O que é imunidade de rebanho?
O termo imunidade de rebanho é desconhecido para a maioria das pessoas. Recentemente, devido a certas declarações na área política, ele passou a estar no centro de muitos debates sobre o novo coronavírus.
Afinal, o que é imunidade de rebanho? Como ela funciona, individual e coletivamente? Vamos ver mais sobre o assunto a seguir.
Uma visão em escala individual
Em primeiro lugar, antes de entrar totalmente no assunto, devemos esclarecer o que é a imunidade individual:
- Uma pessoa pode se tornar resistente a uma doença depois de superá-la. O sistema imunológico é capaz de se lembrar de certos elementos da ameaça, reconhecendo-a mais rapidamente nas reinfecções e enviando os anticorpos para destruí-la antes que ela se reproduza.
- Isso pode acontecer, dependendo da patologia, com ou sem sintomas. No caso da COVID-19, existem muitas pessoas assintomáticas que desenvolvem imunidade através da doença, mesmo sem perceber.
Depois de ter definido brevemente este termo, vamos entrar plenamente no mundo da imunidade de rebanho.
A imunidade de rebanho na sociedade
Imunidade de rebanho é um termo que se refere a um método indireto de proteção individual. Isso acontece quando uma grande porcentagem da população está imune a uma doença e, portanto, aqueles que não se contaminaram têm uma probabilidade menor de se infectar.
Devemos ver a propagação de um patógeno como uma teia de aranha:
- Cada pessoa infectada pode transmitir o patógeno a vários cidadãos saudáveis. A transmissibilidade de um vírus é representada pelo valor R0 ou ritmo reprodutivo básico.
- Se o R0 do coronavírus for de 2 unidades, por exemplo, isso significa que cada pessoa infectada transmitirá a doença, em média, para 2 outras pessoas saudáveis.
- Portanto, é criada uma estrutura na qual cada infectado se traduz em mais pessoas doentes ao longo do tempo.
O princípio básico da imunidade de rebanho é reduzir essa dinâmica expansiva. O fato do vírus atingir uma pessoa imune representa um impasse, uma vez que ele não pode ser mais transmitido. Isso pode permitir a frenagem direta ou impedir a propagação de uma doença.
Quanto mais pessoas imunes, mais pontos mortos o vírus encontrará quando se espalhar.
As vacinas baseiam sua existência nesse mecanismo, pois fornecem proteção individual contra doenças a pessoas saudáveis. Portanto, indivíduos imunodeprimidos, que não podem ser vacinados, terão um certo grau de proteção, porque estarão cercados por pessoas que já estão imunes.
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Uma questão de matemática
A imunidade de rebanho, como todos os termos epidemiológicos, segue modelos matemáticos. Quando uma proporção crítica da população se torna imune a doenças – através da infecção ou da vacinação – o limite da imunidade de rebanho é atingido (LIS).
A partir daí, o patógeno está destinado a desaparecer com o tempo. Este ponto ocorre quando a doença mostra um estado endêmico contínuo, no qual o número de infectados não aumenta nem diminui exponencialmente.
No cálculo desse parâmetro, entra em jogo o valor de R0 mencionado acima, onde sua fórmula mostra que S é a proporção da população suscetível a contrair a doença:
R0*S = 1
Sem entrar em mais números e dados complicados, nos limitaremos a dizer que quanto menor o valor S (população suscetível), menor o valor de R0. Assim, confirma-se que quanto mais pessoas imunes, menos a doença se espalha.
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A imunidade de rebanho e o coronavírus
Pode parecer tentador, então, deixar uma alta porcentagem da população ser infectada, uma vez que logicamente isso acabaria com a doença de acordo com a teoria que apresentamos. Isso poderia ser possível se este fosse um vírus inofensivo.
Quando existe uma possibilidade, ainda que mínima, da patologia causar complicações nos grupos de risco, essa estratégia deve ser descartada automaticamente. Numericamente falando, pode ser viável, mas a vida em jogo é uma questão ética e moral, e não utilitária.
Portanto, é por esse motivo que a vacina contra o coronavírus está sendo procurada tão rapidamente. A existência de uma imunização diminuirá bastante a proporção de pessoas saudáveis suscetíveis, retardando a propagação da doença e, finalmente, acabando com a pandemia.
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