Logo image
Logo image

Como o cérebro muda com a maternidade?

3 minutos
Ser mãe implica mudanças físicas e emocionais, mas também estruturais. A seguir, descubra como o cérebro da mulher muda com a maternidade.
Como o cérebro muda com a maternidade?
Última atualização: 10 outubro, 2022

A maternidade nos muda de muitas maneiras diferentes. Desde os primeiros momentos da gravidez, inúmeras mudanças físicas e emocionais podem ser percebidas em maior ou menor grau. A seguir, explicaremos como o cérebro da mulher muda com a maternidade.

Pesquisadores de um estudo publicado na Nature Neuroscience observaram uma reestruturação cerebral que começa durante a gestação e continua pelo menos durante os dois primeiros anos subsequentes ao parto.

O cérebro muda com a maternidade?

Some figure
A plasticidade do cérebro de uma mãe está associada a uma adaptação evolutiva.

Uma equipe de pesquisa da Universidade Autônoma de Barcelona realizou ressonâncias magnéticas em mulheres durante e após a gravidez e descobriu uma redução no volume de massa cinzenta nas regiões associadas às relações sociais.

Essa diminuição foi detectada em todas as gestantes estudadas. A mudança ocorreu simetricamente no volume de substância cinzenta nas seções do córtex pré-frontal e temporal e na linha média cortical. Essas áreas são associadas pelos neurologistas aos processos sociais.

Após o parto, novas ressonâncias foram realizadas enquanto as mães olhavam as fotos de seus filhos, e o mesmo efeito continuava. Quando foram realizados estudos com os futuros pais, nenhuma alteração foi registrada a nível cerebral; portanto, concluiu-se que essas modificações cerebrais seriam estritamente femininas.

Você pode se interessar: Bebê estrela e bebê arco-íris marcam uma maternidade diferente

O cérebro da mãe muda

A pesquisa não encontrou diferenças entre as mulheres que haviam concebido naturalmente ou através de tratamentos de infertilidade. Nos dois casos, as reduções de substância cinzenta foram semelhantes.

Vamos ver abaixo como essa diminuição afeta ou modifica as ações da nova mãe:

  • Nenhuma alteração foi identificada na memória ou em outras funções intelectuais.
  • A perda de substância cinzenta não foi associada a um déficit cognitivo.
  • A plasticidade cerebral da mãe teria um fim evolutivo. Assim, a nova mãe responderia com mais eficiência às necessidades do bebê.
  • Graças a essa redução da substância cinzenta, a mãe seria mais sensível ao estado emocional do filho e detectaria possíveis ameaças.

Acreditamos que a redução se deve a um processo semelhante à poda sináptica que ocorre na adolescência, na qual são eliminadas sinapses fracas para favorecer um processamento mental mais maduro e eficiente“, concluiu Susanna Carmona, uma das pesquisadoras do estudo.

A nova mãe perde a memória?

Some figure
Alguns estudos apontam para uma possível diminuição da memória quando as mulheres se tornam mães.

Embora o estudo apresentado no ponto anterior não tenha encontrado evidências da diminuição da memória das mães, uma pesquisa de 2010 sugeriu que as alterações hormonais poderiam ter uma certa influência na cognição.

Entre as suas conclusões, os especialistas mostraram que a adaptação cerebral da nova mãe poderia levar a uma diminuição no rendimento da memória.

Por outro lado, um estudo realizado na Austrália comparou a resposta da memória de mulheres grávidas e não grávidas. Os resultados mostraram uma deterioração significativa na medida naturalística da memória.

De acordo com esses dois estudos, seu cérebro muda quando você se torna mãe. Essa plasticidade permite a adaptação a novas circunstâncias e uma maior resposta empática necessária para cuidar corretamente do bebê, embora possivelmente afete a memória.

Não perca: Licença maternidade: valorizar as mães que deram à luz

Conclusões

Parece que o cérebro realmente muda com a maternidade. No entanto, não existem dados conclusivos que determinem exatamente como essas alterações cerebrais afetam as ações diárias. Em resumo, acredita-se que a mudança:

  • Pode aumentar a capacidade de empatia para permitir que a mãe entenda seu filho.
  • Pode aumentar a capacidade de reconhecer ameaças e perigos em potencial.
  • Pode afetar a memória.
  • Pode ativar as regiões do cérebro associadas com o amor, para gerar uma relação simbiótica que permite o correto desenvolvimento e proteção do pequeno durante seus primeiros anos de vida.

A maternidade nos muda de muitas maneiras diferentes. Não apenas deixa marcas em nosso corpo, mas, ao que parece, modifica nosso cérebro para que possamos responder melhor às necessidades de nossos filhos.

Embora os dados não sejam 100% conclusivos e seja necessário realizar pesquisas adicionais a esse respeito, tudo leva a crer que o cérebro muda com a maternidade.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Elseline Hoekzema, Erika Barba-Müller, Cristina Pozzobon, Marisol Picado, Florencio Lucco, David García-García, Juan Carlos Soliva, Adolf Tobeña, Manuel Desco, Eveline Crone, Agustín Ballesteros, Susanna Carmona, Oscar Vilarroya. Pregnancy involves long-lasting changes in human brain structure. Nature Neuroscience. DOI: 10.1038/nn.4458
  • ScienceDirect. (2010). Giving birth to a new brain: Hormone exposures of pregnancy influence human memory. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0306453010000314
    Rendell, P. G., & Henry, J. D. (2008). Prospective-memory functioning is affected during pregnancy and postpartum. Journal of Clinical and Experimental Neuropsychology, 30(8), 913–919. https://doi.org/10.1080/13803390701874379
  • Hoekzema, E., Barba-Müller, E., Pozzobon, C., Picado, M., Lucco, F., García-García, D., … Vilarroya, O. (2016). Pregnancy leads to long-lasting changes in human brain structure. Nature Neuroscience, 20, 287. Retrieved from https://doi.org/10.1038/nn.4458

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.