Valores normais de prolactina e por que eles podem ficar alterados
Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto
A prolactina é um hormônio peptídeo, ou seja, sua estrutura é a de uma proteína. Através da união de vários aminoácidos, forma-se uma substância mais complexa que acaba se tornando um hormônio, com o poder de causar alterações no organismo. Este artigo explica quais são as funções desse hormônio e o que pode acontecer se os valores normais de prolactina forem alterados.
Nos seres humanos, a prolactina é fabricada na hipófise. A hipófise possui duas partes bem diferenciadas: a adeno-hipófise, na parte anterior, e a neuro-hipófise, na parte posterior. É na adeno-hipófise que a prolactina é criada juntamente com outros hormônios, como a tirotropina e o hormônio luteinizante.
As células encarregadas da fabricação são chamadas lactotrópicas, porque a prolactina terá a principal função de estimular a produção de leite nas glândulas mamárias. Secundariamente, intervém no ciclo menstrual mensal.
Esse hormônio não era conhecido no mundo médico antes de 1928, embora seja considerada a substância hormonal mais antiga do reino animal, uma vez que foi encontrada em diversos seres, como insetos e peixes.
A quantidade desse hormônio é regulada com um mecanismo de retroalimentação positiva, ou seja, quanto mais estímulo houver para sua produção, mais é criado nas células. Por exemplo, quando a mãe está amamentando, sinais nervosos são enviados à hipófise para produzir mais prolactina.
Para que serve a prolactina?
Nas mulheres, a função da prolactina está essencialmente ligada à produção de leite nas glândulas mamárias. O hormônio dá sinal às mamas para que sintetizem lactose, caseína e lactoalbumina, proteínas que irão compor o leite materno.
A prolactina começa a aumentar sua quantidade no corpo da mulher grávida antes do parto, mas outros hormônios, como a progesterona, impedem que ele comece a sair. Quando o trabalho de parto ocorre, os níveis de progesterona caem e a prolactina pode agir livremente para iniciar a lactação.
Nos homens, por outro lado, a prolactina atua na glândula adrenal. Não é um efeito muito notório, pelo que a ciência sabe até agora. No entanto, descobriu-se que ela poderia estar envolvida no período refratário do homem, após ter relações sexuais.
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Valores normais de prolactina
Como todas as substâncias que circulam no organismo humano, sabe-se que a prolactina possui valores normais ideais para realizar suas funções. Esses valores são diferentes dependendo do sexo e do estágio da vida de cada pessoa:
- Homens: o normal é ter menos de 20 ng/ml no sangue.
- Mulheres não grávidas: a prolactina deve variar de 2 a 29 ng/ml.
- Grávidas: o valor esperado é maior, até 209 ng/ml.
- Após a menopausa: nessas mulheres a margem é menor, fica entre 2 e 20 ng/ml.
Em uma mulher não grávida, um resultado de prolactina superior a 100 ng/ml requer investigação intensiva para entender a razão do aumento exagerado. Em geral, as causas mais frequentes são o uso de certos medicamentos e a existência de pequenos tumores benignos na hipófise.
O exame bioquímico para saber o valor da prolactina é feito por meio de uma extração sanguínea, portanto não se considera complicado. Não é necessário que todas as pessoas meçam esse hormônio, mas sabemos que é uma indicação fazê-lo para:
- Pessoas com problemas de infertilidade
- Mulheres com ciclos menstruais alterados
- Mães que veem sua produção de leite materno alterada
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Doença causada pelo aumento da prolactina
A condição mais frequente causada pela alteração desse hormônio é o aumento do mesmo em sua concentração no sangue. Essa situação é chamada de hiperprolactinemia, e se ocorrer em uma pessoa não grávida, é quase certo que se origine de um pequeno tumor da hipófise.
Esses tumores são conhecidos como prolactinomas. A grande maioria é benigna e não muda de tamanho ao longo do tempo. Uma pequena proporção deles é grande ou tende a crescer, requerendo intervenção cirúrgica.
Também há hiperprolactinemia quando as mulheres realizam atividades físicas muito intensas ou quando passam por estágios de estresse. Alguns medicamentos também têm como efeito adverso um aumento desse hormônio, e entre eles estão os antidepressivos. No hipotireoidismo, geralmente são detectados aumentos de prolactina que não respondem a outra causa.
Estudos recentes associaram a obesidade a altos níveis de prolactina. Pode acontecer que, em algumas pessoas, um alto valor de prolactina gere um apetite maior como resposta.
Os médicos que cuidam de uma mulher com hiperprolactinemia também não podem descartar a síndrome do ovário policístico, e devem solicitar estudos de imagem ginecológica e outros testes de laboratório para confirmar.
Concluindo, estamos lidando com um hormônio fundamental, principalmente para as mulheres. É importante consultar um profissional de saúde se houver sintomas relacionados ao sistema ginecológico ou à amamentação, para descartar a hiperprolactinemia ou tratá-la se for necessário.
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