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Saturação das crianças com as atividades

4 minutos
Embora existam muitos estudos que valorizam a importância dos jogos para o desenvolvimento infantil, hoje não há tempo para brincar. As crianças do século 21 têm uma agenda sobrecarregada pelos pais. Criatividade, emoções e relacionamentos são treinadas assim: jogando.
Saturação das crianças com as atividades
Escrito por Thady Carabaño
Última atualização: 23 agosto, 2022

A saturação das crianças com atividades nem sempre correspondem aos interesses e preferências da criança. Mas, tem a ver com a incapacidade dos pais de ter um horário que lhes permita compartilhar seu tempo livre, uma vez acabado o horário escolar.

Em outros casos, corresponde ao desejo quase obsessivo dos pais por seus filhos serem “os melhores”. Com isso, eles são submetidas a estresse e pressão desnecessários, o direito de brincar livremente é retirado, o que praticamente rouba sua infância. Parece difícil, mas tende a ser assim.

Crianças com a agenda apertada

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Uma super-saturação do tempo das crianças lhes rouba tempo para se relacionar e aproveitar a infância.

A saturação começa com as atividades extracurriculares. Assim, elas frequentam a escola formal, fazem o dever de casa e depois seguem uma agenda lotada que inclui idiomas, práticas esportivas, atividades artísticas e de informática, para citar as mais comuns.

Se quer nos fins de semana há tempo livre para compartilhar momentos de brincadeira com outras crianças. Geralmente, há apresentações ou competições que devem ser atendidas porque fazem parte de atividades extracurriculares. Mas a agenda cheia de atividades não é apenas durante o período de aula.

As férias também estão saturadas. Elas frequentam a eventos de idiomas ou de esportes, com um extenso programa de atividades. Também participam de eventos culturais ou apresentações dedicadas às crianças.

Elas até gostam do que estão fazendo, mas a organização rígida das atividades deixa pouco espaço para interagir espontaneamente com outras crianças, e menos ainda para brincar com a liberdade.

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Para as crianças, sem brincadeiras não há infância

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As brincadeiras fornecem a eles uma inteligência social e emocional que eles não aprendem de outra maneira.

Não se trata de desacreditar as atividades extracurriculares. O problema é que elas não têm tempo para tudo. As brincadeiras, lúdicas e livres, com crianças da mesma idade ou de outras idades, é vital para eles. Mas o desejo que os pais têm de ocupar o tempo livre delas deixa cada vez menos espaço para que brinquem.

A brincadeira livre, sem fins didáticos ou pedagógicos, onde as normas são definidas pelas crianças, não por adultos, é fundamental para o crescimento saudável das crianças. É a fórmula perfeita para socializar, aprender a gerenciar emoções, estimular a criatividade, melhorar a autoestima e desestressar.

As crianças precisam brincar pela brincadeira em si, não para fins de aprendizado. Isso vem por padrão. Mas aqueles minutos em que a criança brinca livremente com outras crianças estão se tornando menos frequentes nas cidades, em bairros sem espaços de recreação ou em lares onde ambos os pais trabalham.

Essa realidade que as crianças de hoje vivem, que provavelmente não viveram seus pais ou avós, é o que está afetando o desenvolvimento de habilidades sociais.

Crianças pequenas precisam brincar com crianças mais velhas, porque isso desenvolve seu cérebro social. Eles precisam brincar ao ar livre, criar e compartilhar sem a direção marcada dos adultos.

Como combater a saturação das crianças

Os pais programam o horário livre dos filhos porque provavelmente não têm outra escolha. No entanto, ainda é possível evitar a saturação das crianças.

Aqui deixamos algumas recomendações básicas sobre isso:

  • Primeiramente, tenha em mente os interesses e temperamento da criança. Se você vai ocupar o tempo livre dela, tem que ser com atividades que ela gosta e com as quais possa se integrar com facilidade. Por isso, fuja das atividades que reforçam o conteúdo escolar, é para isso que a escola existe!
  • Também evite a agenda sobrecarregada. As crianças precisam de tempo para fazer lição de casa, relaxar, compartilhar com os pais e conversar, por exemplo. Elas também precisam ficar entediados. Seria perfeito se a criança tivesse pelo menos dois dias sem atividades extracurriculares.
  • Se ela não gosta da atividade, não a force a comparecer. Tem que haver um equilíbrio entre encorajá-la a ser perseverante e saber quando é necessário desistir. Antes de matricula-la em uma atividade, tente fazer dois ou três dias de teste. É essencial que a criança goste do que está fazendo.
  • Por outro lado, não se torne uma fonte de estresse infantil. Se uma criança apresenta sintomas de cansaço, insônia ou decadência, talvez ela não possa mais fazer isso. Você tem que deixar o espaço que ela precisa para descansar e ficar quieta.
  • Organize encontros apenas para brincar. Ajude seus filhos a terem encontros com outras crianças apenas para brincar. Você não precisa de uma organização muito elaborada, trata-se de promover o encontro com outras crianças e de deixar que decidam livremente o que brincar e como fazê-lo.

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Brincar é como respirar e comer

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A saturação com atividades extracurriculares reduz o tempo das crianças para brincar livremente.

As brincadeiras são tão importantes para as crianças quanto respirar e comer. Brincar é a chave que abre a porta para o relacionamento com o mundo ao seu redor.

Por isso que os benefícios de brincar para o desenvolvimento das crianças nunca foram tão estudados como no presente, quando a criança tem menos tempo para brincar. Paradoxo, certo?

A organização de atividades extracurriculares que basicamente obedecem aos interesses e necessidades dos pais, tem que deixar espaço para a criança brincar simplesmente pelo prazer de brincar.

Em conclusão, não torture seus filhos. Evite a saturação das crianças com tantas atividades.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Acuña, Marciano, and María José Rodrigo. “La organización de las actividades cotidianas de los niños. Un análisis del currículum educativo familiar.” Cultura y educación 8.4 (1996): 19-30.
  • Feldman, Jean RAutoestima para niños: juegos, actividades, recursos, experiencias creativas. Alfaomega, 2002.
  • Fernández, Isabel Castillo, and Isabel Balaguer Sola. “Patrones de actividades físicas en niños y adolescentes.” Apunts. Educación física y deportes 4.54 (1998): 22-29.

 


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