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Entrevista com Gemma del Caño: "devemos saber o que é segurança alimentar"

7 minutos
Sabemos que é importante fazer uma boa compra para se alimentar de forma saudável e obter benefícios nutricionais. No entanto, por que devemos levar a segurança alimentar em consideração?
Entrevista com Gemma del Caño: "devemos saber o que é segurança alimentar"
Última atualização: 27 julho, 2022

Hoje em dia, quando falamos em compras, é cada vez mais comum nos preocuparmos em escolher “o melhor” para ter saúde e bem-estar. O termo “segurança alimentar” também está em alta, e é sobre ele que falaremos neste artigo.

Queremos que os alimentos sejam de qualidade, que tenham um valor nutricional adequado e que nos beneficiem ao máximo. Além disso, queremos variedade e rapidez. Porém, para isso, devemos nos informar e observar cuidadosamente o que decidimos levar conosco na cesta, não apenas o que lemos em letras grandes nas embalagens.

Gemma del Caño fala sobre segurança alimentar

Gemma del Caño – mais conhecida como @farmagemma em suas redes sociais – é formada em farmácia, com especialização em farmácia industrial e PHD, mestre em inovação, biotecnologia e segurança alimentar, divulgadora científica e auditora BRC (segurança alimentar). Hoje, ela nos ajudará a expor e esclarecer algumas das preocupações mais comuns dos consumidores.

P. Como você definiria o termo “segurança alimentar” e o que ele significa a alguém que não o conhece?

Seria interessante fazer uma diferenciação entre “segurança alimentar” e “inocuidade”, apesar de o primeiro termo ser usado regularmente, quando na realidade nos referimos ao segundo.

Segurança alimentar se refere à disponibilidade de alimentos, e inocuidade se refere ao fato de que os alimentos que consumimos são seguros, não são prejudiciais à saúde. No entanto, geralmente nos referimos à segurança em vez de inocuidade.

Os avanços na segurança salvaram milhões de vidas e isso, acima de tudo, nos dá tranquilidade na hora de comprar alimentos, pois sabemos que não vamos sofrer uma infecção tóxica, encontrar um corpo estranho ou contaminação química.

Obviamente, o risco zero não existe, mas hoje comemos os alimentos mais seguros da história.

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Atualmente, comemos os alimentos mais seguros de todos os tempos, diz Gemma.

P. Você acha que existe conhecimento suficiente a respeito do que realmente é feito na indústria de alimentos?

Não, e a responsabilidade é da própria indústria alimentícia, que há anos não é transparente e, em muitas ocasiões, optou por ceder à desinformação para tirar proveito dos consumidores. Isso acontece, por exemplo, com os aditivos. Qualquer aditivo autorizado é seguro (o que não significa que seja necessário); se promovemos um produto “sem aditivos” como algo bom, indicamos ao consumidor que aquele com aditivos é mau, quando isso não necessariamente é verdade.

O problema é o produto, não o aditivo. Existem alimentos com aditivos que são ótimos (como leguminosas em lata) e produtos que, mesmo sem aditivos, ainda serão opções ruins (como alguns ultraprocessados).

P. Onde é possível aprender para preencher as lacunas de conhecimento? Quais seriam suas recomendações para o público?

As agências de segurança alimentar (AESAN na Espanha), a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) e o FDA nos EUA são fontes corretas de informação.

Temos que fugir de notícias falsas e boatos que chegam pelo WhatsApp ou Facebook e que deturpam informações ou mentem diretamente para ganhar alguns cliques.

A realidade é muito mais enfadonha do que aquilo que alguns tentam nos fazer ver e temer. Não devemos ceder a teorias alarmantes. Em vez disso, devemos buscar sempre fontes oficiais. No momento, há muitos divulgadores na área de Segurança Alimentar tentando dissipar mitos.

O Guia Didático da Agência Espanhola de Segurança Alimentar indica que “devemos ensinar como obter e selecionar a informação: distinguir a publicidade da informação, deduzir efeitos das causas, tirar conclusões dos dados…”.

P. Ler os rótulos é uma recomendação feita por muitos especialistas para ajudar as pessoas a saber o que compram, consomem, e a desenvolver seus próprios critérios. Mas muitas vezes há dúvidas a respeito de como lê-los corretamente. Quais são as suas orientações?

