Como a pneumonia afeta o corpo?

A pneumonia é uma doença muito comum em todo o mundo, por isso é importante entender como ela afeta o corpo. Como veremos a seguir, isso depende de muitos fatores, tanto do paciente quanto do microrganismo que o infecta.
Como a pneumonia afeta o corpo?
Leonardo Biolatto

Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto.

Última atualização: 27 maio, 2022

A pneumonia é uma infecção que afeta os alvéolos do pulmão. Estes são pequenos sacos cobertos por vasos sanguíneos nos quais ocorre o intercâmbio gasoso, ou seja, o oxigênio é captado do exterior e o dióxido de carbono (CO2) é eliminado. Por isso as consequências da pneumonia são tão importantes para o nosso organismo. Neste artigo, vamos explicar em detalhes como a pneumonia afeta o corpo humano.

Estima-se que ocorram entre 2 a 10 casos por cada 1.000 habitantes todos os anos, dos quais entre 20% e 35% requerem hospitalização. Em pacientes sem outras doenças prévias, a mortalidade é de 1%, mas pode chegar a 40% em pacientes internados, especialmente em unidades de terapia intensiva. Dependendo do estado de saúde do paciente, a situação pode ser grave.

Para explicar como a pneumonia afeta o corpo, vamos detalhar o processo pelo qual o organismo passa desde que é infectado até o desenvolvimento da doença.

Efeitos da pneumonia no corpo

A pneumonia é a consequência de duas condições que ocorrem de maneira simultânea:

  • Chegada e proliferação de microrganismos nos alvéolos.
  • Resposta inflamatória do hospedeiro, que vai condicionar as manifestações clínicas e a gravidade da doença.

Como os microrganismos chegam aos pulmões?

A pneumonia é causada por bactérias, vírus, fungos e parasitas, sendo as bactérias e os vírus os patógenos mais comuns. Atualmente, há um número cada vez maior de vírus como agentes causadores da pneumonia. Podem ocorrer dois tipos de pneumonia:

  • Pneumonia causada pelo próprio vírus: pneumonia primária. Um exemplo seria a pneumonia causada pelo SARS-COV-2 (COVID-19).
  • Pneumonia bacteriana secundária a uma infecção viral do trato respiratório. Por exemplo, uma gripe pode se complicar por causa de uma pneumonia bacteriana
Menino com pneumonia

As vias respiratórias estão constantemente expostas aos microrganismos. O pulmão pode ser colonizado por bactérias, vírus e outros microrganismos por meio dos seguintes mecanismos:

1. Aspiração de microrganismos presentes na garganta

Os aparelhos respiratório e digestivo estão intimamente relacionados por meio da faringe. A faringe une o nariz e a boca à laringe (aparelho respiratório) e ao esôfago (aparelho digestivo). Os alimentos que comemos, depois de passarem pela faringe, devem entrar no esôfago, já que na laringe só pode entrar o ar. Para isso acontecer, há uma estrutura chamada epiglote, que fecha a laringe impedindo que a comida entre e direcionando-a para o esôfago.

Todas as pessoas têm, nas cavidades nasal e oral, bactérias e vírus que não lhes fazem mal. No entanto, a laringe, a traqueia, os brônquios e os pulmões precisam ser estéreis, ou seja, não devem conter nenhum microrganismo, pois caso contrário eles causariam uma infecção. Por isso, conforme explicamos antes, na laringe só entra o ar.

Durante o sono, a musculatura da garganta e da epiglote relaxa; por isso, podem ocorrer microaspirações. Este é o nome dado à passagem de pequenos conteúdos da faringe, como saliva, comida, etc., para a laringe. Estas microaspirações podem conter microrganismos que, depois de passarem pela laringe, chegam aos pulmões. Este mecanismo ocorre na imensa maioria das pessoas que desenvolvem pneumonia, e inclusive em pessoas saudáveis sem nenhuma outra doença.

Por outro lado, há pessoas que não têm um bom controle da epiglote. Isso faz com que elas tenham aspirações de alimentos, bebidas e saliva para a laringe, levando à colonização de seus pulmões.

2. Via inalatória

As pessoas inalam regularmente pequenas quantidades de microrganismos do ar, e eles podem chegar às vias respiratórias. Estes microrganismos podem vir de uma pessoa infectada que tosse ou espirra sem proteção, contagiando aqueles ao seu redor.

