Logo image
Logo image

Hipermobilidade infantil: prós e contras

6 minutos
Acrobacias incríveis, dedos que se estendem além do normal, luxações, escoliose e transtornos de ansiedade podem ter um fator comum por trás deles: a hipermobilidade infantil.
Hipermobilidade infantil: prós e contras
Escrito por Ana Núñez
Última atualização: 23 agosto, 2022

A hipermobilidade infantil é uma condição comum e assintomática em crianças menores de 5 anos, que faz com que as articulações se movimentem além dos limites normais. Aparece quando os níveis de colágeno nos tendões e ligamentos ficam alterados, tornando as fibras mais finas e menos rígidas.

Ocorre, em média, em 30% da população infantil, sendo mais comum em meninas do que em meninos, na proporção de 3 para 1. Embora diminua com a idade, em 2% dos casos ela permanece ao longo do tempo.

Neste artigo, vamos expor algumas características que permitem diagnosticar a sua presença, aproveitar as suas vantagens, conhecer as suas desvantagens, mas, acima de tudo, aprender a identificar quando se preocupar.

O que causa a hipermobilidade?

A hipermobilidade infantil é genéticaEstudos indicam que ela se origina de uma mutação nas fibras que constituem os tendões, os músculos e a pele.

Estes têm a particularidade de se alongar e de voltar à forma original, ou de se deformar e adotar uma nova forma, o que se conhece como plasticidade.

Aqui atuam as proteínas que formam os tecidos: o colágeno e a elastina. Quando há mais elastina do que colágeno, os músculos se tornam mais elásticos e, portanto, os ligamentos ficam mais frágeis. A partir disso, para que ocorram lesões no sistema musculoesquelético, falta apenas um passo.

Quais são os prós?

Em atividades físicas como ginástica, balé, dança ou acrobacia, a hipermobilidade tem uma projeção positiva porque oferece condições de flexibilidade que beiram o espetacular. Também é benéfica ao tocar instrumentos, tais como flauta, violino ou piano, que requerem uma agilidade especial nos dedos.

Nesse caso específico, a tensão e distensão constante dos movimentos repetidos não produzem dor, como acontece com os praticantes menos flexíveis.

Some figure

Os contras da hipermobilidade infantil

A hipermobilidade  infantil pode ser interpretada como uma vantagem nas atividades físicas já mencionadas, embora os especialistas recomendem cautela. Há registros de fraqueza muscular e lentidão motora, e até mesmo de atraso no desenvolvimento psicomotor.

Há uma tendência ao aparecimento de luxações articulares, tendinites, lombalgias, escoliose, artrose nos joelhos e, de acordo com pesquisas, ansiedade e depressão. Esses são problemas que não são regularmente associados à hipermobilidade articular. Alguns sintomas merecem uma atenção especial.

Hipotonia muscular

A fraqueza muscular causa atraso no desenvolvimento psicomotor, dificultando que o bebê possa se virar, sentar, engatinhar e andar. As crianças apresentam articulações muito flexíveis, que se flexionam facilmente, e o tônus ​​muscular não oferece resistência aos movimentos.

O bebê não chuta e os membros ficam mais estendidos do que o normal. Quando fica de bruços, ele se desespera, porque não consegue se apoiar nos braços ou levantar a cabeça. Quando finalmente consegue ficar em pé, procura afastar as pernas, os pés ficam voltados para fora e os joelhos vão para trás.

Inibição da atividade muscular

Como consequência da dor, ocorre uma inibição que resulta em hipotrofia muscular, o que diminui a tolerância ao exercício e, portanto, diminui a participação da criança em esportes e jogos. Também se observa um atraso no desenvolvimento psicomotor e na aquisição da marcha.

Você pode se interessar: Três exercícios de respiração que ajudam a relaxar

Escoliose e outros problemas posturais

Estudos apontam para uma relação estatística entre a hipermobilidade articular e a escoliose devido a alterações posturais. Isso causa curvaturas na parte posterior da coluna, conhecidas como cifose, e um aumento da curva na região lombar.

Também são observados joelhos unidos, voltados para trás e pés chatos.

Dicas e recomendações para os pais

A criança com hipermobilidade deve ser educada sobre essa condição para evitar que os movimentos articulares fora do nível normal sejam repetidos incessantemente. Será difícil controlar a sua hiperatividade natural e é muito provável que ela tente chamar a atenção com as suas habilidades de contorcionista.

