5 tipos de hepatite e suas principais características

Existem 5 tipos principais de hepatite, todos com características particulares. Embora compartilhem alguns sinais e sintomas, elas não são todas iguais e as suas consequências não são as mesmas.
5 tipos de hepatite e suas principais características
Leonardo Biolatto

Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto.

Última atualização: 11 outubro, 2022

Hoje vamos falar sobre 5 tipos de hepatite que são causadas por vírus. Porém, cada uma possui características próprias que as distinguem das demais.

A hepatite, por definição, é qualquer inflamação do fígado. No entanto, sua causa nem sempre é a mesma. É possível ter um aumento do tamanho do órgão devido a uma hiperatividade da vesícula biliar, após uma refeição exagerada, bem como por uma infecção viral grave.

Os 5 tipos virais de hepatite

A hepatite viral pode ser causada por 5 variedades do vírus da hepatite. Eles foram nomeados com uma letra cada para criar uma classificação internacional: A, B, C, D e E. Convidamos você a ver em detalhes o que acontece quando ocorre uma infecção por qualquer uma dessas partículas.

1. Hepatite A

A hepatite tipo A talvez seja a mais branda deste grupo de infecções virais. É transmitida através do circuito ânus-mão-boca. Ou seja, um portador do vírus o expulsa através das suas fezes, contamina os alimentos ou a água que outra pessoa bebe e a partícula encontra um novo hospedeiro.

O paciente com hepatite A sofre de sintomas de gastroenterite com envolvimento hepático. Apresenta febre, dor abdominal, diarreia e vômitos. Como o fígado está inflamado, a bile fica estagnada e não circula, então, a pele fica amarelada gerando um quadro chamado “icterícia”.

Este último é provocado pela bilirrubina que se impregna na pele e nas mucosas, por isso as conjuntivas oculares também adquirem a mesma coloração. O excedente é eliminado na urina, que fica mais escura durante a doença.

Os quadros clínicos habituais duram cerca de 15 dias. Pode durar um mês ou mais, mas não é o mais frequente. A recuperação ocorre sem maiores problemas, e se não houve desidratação, não haverá sequelas no organismo.

A maior preocupação é a perda de fluidos, principalmente em crianças pequenas. Sua capacidade de transmissão requer extrema precaução quando há surtos em populações fechadas, como escolas.

Desconforto abdominal
A hepatite A apresenta sintomas como diarreia, dor abdominal e febre.

2. Hepatite B

A hepatite B é o tipo mais conhecido deste grupo, e sua distribuição mundial é ampla. É transmitida através de fluidos corporais, como sangue e sêmen, razão pela qual é considerada uma infecção sexualmente transmissível.

As consequências da hepatite B a longo prazo são graves. Muitos pacientes evoluem para formas crônicas, como cirrose ou câncer de fígado. A prevenção da progressão é difícil, embora nos últimos tempos cada vez mais medicamentos tenham aparecido e estejam sendo usadas para melhorar a sobrevida de pacientes infectados.

A prevenção dessa patologia é baseada em dois pilares: imunização e educação.  Há uma série de vacinas desenvolvidas, que vários países do mundo têm em seus calendários oficiais.

Por outro lado, a educação preventiva, com maior ênfase em temas sexuais, é fundamental. A divulgação do uso de preservativos e medidas básicas de proteção nos relacionamentos são fundamentais para mitigar a propagação.

Da mesma forma, as restrições ao compartilhamento de seringas entre viciados em drogas intravenosas são estratégias válidas para a redução dos danos.

Hepatite C

Na prática, a hepatite C não é considerada uma forma aguda. Em outras palavras, os pacientes infectados entram na forma crônica imediatamente e podem nunca saber o momento da infecção, até que, posteriormente, uma análise o revele.

A via usual de transmissão é o sangue, por meio de transfusões realizadas em locais não especializados ou seringas intravenosas usadas por viciados em drogas. O contágio sexual é mínimo neste caso, ao contrário da hepatite B.

