca seca.
- Dor na boca ou no rosto.
- Sabor desagradável ou estranho de forma constante.
- Desconforto ou dor ao abrir a boca, mastigar e engolir.
- Presença de pus.
- Inchaço e vermelhidão na face, pescoço, abaixo e na frente das orelhas, na parte inferior da boca ou abaixo da mandíbula.
- Febre, suor e calafrios.
Esses sintomas costumam durar cerca de uma semana, embora um pequeno inchaço possa persistir por mais tempo. Isso vai depender da localização e gravidade da infecção.
A consulta oportuna com um médico permitirá um diagnóstico correto, pois esses sintomas são semelhantes aos de outras patologias; por esse motivo, é necessária uma avaliação profissional para confirmar a condição.
Também pode te interessar: 5 remédios caseiros para aliviar a boca seca
Causas da infecção das glândulas salivares
Como já mencionamos, uma infecção da glândula salivar ou sialoadenite ocorre devido à presença de bactérias ou vírus. Essa colonização de microrganismos é mais comum quando existe um bloqueio no ducto de saída da saliva, e esta se acumula no corpo da glândula, tornando-a mais suscetível à invasão de germes.
Das infecções das glândulas salivares causadas por vírus, a caxumba é a mais comum, com maior incidência em crianças. Felizmente, com o uso da vacina tríplice viral sua frequência esteja diminuindo. Outros vírus, como Epstein Barr (EBV), vírus coxsackie, citomegalovírus (CMV) e vírus da imunodeficiência humana (HIV), também podem provocar um inchaço das glândulas salivares.
A origem bacteriana é mais comum, principalmente em adultos. As bactérias responsáveis pela infecção são geralmente as presentes na flora normal da boca e também alguns estafilococos. Em geral eles costumam ser unilaterais, e a inflamação é acompanhada de e febre e dor.
Fatores de risco
Embora a causa final de uma infecção da glândula salivar seja o ataque bacteriano ou viral, existem condições que aumentam as chances de que essas estruturas sejam colonizadas por germes:
- Bloqueio ou redução no fluxo salivar devido a tumores, cálculos ou abscessos nos ductos ou nas próprias glândulas salivares.
- Fluxo salivar reduzido devido a condições médicas: doenças autoimunes, como síndrome de Sjögren e sarcoidose, causam boca seca. AIDS e diabetes também a predispõem.
- Boca seca associada ao uso de medicamentos, como diuréticos ou anti-histamínicos, ou devido a tratamentos de radiação e quimioterapia.
- Desidratação e desnutrição.
- Ductos muito tortuosos que dificultam o fluxo salivar. Esta condição é muito comum na glândula submandibular.
- Má higiene oral, que aumenta a proliferação de microrganismos.
- Anormalidades nas glândulas salivares.
- Tabagismo e alcoolismo.
- Bulimia.
- Ter mais de 65 anos.
- Não estar vacinado contra a caxumba.
Diagnóstico de um infecção das glândulas salivares
O diagnóstico de infecção das glândulas salivares deve ser feito por um médico, considerando o histórico e exame físico do paciente além de, em alguns casos, o uso de métodos complementares. O aumento no tamanho do local, a presença de pus e dor na glândula podem ser indicativos de uma infecção bacteriana.
Métodos complementares como ultrassonografias, ressonâncias magnéticas e tomografias computadorizadas permitem a busca de uma causa subjacente. A localização de cálculos, abscessos ou tumores nas glândulas explica o aparecimento da infecção e permite que um tratamento mais completo seja elaborado.
A endoscopia salivar e a sialografia (injeção de líquido de contraste) são exames de imagem específicos para as glândulas salivares. Eles podem ser úteis no diagnóstico, principalmente nos casos de obstrução dos ductos.
Além disso, em alguns casos, o médico pode sugerir a realização de uma biópsia da glândula salivar e seu ducto para analisar o tecido afetado e também o líquido contido no interior; especialmente se for necessário determinar qual microrganismo está por trás do problema.
Possíveis complicações
As complicações de uma infecção das glândulas salivares não são muito comuns. A falta de tratamento pode fazer com que o pus se acumule em seu interior e forme um abscesso crônico.
Também pode acontecer que a infecção da glândula salivar se espalhe para outras partes do corpo. Essa é uma complicação que precisa ser resolvida com urgência, pois devido à sua localização existe o risco de que o assoalho da boca seja afetado, provocando uma celulite denominada angina de Ludwig, que compromete a respiração.
Nos casos em que a infecção é causada pela presença de um tumor benigno, este provoca o aumento da glândula, tornando-a incômoda, desconfortável e pouco estética. Se, em vez disso, houver um tumor maligno (câncer) associado à infecção, ele cresce rapidamente, afeta a mobilidade e se espalha para outras partes do corpo.
Em infecções que ocorrem de forma recorrente e frequente, a resposta inflamatória do organismo pode destruir o tecido glandular afetado. Embora as complicações não sejam tão frequentes, elas são uma possibilidade; por isso é sempre importante realizar o tratamento oportuno.
Leia também: Como o câncer se desenvolve?
Tratamentos e cuidados para uma infecção das glândulas salivares
O tratamento de uma infecção das glândulas salivares dependerá da gravidade do quadro, sua localização, sintomas associados e, principalmente, da existência de uma causa subjacente responsável pelo aparecimento da doença.
