Qual é a relação entre a amamentação e o sistema imunológico do recém-nascido?

A amamentação é a chave para garantir o bom funcionamento do sistema imunológico do bebê. Além disso, também garante a obtenção dos nutrientes necessários.
Qual é a relação entre a amamentação e o sistema imunológico do recém-nascido?
Saúl Sánchez Arias

Escrito e verificado por nutricionista Saúl Sánchez Arias.

Última atualização: 23 agosto, 2022

A amamentação é uma das formas mais saudáveis ​​de alimentação para o bebê e, conforme comprovado por diversos estudos, permite atender as suas necessidades nutricionais de forma ideal, favorecendo um bom desenvolvimento e crescimento e fortalecendo o sistema imunológico.

Não é surpresa que a amamentação está intimamente relacionada ao bom funcionamento do sistema imunológico do recém-nascido. Ela pode a até mesmo determinar a defesa do organismo em períodos posteriores, sendo um elemento fundamental para garantir uma boa saúde.

Composição do colostro e do leite materno

O leite materno não contém apenas macro e micronutrientes, mas também concentra imunoglobulinas que são transferidas para o bebê. 

De acordo com um estudo publicado na revista Annals of Nutrition & Metabolism, amamentar durante os primeiros meses de vida reduz o risco de desenvolver alergias e problemas autoimunes de forma significativa. Isso se deve, em parte, à presença dessas imunoglobulinas.

Bebê mamando no peito
O leite materno fornece todos os nutrientes de que o bebê precisa para se desenvolver adequadamente.

Além disso, o primeiro leite que sai da mama após o parto, conhecido como colostro, possui uma grande quantidade desses compostos bioativos com propriedades benéficas. Não concentra os elementos já mencionados, mas é possível encontrar citocinas e ácidos graxos poli-insaturados de alta qualidade na sua composição.

Benefícios da amamentação para o sistema imunológico do bebê

A Organização Mundial da Saúde aconselha a amamentação exclusiva durante os primeiros 6 meses de vida do bebê; isso se deve aos benefícios comprovados para o bebê e para o seu sistema imunológico.

A amamentação reduziria o risco de doenças autoimunes

Conforme já comentamos e de acordo com diversos estudos, o colostro e o leite materno seriam capazes de reduzir a incidência de problemas autoimunes, como as alergias.

Garantir a ingestão desse alimento pelo menos durante o primeiro ano de vida do bebê diminuiria as chances de desenvolvimento de patologias relacionadas ao mau funcionamento do sistema de defesa em épocas posteriores.

Menor incidência de doenças infecciosas graças à amamentação

Conforme evidenciado por uma pesquisa publicada na revista Minerva Pediatrica, a amamentação reduziria o risco de morte por pneumonia durante as primeiras fases da vida.

Esse método de alimentação aumenta as chances de sobrevivência do bebê, protegendo também contra o desenvolvimento de diversas patologias crônicas e complexas a médio prazo.

Mãe amamentando seu filho
A amamentação requer uma técnica muito específica, por isso é comum que haja dificuldades para alimentar o bebê dessa forma.

Desenvolvimento ideal do sistema imunológico dos bebês prematuros

Um dos principais problemas dos bebês prematuros é que eles nascem sem a maturação ideal de muitos dos seus sistemas. Portanto, o funcionamento da fisiologia pode ser comprometido, gerando assim ineficiências que condicionam o estado de saúde.

Nestes casos, a amamentação se torna ainda mais importante. De acordo com um artigo publicado na revista Clinics in Perinatology o leite materno seria capaz de melhorar a eficiência do sistema imunológico em prematuros; dessa forma, o risco de desenvolver problemas autoimunes em curto prazo seria reduzido.

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Até que idade a amamentação é recomendada?

Este é um assunto que gera muito debate. Os especialistas afirmam que, no mínimo, a amamentação deve ser oferecida durante o primeiro ano de vida para que seja possível usufruir de todos os seus benefícios.

Embora seja verdade que a alimentação complementar pode ser introduzida após os 6 meses, é ideal continuar com a administração de leite materno por mais 6 meses. 

No entanto, outros especialistas defendem uma extensão ainda maior da amamentação. Apesar de tudo, isso nem sempre é possível, principalmente pelo desconforto que pode ser gerado na mãe relacionado à hipersensibilidade das mamas ou à dor.

Cabe observar que, ao substituir o leite materno por um produto de fórmula, é preciso prestar uma atenção especial ao rótulo.

Muitos dos leites de fórmula encontrados no mercado contêm grandes quantidades de açúcares simples na sua composição, o que é prejudicial para o bebê. Além disso, é importante garantir que o conteúdo de ácidos graxos insaturados seja o suficiente.

A amamentação favorece o desenvolvimento do sistema imunológico

A amamentação é a chave para garantir a maturação adequada do sistema imunológico do bebê. Graças a ela, o risco de desenvolver alergias e asma, entre outras patologias relacionadas a problemas autoimunes, é significativamente reduzido. Ao mesmo tempo, as chances de sobrevivência aumentam e o risco de pneumonia grave é reduzido.

Além disso, é preciso destacar que o leite materno é o alimento mais completo para o bebê. Ele contém proteínas de altíssima qualidade, ácidos graxos insaturados e todas as vitaminas de que o corpo humano necessita para que os processos fisiológicos ocorram de forma eficiente. Embora haja divergências sobre quando suspender a sua administração, quase todos os especialistas concordam que isso não deve acontecer antes do primeiro ano de vida.


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