As opções de tratamento para esses pacientes são complicadas. Em um primeiro momento, os antivirais recomendados pelos protocolos são muito caros. Quase ninguém pode pagar, por seus próprios meios, pelas doses completas que seriam necessárias, então o auxílio estatal ou as obrais sociais são essenciais.

A segunda etapa, se houver progressão da hepatite C e os medicamentos não funcionarem, é o transplante. Esta é a situação de quem desenvolve cirrose ou câncer de fígado devido à cronicidade da infecção. No entanto, nem todos estão em condições de se submeter ao procedimento.

Hepatite D

A partícula viral, neste caso, é considerada um agente delta (daí seu nome com a letra D). Isso significa que é necessário que o hospedeiro já tenha o vírus da hepatite B para coinfectar.

A transmissão é sanguínea e sexual, bem como vertical, da gestante infectada para o filho no útero. Felizmente, a vacina contra a hepatite B também é eficaz na prevenção da partícula delta.

Não se sabe muito sobre este agente delta. Há casos em que as pessoas tiveram os sintomas da hepatite B piorados ao serem coinfectadas, enquanto em outras isso passou despercebido.

Exame de hepatite D
Para que a hepatite D se desenvolva, o hospedeiro deve primeiro ter o vírus da hepatite B.

Hepatite E

Como a hepatite A, essa partícula viral segue o ciclo ânus-mão-boca e se espalha na comida e na água. O quadro clínico também é semelhante ao de uma gastroenterite que surge e desaparece sem a necessidade de intervenção externa.

Sintomas de gravidade foram registrados em mulheres grávidas, entre as quais uma forma agressiva que leva à insuficiência hepática é mais frequente. O fígado perde as suas funções e surgem complicações que colocam em risco a mãe e o feto, como a incapacidade de coagular e o acúmulo de fluidos nos tecidos.

Todos os tipos de hepatite são tratáveis e evitáveis

Apesar de diferentes, todos os tipos de hepatite coincidem na possibilidade de ser evitados. Tomar medidas básicas de higiene e cuidados pode reduzir o risco de infecção.

As hepatites virais são consideradas epidemias silenciosas que continuam se espalhando, já que muitos pacientes desconhecem a sua condição. É importante que se ampliem as informações a esse respeito e que cada vez mais pessoas sejam vacinadas, para que a possibilidade de contágio seja reduzida ao mínimo.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Desmet, Valeer J., et al. “Classification of chronic hepatitis: diagnosis, grading and staging.” Hepatology 19.6 (1994): 1513-1520.
  • Florentini, Mariano Quino. “ICTERICIA COLESTASICA ASOCIADA A HEPATITIS A AGUDA.” Revista Médica Carriónica 4.2 (2017).
  • Gaiche, Nuria Suárez, María Jesús Purriños-Hermida, and Anxela Pousa Ortega. “BROTE DE HEPATITIS A EN GALICIA DURANTE 2016-2018.” Rev Esp Salud Pública 94.24 (2020): 13.
  • Quiroz, Jorge Ferrándiz, et al. “Hepatitis B crónica: Actualización en el diagnóstico y tratamiento.” Diagnóstico 56.1 (2017): 17-23.
  • Salleras, L. “Veinticinco años de vacunación sistemática frente a la hepatitis B de los preadolescentes en Cataluña.” Vacunas 18.2 (2017): 59-70.
  • Platt, Lucy, et al. “Needle syringe programmes and opioid substitution therapy for preventing hepatitis C transmission in people who inject drugs.” Cochrane Database of Systematic Reviews 9 (2017).
  • Burstow, Nicholas J., et al. “Hepatitis C treatment: where are we now?.” International journal of general medicine 10 (2017): 39.
  • Arnold, Kate C., and Caroline J. Flint. “Viral Hepatitis in Pregnancy.” Obstetrics Essentials. Springer, Cham, 2017. 59-65.
  • Donnelly, M. C., et al. “hepatitis E—a concise review of virology, epidemiology, clinical presentation and therapy.” Alimentary pharmacology & therapeutics 46.2 (2017): 126-141.
  • Ejecutivo, Consejo. Mejora de la salud de los pacientes con hepatitis virales: Informe de la Secretaría. No. EB133/17. 2013.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.