Quando a infecção é causada por um vírus, geralmente se resolve espontaneamente após alguns dias. Em geral, a evolução e os sintomas são monitorados. Nos casos em que a infecção é bacteriana, existe pus pus e febre. O uso de antibióticos é necessário, e uma drenagem aspirando o abscesso com uma agulha também pode ser útil.
Os quadros mais complicados exigem hospitalização, hidratação e a administração de antibióticos intravenosos. A propagação da infecção para os tecidos profundos da cabeça e pescoço deve ser evitada, pois é muito perigosa.
O tratamento cirúrgico às vezes é necessário, principalmente para infecções recorrentes, persistentes ou associadas à presença de um tumor. A cirurgia pode envolver a remoção de parte ou de toda a glândula.
Quando a infecção está associada à presença de cálculos que obstruem os ductos, estes também devem ser removidos cirurgicamente. Se forem pequenos, pode ser realizada uma técnica minimamente invasiva chamada sialoendoscopia; se em vez disso eles forem maiores, é necessária uma cirurgia mais invasiva. Em ambos os casos, a glândula pode ser preservada.
Alguns cuidados em casa
O uso de remédios caseiros que estimulam o fluxo salivar podem ajudar a melhorar os sintomas. A seguir mostramos alguns:
- Tomar bastante água.
- Tomar de 8 a 10 copos de água com limão por dia.
- Fazer bochechos com água morna e sal.
- Chupar doces azedos sem açúcar ou frutas cítricas.
- Fazer massagens circulares na glândula afetada.
- Aplicar calor e compressas mornas na área por 10 a 15 minutos.
- Usar substitutos de saliva.
- Manter uma boa higiene oral.
- Os fumantes devem evitar o tabaco.
De qualquer forma, esses remédios não substituem o tratamento sugerido pelos profissionais, que são responsáveis por indicar a melhor terapia para cada condição em particular.
Quando consultar um profissional?
Como já mencionamos, é importante que o tratamento das infecções das glândulas salivares seja orientado por um profissional de saúde. Portanto, qualquer alteração no fluxo salivar, sensação de boca seca ou sabor desagradável, presença de febre ou inchaço e vermelhidão na face ou pescoço já são motivos suficientes para se consultar.
Se os sintomas forem muito graves, interferirem na alimentação, deglutição ou respiração, durarem mais de duas semanas ou começarem a se espalhar cada vez mais, um atendimento imediato é vital. O tratamento oportuno pode evitar complicações graves.
Algumas sugestões para evitar infecções nas glândulas salivares
Embora não haja como prevenir o aparecimento de uma infecção das glândulas salivares, algumas práticas podem ajudar a reduzir o risco de infecção. Beber bastante água e se manter hidratado, por exemplo, ajuda bastante.
Manter uma boa higiene bucal, escovar os dentes e usar enxaguantes e fio dental, diminui o número de microrganismos na boca. Visitar o dentista com frequência e limpar os dentes a cada 6 meses também reduz os níveis de bactérias na cavidade oral.
Evitar hábitos que ressecam a boca, como álcool e tabaco, é útil, assim como estimular a produção de saliva ao mascar chiclete sem açúcar. O controle e tratamento de outras doenças crônicas também é importante.
Em geral, o prognóstico para infecções das glândulas salivares costuma ser bom. De qualquer forma, como já mencionamos, ir ao médico se houver suspeita dessa condição é sempre a melhor solução.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Sapien, Ana Patricia Contreras. “SIALOADENITIS BACTERIANA RECURRENTE ASOCIADA A SIALOLITIASIS: INFORME DE UN CASO CLÍNICO.” e-Gnosis 17 (2019).
- García, S. Sánchez, et al. “Sialoadenitis aguda bilateral como reacción adversa a contraste yodado.” Radiología 60.2 (2018): 171-174.
- Avila-Agüero, María L., and Ana Morice-Trejos. “Parotiditis: Una enfermedad inmunoprevenible que requiere atención.” Revista Chilena de Infectología 36.6 (2020).
- VIS–Spanish, M. M. R. V. “Vacuna contra MMRV (sarampión, paperas, rubeola y varicela): Lo que necesita saber.”
- CS, H. “Las paperas y la vacuna para prevenirlas.”
- Rojas, Camilo Alejandro Díaz, et al. “GLÁNDULAS SALIVARES: UN ABORDAJE COMPLETO DESDE LA SIALOGRAFÍA.”
- GUERRINI, Ricardo, Rubens SCHWARTZ, and Daniel Vaccaro SUMI. “Glândulas salivares: sialografia.” Tratado de radiologia. Manole, 2017.
- Jardón Caballero, José, Roennis Texidor Fuentes, and Otto Alemán Miranda. “Sialoadenitis por sialolito inusual de la glándula submaxilar derecha en un adulto.” MediSan 21.4 (2017): 455-459.
- Patiño, Felipe Blasco, Mirela Violeta Nicolae, and Elena Navarro. “Submaxilitis aguda en paciente con enfermedad de Crohn en tratamiento con infliximab.” Gastroenterologia Y Hepatologia (2020).
- Parra-Medina, Rafael, José Fernando Polo, and Adriana Rojas-Villarraga. “Interpretación de la biopsia de glándula salival menor en el síndrome de Sjögren. Correlación clínico-patológica.” Revista Colombiana de Reumatología 27 (2020): 82-89.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.