Entretanto, uma vez que dobrar os dedos de forma anormal não é uma benção, conforme os médicos referem, daremos algumas recomendações que serão úteis. São as seguintes:

  • Uma vez que não há um tratamento específico, os pais devem educar a criança sobre a necessidade de proteger as suas articulações do alongamento excessivo prolongado.
  • Procure direcionar a criança para esportes e exercícios que trabalhem os músculos, melhorem o equilíbrio, a estabilidade e as habilidades motoras.
  • Se um bebê for diagnosticado com hipermobilidade, os pais devem buscar fortalecer o seu tônus ​​muscular. Para isso, o melhor a fazer é consultar um fisioterapeuta para obter aconselhamento especializado.
  • Entre os exercícios recomendados para fazer em casa, estão os que mantêm o bebê de bruços, posição que, por causa da condição, é algo de que ele não gosta. Isso ajuda a fortalecer as suas costas, pescoço e quadris, mas, como é algo incômodo, é necessário estimulá-lo com brinquedos ou sons que façam com que ele levante a cabeça.

Recomendamos também: Posturas de yoga: a cobra e seus benefícios

Quando procurar tratamento médico para a hipermobilidade infantil?

A  hipermobilidade  infantil pode ser divertida até a dor aparecer. Isso não é comum, uma vez que apenas de 5 a 10% das pessoas com hipermobilidade ou muito flexíveis apresentam desconforto. Se isso acontecer, é necessário procurar um médico, pois poderíamos estar diante da síndrome da hipermobilidade articular.

O escore de Beighton é o mais utilizado para saber se uma pessoa tem hipermobilidade. Entre as manobras indicadas, estão tocar o antebraço com o polegar, estender os dedos a mais de 90 graus ou tocar o chão com a palma das mãos sem dobrar os joelhos. Se a criança obtiver 6 dos 9 pontos do escore, trata-se de um caso positivo de hipermobilidade articular.

Esse distúrbio agravado causa dores nas articulações e nos ossos, até mesmo por segurar um lápis durante algum tempo. Também é acompanhado por desconforto nos quadris, joelhos e pés chatos, bem como bruxismo, fadiga e fraqueza.

A síndrome de hipermobilidade benigna é uma síndrome diferente da síndrome de Ehlers-Danlos, também congênita e que também afeta o tecido conjuntivo. Causa problemas vasculares e oculares e hipersensibilidade na pele. Também é acompanhada por luxações regulares, deformidades da coluna vertebral, hipotonia muscular e derrames articulares.

Some figure

A hipermobilidade infantil exige exercício constante

O importante é que os pais prestem atenção às manifestações que podem revelar problemas maiores. A condição não é fácil de diagnosticar porque os sintomas são difusos. No entanto, a dor é um sinal de alarme.

Uma vez que a criança seja diagnosticada com hipermobilidade benigna, é preciso adotar as diretrizes de tratamento. Isso inclui uma dieta balanceada, exercícios, participação nas atividades escolares e sono de qualidade. Também envolve evitar sobrecarregar as articulações (por exemplo, com uma mochila escolar muito pesada) e esportes radicais ou de contato.

Diante dessas considerações, é importante enfatizar que os períodos de inatividade aumentam os sintomas da hipermobilidade. Nesse sentido, recomenda-se um programa de exercícios de resistência progressiva, focado em músculos específicos. Sem dúvida, andar de bicicleta e nadar estão entre as primeiras opções.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Bulbena-Cabre, A., Duñó, L., Almeda, S., Batlle, S., Camprodon-Rosanas, E., Martín-Lopez, L. M., & Bulbena, A. (2019). La hiperlaxitud articular como marcador de ansiedad en niños. Revista de Psiquiatría y Salud Mental, 12(2), 68-76. Disponible en: https://www.elsevier.es/es-revista-revista-psiquiatria-salud-mental–286-pdf-S1888989119300217
  • Farro-Uceda, L., Tapia-Egoavil, R., Valverde-Tarazona, C., Bautista-Chirinos, L., & Amaya-Solis, K. (2016). Relación entre hiperlaxitud articular, dismetría de miembros inferiores y control postural con los trastornos posturales. Revista médica herediana, 27(4), 216-222. Disponible en: http://www.scielo.org.pe/pdf/rmh/v27n4/a04v27n4.pdf
  • Ortega, F. Z., Rodríguez, L. R., Martínez, A. M., Sánchez, M. F., Paiz, C. R., & Liria, R. L. (2010). Hiperlaxitud ligamentosa (test de Beighton) en la población escolar de 8 a 12 años de la provincia de Granada. Reumatología clínica, 6(1), 5-10. Disponible en: www.reumatologiaclinica.org
  • Haro, D. M., Morante, R. M., & Lillo, S. S. (2014). Síndrome de hiperlaxitud articular benigno en el niño. Revista Médica Clínica Las Condes, 25(2), 255-264. Disponible en: https://www.elsevier.es/index.php?p=revista&pRevista=pdf-simple&pii=S0716864014700367&r=202

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.