Luto perinatal: o que todas as mulheres sofrem

Quando um bebê morre após a 22ª semana de gestação ou até uma semana após o nascimento, o que é chamado de morte perinatal ocorre. O luto será um processo intenso
Luto perinatal: o que todas as mulheres sofrem

Última atualização: 11 abril, 2019

O luto perinatal é aquele que surge da morte do bebê, antes ou alguns dias após o nascimento. É uma dor intensa que pega de surpresa a mãe, seu parceiro e a família.

A mulher, seu parceiro e sua família devem passar pelo luto perinatal. Como toda a perda de um ente querido, essa situação deixa uma profunda marca emocional, com a circunstância agravante de que os pais e outros parentes próximos não conseguiram conhecer o bebê.

Quando a gravidez resulta em uma triste estatística

Quando a gravidez resulta em uma triste estatística

A confirmação de uma gravidez desejada é uma explosão de felicidade. Quase inevitavelmente, começa um estouro de emoções, desejos e expectativas. No entanto, é necessário superar o primeiro trimestre para ter certeza de que a gravidez acontecerá sem grandes riscos.

Os abortos espontâneos são aqueles que ocorrem antes da 12ª ou 13ª semana de gestação. Embora causem sofrimento emocional intenso nas mulheres, eles não são tecnicamente consideradas como um luto perinatal.

Este luto é chamado de perinatal porque é o que deriva da morte do bebê no período perinatal. Este período é o que vai da 22ª semana de gestação até uma semana após o nascimento.

O luto perinatal é vivido em silêncio

O luto perinatal é vivido em silêncio

À dor intensa que significa perder a criança que se esperava com tanto anseio, acrescenta-se o fato de que o luto perinatal não costuma ser reconhecido pelos ambientes sociais e de trabalho dos pais. O que torna o processo de aceitação e cura ainda mais complexo e lento.

Existem vários fatores que podem intensificar o desconforto emocional da mulher que perdeu o bebê:

  • Abortos espontâneos ou mortes perinatais anteriores que não foram superadas.
  • O tempo que levou para a concepção do bebê.
  • A idade da mulher que, com o passar do tempo, imprime uma pressão extra à concepção.
  • A perda de uma gravidez múltipla.
  • O sentimento de apego que pode ter se desenvolvido, principalmente se a criança tiver nascido.
  • A falta de apoio social. O plano de saúde e centros hospitalares nem sempre fornecem condições para lidar com esses casos.
  • A ausência do pai que não se comprometeu com a gravidez.
  • A incapacidade de compartilhar experiências e memórias com a família ou o ambiente social, dar nome ao bebê ou dizer adeus.

Fases do luto perinatal

O luto perinatal pode durar dias, semanas, meses ou até anos. Tudo dependerá do temperamento da mulher e das condições que envolveram a morte do bebê.

Como qualquer luto, ele consiste em várias fases ou etapas.

Fase da negação

Esta é uma fase em que é difícil acreditar que a morte perinatal tenha ocorrido. A mente da mulher não estava preparada para receber notícias tão chocantes.

Por outro lado, este estado de choque e descrença é o mecanismo da mente para digerir a realidade esmagadora pouco a pouco.

Fase da raiva

Raiva duranto luto perinatal

Essa fase aparece quando a mãe sente culpa pelo que aconteceu. Ela sente raiva de si mesma, do companheiro e dos médicos que estiveram em contato com seu bebê.

Se a mulher for religiosa, ela ficará aborrecida com Deus, porque não entenderá as razões daquilo ter acontecido. Também é comum invejar os casais que viveram suas gestações sem complicações e desfrutam dos seus filhos.

Fase da negociação

Esta fase começa quando a culpa se torna confusão. “Se eu tivesse feito isso ou aquilo” é aquilo que mobiliza ou perturba os pais que sofreram a perda.

Sem dúvida, eles se perguntam repetidas vezes o que teria acontecido se, em vez de fazer uma coisa ou outra, tivessem feito algo diferente para evitar a morte de seu filho. Eles também imaginam como seria bom ter o bebê.

Fase da depressão

Depressão durante o luto perinatal

A negociação dura pouco e dá lugar à depressão. Diante da realidade irrevogável que a morte perinatal significa, surgem emoções ou sintomas como tristeza, relutância, distúrbio do sono ou perda de apetite.

Também, haverá ansiedade na dúvida de engravidar novamente ou o medo de que a mesma coisa aconteça com a próxima gravidez.

Fase da aceitação

É a fase final do processo de luto perinatal. É quando você aceita que precisa continuar vivendo apesar de ter sofrido uma perda.

Pouco a pouco, a rotina diária é retomada. No entanto, a esperança de conceber um novo bebê ainda leva algum tempo para aparecer.

Dicas para superar o luto perinatal

Se você acabou de sofrer a perda de um bebê, tem o direito de viver sua dor perinatal. É necessário que seja assim para que você possa aceitar, chorar e curar a ferida deixada pelo fato de que a sua gravidez não chegou a um desfecho feliz.

Para viver e superar as diferentes fases do luto perinatal, deixaremos as seguintes recomendações:

  • Em primeiro lugar, o seu médico deve dar uma explicação detalhada das razões médicas que causaram a sua perda, assim como as consequências que podem ser derivadas para futuras gerações.
  • Além disso, não se abstenha de dar um nome ao seu bebê na frente do seu parceiro, parentes, amigos ou colegas de trabalho. Para passar pelo luto, você não precisa esquecer o bebê que perdeu.
  • Por outro lado, sofra livremente com a sua perda. Evite definir prazos para se recuperar.
  • Ademais, você também deve fazer todo o necessário para se sentir um pouco melhor a cada dia.
  • Definitivamente, não se esqueça de cuidar da sua saúde física e emocional. Se você precisar de ajuda profissional, não hesite em procurá-la.
  • Por sua vez, ninguém pode pressioná-la sobre qual será o destino que você vai dar às roupas ou acessórios que você tinha comprado para o bebê.
  • Certamente, o riso é saudável. Não tenha medo ou acredite que isso vai desonrar a memória do bebê que partiu.
  • Finalmente, se você precisar fazer um ritual para se despedir, honrar ou lembrar o bebê, faça.

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Reflexão final

Em conclusão, o luto perinatal deve ser vivido independentemente das razões que motivaram a perda do bebê. A mulher, o casal e a família têm o direito de viver e superar a dor. Pouco a pouco, a normalidade será recuperada. É uma questão de ser paciente e esperar.


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