O uso de chupetas e mamadeiras é prejudicial?
Revisado e aprovado por a médica Maricela Jiménez López
O uso de chupetas e mamadeiras é muito frequente. Há mães e pais que optam por usar ambos, outros preferem só um dos dois e também há aqueles que definitivamente dispensam o uso destes itens.
O fato é que eles estão rodeados por controvérsias a respeito dos efeitos que possuem sob a saúde do bebê. Há os que argumentam que ambos são fundamentais para aliviar e alimentar o bebê, mas também existem as opiniões contrárias.
Estamos diante de dois instrumentos amplamente utilizados pelas mães hoje que podem certamente ser benéficos em um sentido, mas cujo uso também tem certas repercussões negativas. Aqui estão algumas verdades por trás do uso de chupetas e mamadeiras.
Chupetas e mamadeiras: como funcionam?
O uso destes itens está vinculado ao reflexo natural de sucção que o bebê possui. Este reflexo aparece na trigésima segunda semana de gestação, porém se desenvolve completamente na trigésima sexta semana.
O reflexo de sucção, junto com o reflexo de deglutição, garante a sobrevivência do bebê. Graças a eles a criança pode se alimentar e, por sua vez, a sucção oferece calma quando o bebê está inquieto, por isso algum chupam os dedos para se tranquilizar.
Estes reflexos costumam desaparecer por volta dos seis meses. Um bebê os usará para se prender ao peito de sua mãe, assim obterá alimento e sossego. Se o bebê não for amamentado, estes reflexos o ajudarão a usar a chupeta para se acalmar e a mamadeira para se alimentar. É o que aponta este estudo publicado na BMC Pediatrics.
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Porque introduzir o uso de chupetas e mamadeiras?
As mães que amamentam e tentam introduzir o uso da chupeta nem sempre obtêm bons resultados. O bebê, evidentemente, prefere o peito da mãe não só para se alimentar, mas também porque dali recebe a calma que necessita.
No caso dos bebês que não podem se amamentados, chupetas e mamadeiras vêm para substituir o peito materno. Com as primeiras, é possível realizar a sucção não nutritiva, que tem um efeito calmante, enquanto que a segunda permite a sucção nutritiva.
Os pediatras possuem posicionamentos conflitantes sobre até que idade é preferível que a criança use chupetas e mamadeiras. Alguns dizem que até completar o primeiro ano de vida. Outros aceitam que a mamadeira possa ser usada até os 18 meses e que a chupeta se prolongue dos 18 aos 24 meses. Depois são desnecessários.
Porque o uso de chupetas e mamadeiras pode ser prejudicial?
Sugar a mamadeira é mais simples do que mamar. Mas, como o leite sai sozinho, pode diminuir a tensão muscular (hipotonia) da língua e dos lábios e hipertrofiar as bochechas.
Em contrapartida a sugar o mamilo, onde há 10% a mais de movimento. O mamilo se posiciona na parte posterior da boca, o que exige uma coordenação de movimentos entre mandíbula e língua para extrair o leite.
A medida em que o bebê cresce, a sucção e a deglutição deixam de ser reflexos. Pouco a pouco se transformam em atos voluntários, porque são necessários para depois mastigar e comer.
Nessa evolução, também se desenvolvem todas as partes do rosto envolvidas na fala, como mostra este trabalho publicado na XLIII Reunião Anual da Sociedade Argentina de Pesquisas Odontológicas.
Que consequências o uso prolongado de chupetas e mamadeiras pode ter?
Crianças que se alimentam com mamadeira improvisam padrões de sucção, deglutição e respiração para dosar o conteúdo extraído e tomá-lo sem engasgar. Assim, dosam o conteúdo extraído e o engolem sem sufocar. Porém, o uso prolongado de mamadeiras e chupetas tem como consequências no desenvolvimento da criança:
- Risco de aspiração de alimentos. A reorganização muscular pode causar regurgitação e aspiração de alimentos.
- Episódios de apneias prolongadas. Como os bebês que tomam fórmulas lácteas tendem a ter um sono mais profundo, podem ocorrer episódios de interrupção da respiração ou períodos em que a respiração se torna muito superficial enquanto dormem. E isso é evidenciado por este artigo publicado em Das Schlafmagazin.
- Se desenvolve o hábito de respiração bucal. A criança precisa respirar pela boca devido à congestão. Isso desencadeia falhas na ventilação, infecções respiratórias, diminuição da capacidade auditiva, alteração do desenvolvimento torácico e maxilofacial.
- A postura cervicocraneal e do eixo vertical do corpo é alterada. O mau funcionamento da língua e da mandíbula gera uma má posição da cabeça e do pescoço com relação à cintura e ao eixo vertical do corpo para compensar a disfunção.
- O desenvolvimento maxilodentário é afetado. Quando a criança usa mamadeira não faz força do vazio que a sucção tem, que é de grande importância para o equilíbrio das pressões musculares internas (língua e palato mole) e externas (lábios e bochechas).
- Há um risco maior de surgirem cáries, pois a alimentação com mamadeira costuma estar associada à hora de dormir, conforme evidenciado por esta pesquisa publicada no Clinical Journal of Family Medicine. O açúcar ou alimentos açucarados adicionados à fórmula láctea permanecem nos dentes, pois o bebê pega a mamadeira e adormece sem conseguir limpá-la.
- Ao não desenvolver adequadamente os músculos mastigatórios, dificulta-se a fonoarticulação da linguagem. Assim, podem ocorrer atrasos no desenvolvimento da fala.
Veja também: É possível dar leite materno e de fórmula na mesma mamadeira?
Não posso amamentar: o que faço?
Se efetivamente você não pode amamentar, o ideal é que use chupetas e mamadeiras pelo menor tempo possível. Porém, há mães que usam copos com bicos e, inclusive, colheres pequenas ao invés de usar mamadeiras. Além disso, também não introduzem o uso da chupeta. Avalie se esta decisão funciona para você e seu bebê.
Em qualquer caso, o importante é evitar que estes itens estejam associados ao momento de dormir; caso contrário podem surgir dependências ao se transformarem em um hábito prolongado por mais de dois anos.
Permitir o uso abusivo de chupetas e mamadeiras pode fazer com que seu filho se transforme em um futuro usuário de aparelhos de ortodontia para corrigir os problemas de deglutição ou a deformação de ossos e dentes, o que requer terapia para o desenvolvimento da fala. Ainda que não aconteça com todas as crianças, aumentam as probabilidades.
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