Cordas vocais inflamadas: causas, sintomas e tratamentos

A inflamação das cordas vocais causa dor e alterações na voz. Às vezes é de origem infecciosa, mas pode ser o resultado de um esforço excessivo da voz. Como ela é tratada? Descubra a seguir.
Cordas vocais inflamadas: causas, sintomas e tratamentos
Leonardo Biolatto

Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto.

Última atualização: 11 outubro, 2022

Quando estamos com as cordas vocais inflamadas, ficamos com uma voz estranha e sentimos um desconforto particular no pescoço que nos avisa que algo está errado. No inverno, associamos isso à friagem e às mudanças de temperatura. No entanto, também há causas ocupacionais por trás dessa doença.

As cordas vocais são, na verdade, músculos muito pequenos que estão localizados na laringe. Trata-se do local por onde passa o ar para articularmos a voz, por causa das vibrações que essas fibras experimentam. Quando o fluido inflamatório se acumula na região, faz sentido pensar que não falaremos da mesma maneira.

Causas das cordas vocais inflamadas

As cordas vocais podem ficar inflamadas por si mesmas, em toda a sua extensão ou como resultado de um processo de crescimento em sua superfície. Podemos dizer que as causas podem ser infecciosas ou não infecciosas.

Entre os agentes infecciosos estão vírus e bactérias. As laringites dessa origem têm seu pico de desenvolvimento no outono e inverno, quando as baixas temperaturas favorecem a disseminação de partículas virais e microrganismos.

Para se defender, o sistema imunológico envia glóbulos brancos e imunoglobulinas para a região, o que aumenta o fluxo de fluidos que, diante da delicadeza das cordas, fazem com que elas entrem em colapso. Dessa forma, sua funcionalidade é reduzida.

A laringite infecciosa pode durar até 3 semanas, muitas vezes já sem a presença do agente inicial. Isso porque a reação imunológica se prolonga ao longo do tempo e a inflamação persiste, apesar da ausência do que a causou.

Na outra ponta, formas não infecciosas de laringite têm origem ocupacional, principalmente. Professores e palestrantes sabem bem que a falta de cuidado com a voz e o excesso de uso da mesma levam ao aparecimento de nódulos e pólipos.

As cordas vocais inflamadas no local de trabalho são um tema de estudo para a medicina ocupacional. Elas são consideradas uma consequência da falta de prevenção nos locais de trabalho, particularmente nas escolas.

Diante do uso excessivo, por longos períodos de tempo sem descanso, sem hidratação e em altos níveis sonoros, os pequenos músculos da laringe acumulam fluido pelo atrito entre si. Se a prática se repetir, o resultado é a cronicidade da doença.

Dor na garganta
A inflamação das cordas vocais pode ser o resultado de um processo infeccioso ou não infeccioso. É comum em professores, palestrantes e cantores.

Sintomas da laringite

Quando falamos de laringite ou das cordas vocais inflamadas, a primeira coisa que reconhecemos é a alteração da voz. Ainda assim, como veremos abaixo, este não é o único sinal do problema.

As mudanças na voz possuem gradações. Algumas pessoas diminuem seu volume, mesmo quando querem gritar ou tentam aumentar o tom. Para outros ocorre uma perda total, um quadro que chamamos de afonia.

As dores não são incomuns. Às vezes são confundidas com uma faringite mais superior, ou com uma dificuldade de engolir que está erroneamente associada ao esôfago. A laringite dói de forma insidiosa e repetitiva, o tempo todo, complicando a tarefa de descansar e dormir.

O ronco faz parte desse espectro de apresentação das cordas vocais inflamadas. Em pessoas com excesso de peso isso se torna mais aparente. Quando ficam na horizontal, o peso do pescoço pressiona mais a laringe e interrompe a passagem de ar.

A paralisia das cordas vocais é a forma mais grave da doença. Por serem músculos, podem ficar esgotados por esforço excessivo. Eles podem até perder seu tônus muscular característico.

Como tratar as cordas vocais inflamadas?

O tratamento da patologia vai depender da sua causa. Um laringite viral não é a mesma coisa que um pólipo nas cordas por motivo ocupacional. Da mesma forma, a abordagem a longo prazo de uma pessoa com disfonia crônica é diferente do tratamento de uma infecção que se resolverá em poucos dias.

Vejamos as doenças mais comuns que podem ocorrer e como tratá-las:

  • Laringite viral: esta é a infecção mais comum das cordas vocais. Não há tratamento específico, pois os antibióticos não são úteis nesse caso. Esforços devem ser feitos para descansar a voz e esperar pela recuperação. Anti-inflamatórios podem ser necessários para aliviar a dor e ajudar a fluidificar secreções. Os antígenos não são recomendados, pois não geram nenhum benefício.
  • Nódulos e pólipos: esses crescimentos excessivos nas cordas vocais são identificados com um exame que também pode tratá-los, como a laringoscopia. Um dispositivo é inserido através do nariz, carregando uma câmera e ferramentas de trabalho cirúrgico. Se necessário, ele pode ser usado para removê-los, e se não, uma abordagem de reabilitação é proposta com a ajuda de fonoaudiólogos.
  • Câncer de laringe: o plano de tratamento desse câncer é determinado pela classificação da gravidade e do estágio da doença. Isso determinará se será preciso fazer cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou uma combinação de todas elas.
Cordas vocais inflamadas
É necessário estabelecer a origem da inflamação das cordas vocais para escolher o tratamento adequado. Às vezes, basta descansar a voz por alguns dias. Em outros casos, será necessário intervir com medicamentos e outros procedimentos.

Quando se consultar diante de alterações da voz?

As nossas cordas vocais são órgãos delicados. Portanto, seu cuidado é essencial para a comunicação eficaz com os outros.

Diante de disfonia, afonia ou dor de garganta, é aconselhável consultar um médico. Se for um quadro de laringite viral, serão indicados tratamentos conservadores e repouso vocal. Se houver suspeitas de nódulos ou pólipos, o otorrinolaringologista realizará um procedimento invasivo para ver o que está acontecendo no local e proporcionar um diagnóstico certeiro.


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