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A especialista recomenda que façamos a leitura dos rótulos, pois eles não podem mentir sobre a real composição dos produtos.

A ordem dos ingredientes é sempre do mais alto para o mais baixo. Devemos ser capazes de identificar o produto que vemos na embalagem com o que lemos na lista de ingredientes.

Se lemos QUEIJO e os ingredientes incluem leite, sal, coalho e fermento, está correto. Por outro lado, se o produto parece ser queijo, mas nos seus próprios ingredientes contém “queijo e muitas outras coisas”, desconfie.

Não vamos nos deixar levar pelas letras grandes nas embalagens “com vitaminas”, “sem óleo de palma”. Lembre-se de que você sempre deve ler o rótulo, e não a embalagem. O rótulo não mente. Portanto, as letras grandes não devem nos fazer ignorar as pequenas.

P. Por que nem todos os aditivos e conservantes são ruins?

Os aditivos não são ruins. Na verdade, conservantes, emulsificantes, etc., melhoram as características do produto e reduzem o desperdício de alimentos. Por outro lado, alguns deles – como os adoçantes – podem não ser necessários, pois induzem uma sensação de doçura que pode não ser necessária, mas que está longe de ser tóxica.

É o mesmo caso com intensificadores de sabor, tomate, parmesão, caranguejo… Todos eles têm glutamato e são produtos corretos. Por outro lado, um snack sem glutamato pode ser tão “ruim” quanto. O problema continuará sendo o produto, e não o aditivo.

P. Por que nem tudo que é feito a nível industrial é ruim? Quais são os pontos a favor que devemos considerar para não entrar em pânico?

A indústria nos permite consumir os produtos que queremos com o melhor preço e quando queremos. Recordemos que existem muitos alimentos bons que são produzidos industrialmente: peixe congelado, leguminosas, massas, pão integral.

Só porque algo é industrial não significa que seja ruim. No entanto, devemos escolher o produto correto, sempre priorizando os alimentos que não possuem rótulo.

P. Você acha que é importante que os pais transmitam certas ideias sobre segurança alimentar aos filhos? 

Isso é essencial por vários motivos. Primeiro, porque a segurança alimentar começa na indústria, mas termina em nossas casas. Quase metade de todas as infecções de origem alimentar ocorrem em nossas casas, então as crianças devem saber como tratar os alimentos para mantê-los seguros. Por outro lado, eles devem ir conosco ao supermercado para saberem que todos os alimentos são seguros.

P. O que você acha que é o “ciclo de vida” dos mitos sobre saúde e alimentação? 

Muitos mitos voltam à tona de tempos em tempos e devemos negá-los continuamente. Vídeos como o da maçã “com plástico” – quando na verdade são ceras comestíveis que protegem contra mofo e pancadas – ou outros sobre “como a indústria nos engana” voltam a viralizar algumas vezes por ano, desinformando o público quanto à realidade da comida.

P. Ter critério e consciência a respeito do que comemos todos os dias é uma preocupação ou um alívio? Por quê?

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É importante reservar um tempo para fazer as compras com consciência, alerta Gemma.

Na verdade, isso envolve responsabilidade. Se comemos várias vezes ao dia, devemos ser conscientes de algo que fazemos com tanta frequência. Sem cair em mitos, mas com consciência.

Ler os rótulos e não se deixar levar pelo “zero”, “sem”, mas por boas informações, parece que leva tempo, mas só acontece uma vez. Quando já tivermos escolhido o alimento correto, da próxima vez que formos fazer a compra faremos muito mais rápido e mais barato, porque já eliminamos os produtos supérfluos.

Se enchermos o cesto com alimentos sem rótulos e se escolhermos os corretos que têm rótulos, será um verdadeiro alívio e garantiremos uma alimentação segura e saudável.

Se soubermos o que compramos, comeremos melhor

Como vimos, na hora de fazer compras é importante aprendermos a olhar os rótulos dos produtos e não nos fixarmos apenas nas letras grandes ou nas propagandas que temos visto na mídia. Se não fizermos isso, perderemos a oportunidade de entender mais sobre o que levamos para casa.

