Aborto retido: o que é e por que ocorre?
Escrito e verificado por A enfermeira María Cantos
O aborto retido é um dos diagnósticos que as gestantes mais temem. Esta é uma das razões pelas quais as mulheres chegam apreensivas às consultas com o obstetra no primeiro trimestre da gestação, uma vez que existem muitos medos e inquietações relacionados à possível interrupção da gravidez.
Quando ocorre um aborto, muitas mulheres tentam encontrar a razão em comportamentos e hábitos negativos que possam ter tido. No entanto, na maioria dos casos, o motivo não tem nada a ver com o comportamento materno. Explicaremos um pouco mais sobre o aborto retido para que você não se sinta culpada se estiver passando por esta situação.
O que é o aborto retido?
O aborto é a interrupção da gravidez. Este termo é comumente usado na primeira metade da gestação, quando a mesma não progride. Quando o médico descobre que o desenvolvimento do embrião parou, a gestante está enfrentando um aborto retido.
São situações que aparecem sem sintomas associados e, por esse motivo, são mais difíceis para a compreensão do casal. Isso leva ao surgimento de estados de desconforto e dúvidas sobre a fertilidade.
Para diagnosticar um aborto retido, o médico realizará um ultrassom transvaginal no primeiro trimestre. Dependendo da semana gestacional em que a gravidez se encontra, pode ser necessário repeti-lo novamente antes de fazer um diagnóstico definitivo.
O valor do hormônio gonadotrofina coriônica (hormônio da gravidez) começa a diminuir cerca de 10 dias após o desenvolvimento do embrião ter sido interrompido. Por esse motivo, a realização de um exame de sangue ou um teste de farmácia não tem valor diagnóstico.
Sintomas do aborto retido
Trata-se de um quadro sem sintomas associados. Na maioria dos casos, as mães não têm sangramento ou dor abdominal. Por esse motivo, seu diagnóstico costuma ser feito tardiamente, quando é realizada uma ultrassonografia de controle.
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Causas do aborto retido
Muitas mulheres que sofreram um aborto retido têm muito medo de que essa situação ocorra novamente. Devido a essa experiência, quando engravidam novamente, pensam que é um quadro que pode aparecer rotineiramente.
As causas pelas quais um aborto retido ocorre estão associadas à ausência de sinais que favorecem a expulsão e o sangramento para limpar o útero, tais como ausência de contrações, ausência de dilatação do colo do útero ou ausência de descolamento.
No entanto, a dúvida que todas as gestantes querem esclarecer é por que o desenvolvimento do embrião parou. 15% das gestações terminam em aborto e 80% deles ocorrem no primeiro trimestre da gravidez. As razões pelas quais os abortos ocorrem são variadas:
- Genéticas. O desenvolvimento embrionário é mais delicado do que imaginamos e o próprio corpo tende a não permitir a evolução de embriões com anomalias cromossômicas. Existem casos de condições mais amenas que podem evoluir até o nascimento do bebê, mas na maioria das vezes a gravidez para.
- Anatomia do útero. Malformações na estrutura uterina que não permitem a adesão adequada do embrião.
- Doenças endócrinas, sanguíneas ou imunológicas. Certas doenças que afetam todos os órgãos do corpo e costumam ter consequências durante a gravidez.
- Infecções. Existem algumas doenças causadas por vírus ou bactérias que acabam afetando o embrião, o que pode provocar uma malformação fetal incompatível com a vida.
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Tratamentos recomendados
Nessas situações, é preciso acompanhar a eliminação completa de todo o conteúdo presente dentro da cavidade uterina. Para fazer isso, é possível agir por meio de diferentes processos:
- Atitude expectante. Consiste em esperar o próprio corpo expulsar o conteúdo. É essencial fazer consultas periódicas para avaliar a condição e monitorar se não há riscos infecciosos.
- Tratamento farmacológico. Envolve administrar medicamentos vaginais que ajudam a dilatar o colo do útero graças às contrações uterinas.
- Processo cirúrgico. Neste, é realizada uma curetagem, que pode ser feita por meio da técnica de aspiração ou raspagem. É realizada na sala de cirurgia, sob sedação anestésica e após um jejum de cerca de 6 horas.
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