Treinamento funcional corretivo: tudo o que você precisa saber

O treinamento funcional corretivo ajuda a melhorar a maneira como você executa os movimentos. Vejamos como fazê-lo e por que ele é tão importante.
Treinamento funcional corretivo: tudo o que você precisa saber

Última atualização: 09 agosto, 2022

O treinamento funcional corretivo é uma técnica baseada em exercícios que permite identificar e corrigir os desequilíbrios de movimento. Ele utiliza princípios da fisioterpia, anatomia e biomecânica para melhorar, do ponto de vista funcional, a vida cotidiana ou as sessões de treino dos atletas.

Apesar da sua importância, poucas pessoas recorrem a esse treinamento ao longo das suas vidas para modificar possíveis erros de postura, equilíbrio ou coordenação que possam existir. Ele é feito com a ajuda de um profissional qualificado, que escolhe os exercícios de acordo com os problemas identificados durante as observações que ele faz (o programa é personalizado).

Existem muitas dúvidas sobre os benefícios dessa modalidade de treinamento, e também sobre do que se trata e se realmente vale a pena seguir esse tipo de plano de exercício. Nas linhas a seguir mostraremos tudo o que você precisa saber sobre o assunto, para te motivar a incluir esta prática na sua rotina.

Avaliação do movimento funcional: por que é realizada?

Já comentamos anteriormente sobre o treinamento funcional. Em suma, ele é baseado em exercícios que buscam uma aplicação prática na vida cotidiana. Dessa forma as pessoas treinam o corpo, ao mesmo tempo que usam o que aprenderam no dia a dia (para subir escadas, sentar, agachar, etc.).

O treinamento funcional corretivo usa parte deste princípio. Ele consiste em identificar erros de postura, movimento, equilíbrio ou coordenação e corrigi-los por meio de exercícios específicos. Pode ser realizado por atletas que desejam aprimorar a técnica na academia ou por pessoas cuja postura ao caminhar é descoordenada (por exemplo).

Existem muitos métodos para avaliar o movimento funcional. Eles dependem do contexto (se é aplicado a um atleta ou a uma pessoa normal), mas o mais utilizado é o teste de avaliação funcional do movimento. Também conhecido como FMS (pela sigla em inglês,) que se concentra em 7 habilidades.

  1. Agachamento profundo.
  2. Agachamento em avanço.
  3. Salto com obstáculo.
  4. Elevação da perna reta.
  5. Mobilidade dos ombros.
  6. Estabilidade rotativa quadrúpede.
  7. Flexão de estabilidade do tronco.

Cada movimento é avaliado de acordo com uma escala de 0 a 3 pontos, na qual 0 está associado a dor ao executar o teste e 3 a uma execução bem-sucedida. Com base na pontuação, o especialista pode determinar a funcionalidade da técnica ou os padrões de movimento da pessoa.

Embora este teste não seja o único do gênero, alguns estudos corroboram a aplicação dele, devido ao alto índice de segurança. Esse método foi introduzido em 2006 por Lee Bourton, Gary Cook e Barbara Hoogenboom.

Avaliação do movimento funcional: por que ele é realizado?
O treinamento funcional corretivo ajuda a corrigir erros de postura, coordenação, movimento e equilíbrio ao realizar diferentes tipos de exercícios.

O que os resultados significam?

O objetivo deste e de outros exames similares é avaliar objetivamente os erros funcionais de movimento. Nesse caso, a pontuação máxima é 21, de forma que, de acordo com os valores obtidos, será determinado o grau de instabilidade, controle motor e equilíbrio dos participantes.

A importância desse teste se deve ao fato de que os resultados são obtidos separadamente. Escalas de 0 a 3 são aplicadas para cada um dos 7 exercícios. É possível, por exemplo, obter resultados muito bons na estabilidade rotativa quadrúpede, mas muito ruins no agachamento profundo.

Desta forma, o treinador pode traçar um plano orientado a aprimorar a técnica e estabilidade deste movimento. Assim, é realizado um programa personalizado que busca realizações funcionais objetivas. Quanto menor for a pontuação, maiores são os erros identificados durante a execução. A escala completa é a seguinte:

  • 0: dor ao fazer o movimento.
  • 1: a pessoa é incapaz de realizar a posição ou movimento corretamente.
  • 2: a pessoa é capaz de realizar a posição ou movimento, mas precisa compensar esse processo de alguma forma.
  • 3: a pessoa realiza o teste corretamente, sem assimetrias ou dor.

Mais uma vez advertimos que o FMS é apenas uma das muitas ferramentas disponíveis. De acordo com as evidências, os resultados podem ser usados para prevenir lesões futuras e determinar o desempenho esportivo ou prático. Também funciona como uma introdução à aplicação de um programa de treinamento funcional corretivo.

Como é aplicado o treinamento funcional corretivo?