Como explica Gemma del Caño, depois de termos feito este primeiro exercício, será mais fácil saber o que descartar e o que devemos incluir regularmente na cesta. A questão é dar a nós mesmos a oportunidade de fazer o exercício e sempre dar prioridade às fontes oficiais de informação.

Hoje em dia, quando falamos em compras, é cada vez mais comum nos preocuparmos em escolher “o melhor” para ter saúde e bem-estar. O termo “segurança alimentar” também está em alta, e é sobre ele que falaremos neste artigo.

Queremos que os alimentos sejam de qualidade, que tenham um valor nutricional adequado e que nos beneficiem ao máximo. Além disso, queremos variedade e rapidez. Porém, para isso, devemos nos informar e observar cuidadosamente o que decidimos levar conosco na cesta, não apenas o que lemos em letras grandes nas embalagens.

Gemma del Caño fala sobre segurança alimentar

Gemma del Caño – mais conhecida como @farmagemma em suas redes sociais – é formada em farmácia, com especialização em farmácia industrial e PHD, mestre em inovação, biotecnologia e segurança alimentar, divulgadora científica e auditora BRC (segurança alimentar). Hoje, ela nos ajudará a expor e esclarecer algumas das preocupações mais comuns dos consumidores.

P. Como você definiria o termo “segurança alimentar” e o que ele significa a alguém que não o conhece?

Seria interessante fazer uma diferenciação entre “segurança alimentar” e “inocuidade”, apesar de o primeiro termo ser usado regularmente, quando na realidade nos referimos ao segundo.

Segurança alimentar se refere à disponibilidade de alimentos, e inocuidade se refere ao fato de que os alimentos que consumimos são seguros, não são prejudiciais à saúde. No entanto, geralmente nos referimos à segurança em vez de inocuidade.

Os avanços na segurança salvaram milhões de vidas e isso, acima de tudo, nos dá tranquilidade na hora de comprar alimentos, pois sabemos que não vamos sofrer uma infecção tóxica, encontrar um corpo estranho ou contaminação química.

Obviamente, o risco zero não existe, mas hoje comemos os alimentos mais seguros da história.

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Atualmente, comemos os alimentos mais seguros de todos os tempos, diz Gemma.

P. Você acha que existe conhecimento suficiente a respeito do que realmente é feito na indústria de alimentos?

Não, e a responsabilidade é da própria indústria alimentícia, que há anos não é transparente e, em muitas ocasiões, optou por ceder à desinformação para tirar proveito dos consumidores. Isso acontece, por exemplo, com os aditivos. Qualquer aditivo autorizado é seguro (o que não significa que seja necessário); se promovemos um produto “sem aditivos” como algo bom, indicamos ao consumidor que aquele com aditivos é mau, quando isso não necessariamente é verdade.

O problema é o produto, não o aditivo. Existem alimentos com aditivos que são ótimos (como leguminosas em lata) e produtos que, mesmo sem aditivos, ainda serão opções ruins (como alguns ultraprocessados).

P. Onde é possível aprender para preencher as lacunas de conhecimento? Quais seriam suas recomendações para o público?

As agências de segurança alimentar (AESAN na Espanha), a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) e o FDA nos EUA são fontes corretas de informação.

Temos que fugir de notícias falsas e boatos que chegam pelo WhatsApp ou Facebook e que deturpam informações ou mentem diretamente para ganhar alguns cliques.

A realidade é muito mais enfadonha do que aquilo que alguns tentam nos fazer ver e temer. Não devemos ceder a teorias alarmantes. Em vez disso, devemos buscar sempre fontes oficiais. No momento, há muitos divulgadores na área de Segurança Alimentar tentando dissipar mitos.

O Guia Didático da Agência Espanhola de Segurança Alimentar indica que “devemos ensinar como obter e selecionar a informação: distinguir a publicidade da informação, deduzir efeitos das causas, tirar conclusões dos dados…”.

P. Ler os rótulos é uma recomendação feita por muitos especialistas para ajudar as pessoas a saber o que compram, consomem, e a desenvolver seus próprios critérios. Mas muitas vezes há dúvidas a respeito de como lê-los corretamente. Quais são as suas orientações?

Some figure
A especialista recomenda que façamos a leitura dos rótulos, pois eles não podem mentir sobre a real composição dos produtos.

