Hormônios bioidênticos: possíveis benefícios e riscos

A terapia ou tratamento de reposição hormonal bioidêntica se apresenta como uma alternativa mais natural, segura e individualizada. Continue lendo e descubra quais são seus benefícios e riscos.
Hormônios bioidênticos: possíveis benefícios e riscos

Última atualização: 23 agosto, 2022

Os hormônios bioidênticos são compostos feitos pelo homem. Alguns são derivados de plantas, embora se afirme que são semelhantes aos produzidos pelo corpo humano. Eles são usados no tratamento de pacientes cuja produção hormonal está abaixo do intervalo normal.

Eles fornecem vários benefícios e são mais eficazes como uma solução natural. No entanto, os estudos não confirmam essas supostas vantagens.

Neste artigo, revisaremos todas as implicações relacionadas ao tratamento com hormônios bioidênticos, explicando o que são, como funcionam, quais são seus benefícios, riscos e possíveis efeitos.

Alterações e desequilíbrios hormonais

Os hormônios são substâncias químicas produzidas por diferentes glândulas do corpo. Eles agem, de certa forma, como emissários, pois dizem aos outros órgãos como e quando agir. Assim, existem hormônios para quase todas as funções, desde o crescimento e a digestão até o sexo.

Alterações hormonais são comuns devido a patologias ou fases naturais da vida, como é o caso da menopausa. Quando a produção de estrogênio e progesterona é afetada nas mulheres, vários sintomas podem aparecer.

Isso não é exclusivo das mulheres, já que nos homens ocorre a chamada síndrome do déficit de testosterona. Isso não acontece apenas em uma certa idade, já que também há casos registrados nos mais novos.

Em ambos os sexos, o tratamento consiste em compensar o que foi perdido por meio da chamada terapia de reposição hormonal. Em alguns desses casos, são usados hormônios bioidênticos.

O que são os hormônios bioidênticos?

Os hormônios bioidênticos têm esse nome devido ao fato de serem quimicamente semelhantes aos produzidos pelo corpo humano. Os mais amplamente replicados e usados no tratamento hormonal são estrogênio, progesterona e testosterona, embora a pregnenolona e a deidroepiandrosterona também possam ser incluídas.

Esses compostos são, em grande parte, artificiais ou sintéticos. Mesmo quando são derivados de produtos vegetais, especificamente alimentos como soja e inhame, eles passam por um processo de modificação em laboratório.

Esses hormônios bioidênticos são adquiridos prontos para consumo, embora outros sejam manipulados seguindo as especificações do médico. Há diferenças entre os dois, pois alguns produtos de marcas ou laboratórios têm a aprovação da Food and Drug Administration dos Estados Unidos, enquanto os compostos feitos sob encomenda não costumam passar por nenhum tipo de controle.

Quanto às formas de apresentação e vias de administração, os hormônios bioidênticos vêm em pílulas ou comprimidos, cremes ou géis, sprays, adesivos, injeções, implantes subcutâneos e até inserções vaginais.

Soja para produzir hormônios bioidênticos
Muitos dos hormônios bioidênticos existentes no mercado são extraídos da soja, especialmente aqueles semelhantes ao estrogênio.

Benefícios dos hormônios bioidênticos

Os níveis hormonais no corpo tendem a diminuir à medida que as pessoas envelhecem. Isso é particularmente verdadeiro em mulheres na perimenopausa, embora o declínio também possa ser devido a desequilíbrios em outros fatores.

Portanto, conforme o caso, os hormônios bioidênticos são usados na terapia de reposição. Esses compostos podem ajudar a lidar com os vários sintomas relacionados à menopausa.

Eles também são considerados eficazes no tratamento da resistência à insulina, distúrbios adrenais e tireoidianos, osteoporose, fibromialgia, diabetes e catarata, embora nenhum desses supostos benefícios tenha sido comprovado.

Entre as vantagens atribuídas aos hormônios bioidênticos em relação a outras abordagens, cita-se o menor custo e a maior segurança, pelo fato de serem naturais. No entanto, essas alegações também não são apoiadas por estudos clínicos.

As pesquisas descobriram que as pessoas com câncer que se submeteram à terapia de reposição hormonal bioidêntica relataram um alívio dos sintomas. Entre eles, podemos citar as enxaquecas e a insônia.

Riscos ao usar hormônios bioidênticos

Segundo estudos, os hormônios bioidênticos não só não demonstraram ter qualquer vantagem, como também carecem da fiscalização das respectivas entidades de saúde quanto ao processo de fabricação e aos compostos que são utilizados.

No entanto, também não há estudos que afirmem que eles são potencialmente mais perigosos. Eles não se mostraram seguros nem inseguros. Recomenda-se ter cautela ao usá-los.

Os pesquisadores acreditam que esse tipo de tratamento de reposição apresenta os mesmos riscos de outras formas de terapia hormonal. Esses efeitos colaterais potenciais incluem o seguinte:

  • Dores de cabeça.
  • Irritabilidade.
  • Ganho de peso.
  • Visão turva.
  • Acne
  • Sensibilidade nos mamilos.
  • Aumento de pelos faciais nas mulheres.
Mulher tomando remédio
O consumo desses compostos teria reações adversas semelhantes aos produtos usuais fabricados pelos laboratórios.

Toda reposição hormonal tem riscos

O Programa de Saúde da Mulher (WHI) conduziu um grande estudo envolvendo mais de 16.000 mulheres com idades entre 50 e 79 anos. Entre as descobertas, foi possível identificar que o risco de câncer de mama, doenças cardíacas e derrame aumentou um pouco quando a terapia com estrogênio e progesterona foi aplicada.

Análises e interpretações subsequentes do estudo WHI e outros trabalhos semelhantes atenuaram um pouco as descobertas. No entanto, a consequência foi que muitas pessoas começaram a procurar tratamentos alternativos, como é o caso dos hormônios bioidênticos.

Esses hormônios, embora possam ser uma opção, também apresentam riscos. Recomenda-se que os produtos a serem consumidos sejam homologados por uma entidade sanitária. Da mesma forma, tudo o que diz respeito ao tratamento deve ser discutido com o médico.

Em geral, recomenda-se evitar o uso da reposição hormonal. Se a pessoa e o médico decidirem seguir por este caminho, deve-se tomar a menor dose que for eficaz pelo menor tempo possível.


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