Agora que os erros de movimentos ou técnica já foram identificados, o especialista começa a aplicar o treinamento funcional corretivo. Isso significa que cada programa é personalizado. Você não pode usar o de um colega ou amigo, ou imitar um programa que viu na internet.

Embora em teoria nada te impeça de aplicar o FMS você mesmo, em geral é necessária a orientação de um profissional, que determinará a escala de avaliação final. O treinamento funcional corretivo é aplicado, a princípio, em dois eixos fundamentais:

  • Liberação miofascial: a liberação miofascial se concentra na redução da dor muscular e melhora da amplitude de alguns movimentos. Ela consiste em aplicar pressão na fáscia (tecido conjuntivo das estruturas musculares).
  • Músculos hipoativos: os músculos hipoativos são aqueles que estão tensos, rígidos, fracos ou que não se ativam durante o movimento. Ao treiná-los, as pessoas podem melhorar sua técnica de execução.

Obviamente existem outros eixos que fazem parte do treinamento funcional corretivo, embora os dois tipos citados acima estejam sempre presentes. Se o indivíduo for uma pessoa que não pratica exercícios, por exemplo, o plano terá como foco os movimentos funcionais; caso seja um atleta, estará direcionado à a maneira como ele executa os exercícios.

Como é aplicado o treinamento funcional corretivo?
O treinamento funcional corretivo é personalizado. Por este motivo é realizado um teste prévio para a avaliação funcional do movimento.

Alguns exercícios e suas características

Existem muitos exercícios para o treinamento funcional corretivo. Já esclarecemos que eles são aplicados de forma personalizada, portanto os exercícios mostrados a seguir são apenas um exemplo. Teremos como ponto de partida os dois eixos mencionados na seção anterior.

Exercícios de liberação miofascial

Existem muitos exercícios deste tipo, embora um dos mais utilizados seja o foam roller. Esta técnica usa o próprio peso da pessoa, com a ajuda de um rolo especial, para aplicar pressão em pontos específicos das fáscias. A técnica pode ser utilizada em todo o corpo, embora seja mais prática na zona inferior. As áreas que mais se beneficiam são as seguintes:

  • Panturrilhas.
  • Glúteos.
  • Isquiotibiais.
  • Abdutores.
  • Quadríceps.
  • Banda iliotibial.

Outras opções disponíveis são massagens ou o uso de qualquer outra ferramenta para aplicar pressão (como bolas, por exemplo). A escolha é feita pelo especialista de acordo com os critérios que ele observou na aplicação do teste.

Exercícios para músculos hipoativos

Muitas vezes existe a crença de que o treinamento funcional corretivo não utiliza exercícios de levantamento de peso. Nada poderia estar mais longe da realidade. Se o problema está na fraqueza ou inatividade dos grupos musculares, não existe uma forma melhor de fortalecê-los do que por meio de sessões de ginástica.

Não é necessário usar muito peso para isso. A quantidade será definida com base nos objetivos e capacidade do paciente. Também podem ser utilizados exercícios elaborados exclusivamente para melhorar a técnica. Ensinar como fazer um agachamento de forma correta, por exemplo, é útil para o progresso no treinamento das pernas ou para que o paciente possa se sentar de maneira funcional.

Qual é o objetivo do treinamento funcional corretivo?

O objetivo de um programa funcional corretivo é melhorar a técnica, postura e equilíbrio dos participantes. Ele não foi elaborado apenas para atletas que desejam aprender a fazer levantamento terra, segurar a barra ou aumentar a carga nas repetições.

Ele também pode ser feito por quem já teve um trauma e está se recuperando, pacientes com doenças musculoesqueléticas (como esclerose múltipla), obesos, idosos que perderam massa muscular ou, simplesmente, pessoas que acreditam ter problemas de coordenação ao fazer exercícios.

Não existe um limite de idade para a prática, uma vez que cada sessão é ajustada em intensidade e objetivos. Mesmo aqueles que pensam que não precisam dela deveriam fazer um teste de avaliação de movimento. Algumas dores nas costas e no pescoço, lesões musculares recorrentes ou quedas podem ser corrigidas com a ajuda desses exercícios.

Quem é o responsável pelo treinamento funcional corretivo?

Os profissionais que realizam o treinamento funcional corretivo são treinados para detectar e corrigir anomalias nos movimentos. Eles podem ser fisioterapeutas, quiropráticos, massagistas, treinadores fitness, preparadores físicos, médicos do esporte, entre outros.

Nem todos os profissionais dessas disciplinas estão qualificados para elaborar um programa desse tipo, apenas aqueles que foram treinados para isso. De qualquer forma, você pode procurá-los para consultar a possibilidade de começar um plano de acordo com os seus objetivos.

Por fim, te incentivamos a experimentar esses programas que apresentam benefícios em vários aspectos. Elimine seus preconceitos antes de se matricular em um e siga as recomendações que o treinador sugerir ao longo das semanas.


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