A ordem dos ingredientes é sempre do mais alto para o mais baixo. Devemos ser capazes de identificar o produto que vemos na embalagem com o que lemos na lista de ingredientes.

Se lemos QUEIJO e os ingredientes incluem leite, sal, coalho e fermento, está correto. Por outro lado, se o produto parece ser queijo, mas nos seus próprios ingredientes contém “queijo e muitas outras coisas”, desconfie.

Não vamos nos deixar levar pelas letras grandes nas embalagens “com vitaminas”, “sem óleo de palma”. Lembre-se de que você sempre deve ler o rótulo, e não a embalagem. O rótulo não mente. Portanto, as letras grandes não devem nos fazer ignorar as pequenas.

P. Por que nem todos os aditivos e conservantes são ruins?

Os aditivos não são ruins. Na verdade, conservantes, emulsificantes, etc., melhoram as características do produto e reduzem o desperdício de alimentos. Por outro lado, alguns deles – como os adoçantes – podem não ser necessários, pois induzem uma sensação de doçura que pode não ser necessária, mas que está longe de ser tóxica.

É o mesmo caso com intensificadores de sabor, tomate, parmesão, caranguejo… Todos eles têm glutamato e são produtos corretos. Por outro lado, um snack sem glutamato pode ser tão “ruim” quanto. O problema continuará sendo o produto, e não o aditivo.

P. Por que nem tudo que é feito a nível industrial é ruim? Quais são os pontos a favor que devemos considerar para não entrar em pânico?

A indústria nos permite consumir os produtos que queremos com o melhor preço e quando queremos. Recordemos que existem muitos alimentos bons que são produzidos industrialmente: peixe congelado, leguminosas, massas, pão integral.

Só porque algo é industrial não significa que seja ruim. No entanto, devemos escolher o produto correto, sempre priorizando os alimentos que não possuem rótulo.

P. Você acha que é importante que os pais transmitam certas ideias sobre segurança alimentar aos filhos? 

Isso é essencial por vários motivos. Primeiro, porque a segurança alimentar começa na indústria, mas termina em nossas casas. Quase metade de todas as infecções de origem alimentar ocorrem em nossas casas, então as crianças devem saber como tratar os alimentos para mantê-los seguros. Por outro lado, eles devem ir conosco ao supermercado para saberem que todos os alimentos são seguros.

P. O que você acha que é o “ciclo de vida” dos mitos sobre saúde e alimentação? 

Muitos mitos voltam à tona de tempos em tempos e devemos negá-los continuamente. Vídeos como o da maçã “com plástico” – quando na verdade são ceras comestíveis que protegem contra mofo e pancadas – ou outros sobre “como a indústria nos engana” voltam a viralizar algumas vezes por ano, desinformando o público quanto à realidade da comida.

P. Ter critério e consciência a respeito do que comemos todos os dias é uma preocupação ou um alívio? Por quê?

Some figure
É importante reservar um tempo para fazer as compras com consciência, alerta Gemma.

Na verdade, isso envolve responsabilidade. Se comemos várias vezes ao dia, devemos ser conscientes de algo que fazemos com tanta frequência. Sem cair em mitos, mas com consciência.

Ler os rótulos e não se deixar levar pelo “zero”, “sem”, mas por boas informações, parece que leva tempo, mas só acontece uma vez. Quando já tivermos escolhido o alimento correto, da próxima vez que formos fazer a compra faremos muito mais rápido e mais barato, porque já eliminamos os produtos supérfluos.

Se enchermos o cesto com alimentos sem rótulos e se escolhermos os corretos que têm rótulos, será um verdadeiro alívio e garantiremos uma alimentação segura e saudável.

Se soubermos o que compramos, comeremos melhor

Como vimos, na hora de fazer compras é importante aprendermos a olhar os rótulos dos produtos e não nos fixarmos apenas nas letras grandes ou nas propagandas que temos visto na mídia. Se não fizermos isso, perderemos a oportunidade de entender mais sobre o que levamos para casa.

Como explica Gemma del Caño, depois de termos feito este primeiro exercício, será mais fácil saber o que descartar e o que devemos incluir regularmente na cesta. A questão é dar a nós mesmos a oportunidade de fazer o exercício e sempre dar prioridade às fontes oficiais de informação.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.