3. Via hematogênica

Este mecanismo normalmente ocorre em pessoas que têm o sistema imunológico afetado, também conhecidas como imunodeprimidas. Ou seja, o seu corpo não tem um mecanismo de defesa forte para lutar contra as infecções.

Estas pessoas podem apresentar, por exemplo, bactérias circulando pelo sangue. Estas bactérias podem passar para as vias respiratórias, afetando os pulmões. Em conclusão, a via hematogênica se baseia na passagem de microrganismos do sangue para os pulmões. Felizmente, o contágio por esta via é muito incomum.

4. A partir de uma infecção na pleura ou no mediastino

O pulmão é rodeado por uma membrana chamada pleura. Esta membrana pode se infectar e, por contiguidade, a infecção passa para o pulmão. Além disso, entre os pulmões encontramos diferentes estruturas que formam o mediastino, onde se encontra, por exemplo, o coração. Às vezes esta região também pode sofrer infecções que podem passar para o pulmão.

5. Pneumonias no hospital

No hospital, as pessoas internadas por outras doenças podem contrair uma pneumonia. O mecanismo de contágio mais comum desse tipo de pneumonia está associado à ventilação mecânica, ou seja, ocorre em pacientes intubados e com respirador.

A intubação se baseia na passagem de um tubo direto do exterior até a laringe, impedindo que a epiglote possa desempenhar a sua função de preservar a via aérea sem microrganismos. Portanto, os patógenos do exterior têm uma via mais fácil para poder entrar nos pulmões e infectá-los.

Por isso, a intubação deve ser realizada apenas em situações especiais, quando a vida do paciente está em perigo e ele não consegue respirar adequadamente por outros meios.

Médico fazendo intubação

Mecanismo de defesa

Normalmente, se estes microrganismos entram nos pulmões, são facilmente eliminados pelos mecanismos de defesa do nosso corpo, que incluem:

  • O reflexo da tosse, que ajuda a expulsar o muco e as substâncias estranhas.
  • Os cílios das células que recobrem as vias aéreas pulmonares, que impedem que os microrganismos invadam os pulmões. Esses cílios são como pequenos filamentos móveis que empurram o muco e as substâncias estranhas para cima, para serem eliminados por meio da tosse.
  • As células dos pulmões produzem substâncias que atacam os microrganismos, destruindo-os.
  • Nos pulmões, há células do sistema de defesa do organismo que estão ali de maneira natural, protegendo os alvéolos. São chamados de macrófagos alveolares e a sua função é “comer” os microrganismos e matá-los.

Quando esses mecanismos de defesa falham, o microrganismo é muito potente ou é inalada uma grande quantidade de microrganismos, ocorre a pneumonia.

Como o nosso corpo responde?

Se os mecanismos de defesa primários não forem capazes de expulsar o microrganismo, o nosso corpo produz uma resposta inflamatória. Esta resposta inflamatória é causada pela liberação de substâncias por parte dos macrófagos alveolares.

  • Substâncias que provocam febre. Isso se deve ao fato de que, em uma temperatura mais alta, os microrganismos podem ser inativados e se destruir mais facilmente.
  • Substâncias que atraem outras células de defesa, como os neutrófilos. Os neutrófilos, por sua vez, produzem secreções purulentas. Estas podem tampar os alvéolos impedindo que ocorra o intercâmbio gasoso e provocando uma sensação de falta de ar, porque o oxigênio não chega ao sangue.

Para poder entender melhor, vamos pensar que os macrófagos são os soldados da primeira linha de batalha; quando eles notam que estão perdendo o combate, chamam reforços para que os ajudem a vencer o inimigo. Estes reforços são as outras células de defesa.

No entanto, os reforços que os macrófagos atraem podem desencadear manifestações clínicas prejudiciais para a pessoa. Por isso, para que o nosso organismo pare de produzir esta resposta de defesa, o paciente precisa ser tratado corretamente para poder eliminar o microrganismo.

Conclusão a respeito de como a pneumonia afeta o corpo

Em resumo, as manifestações clínicas da pneumonia não são causadas pelo agente patogênico, e sim pela resposta inflamatória do paciente. Por isso, as pessoas com um sistema imunológico mais forte terão mais sintomas do que uma pessoa imunodeprimida.


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