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Quanto maior a ferida, mais particular é a dor

4 minutos
Embora esteja doendo hoje, essa ferida pode cicatrizar com o suporte adequado.
Quanto maior a ferida, mais particular é a dor
Última atualização: 01 setembro, 2021

Quanto maior a ferida, mais privado se torna o sofrimento e mais sozinha a pessoa se sente. Porque a expressão das emoções negativas costuma ser silenciada, oculta, o que nos impede de comunicar aos outros a dor que sentimos.

Referimo-nos àqueles acontecimentos que, ao longo do ciclo da vida, deixaram uma marca traumática na memória. Essas são experiências adversas diante das quais nos vemos incapazes de reagir. O enfrentamento é diminuído e o próprio comportamento é condicionado.

Além disso, deve-se notar que essas feridas são vivenciadas de forma diferente dependendo do estágio de desenvolvimento em que ocorrem. Por exemplo, uma criança não tem recursos pessoais para lidar com danos, agressão ou decepção.

No entanto, existe um aspecto comum independentemente da idade do indivíduo. Quanto mais intenso o trauma, maior o sentimento de solidão. Convidamos você a refletir sobre isso.

Quanto maior a ferida…

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Uma traição, uma decepção, a dor emocional que alguém nos causou… Tudo isso quebra o equilíbrio e a percepção que até agora tínhamos do que era ‘confiável’, do que nos dava bem-estar e apoio.

Mas quais são os critérios para identificar essas feridas? Como elas nos afetam e quais outras consequências surgem desses eventos?

Quais são as condições para o trauma?

Embora a origem e o contexto em que o dano ocorre variem, algumas características gerais podem ser distinguidas nesses tipos de eventos:

  • A ruptura com o sentimento básico de segurança: por exemplo, aqueles que são importantes para nós nos traem. Com isso, perdemos os pilares básicos que nos ofereciam segurança no dia a dia.
  • A falta de interação afetiva: esta circunstância é frequente quando os pais não estabelecem um vínculo de apego com os filhos. Também costuma ser comum em casais em que um dos membros não sente o apoio e o carinho do parceiro. São vazios que deixam uma ferida profunda.
  • A presença de certas agressões: são danos que afetam tanto os aspectos físicos quanto os psicológicos. Por exemplo, a transgressão dos direitos ou da vontade de alguém pode causar consequências importantes.

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Como essas experiências traumáticas nos afetam?

O impacto de um ataque, de deficiências emocionais ou da quebra de segurança tem um impacto direto no corpo. Assim, uma ferida emocional desse tipo cria uma situação de alerta contínuo para o cérebro.

Medo, desconfiança e ansiedade se instalam. Outros sinais como insônia, cansaço, irritabilidade e oscilações de humor acabam por dar nome ao que se conhece como estresse pós-traumático.

Além disso, apesar de cada pessoa apresentar uma sintomatologia específica, a nível neurológico existem algumas alterações químicas e estruturais que caracterizam esta doença. Um estudo publicado em 2018 por um grupo de pesquisadores da Universidade de Yale (Estados Unidos) aponta isso.

Não deixe de ler: Transtorno de estresse pós-traumático: sintomas, causas e tratamento

Quanto maior a ferida, maior o sentimento de solidão

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Como o dano emocional é mais intenso, a pessoa apresenta uma maior tendência ao isolamento. Nesses casos, a pessoa afetada tem sensações como as seguintes:

  • Ela sente que ninguém entende o que está acontecendo, o que ela está sofrendo.
  • Ela se vê sozinha em meio a um amálgama de medos que não sabe expressar.
  • O desconforto também se traduz em sinais físicos como cansaço, apatia, dores musculares e de cabeça.
  • Todas essas dificuldades levam a uma ‘desconexão’ com o entorno.

Como podemos ver, não é tão fácil compartilhar feridas emocionais. Podemos comentar sobre quão ruim foi o dia, a discussão que tivemos com alguém… Agora, revelar aos outros que um parceiro nos humilha ou que fomos abandonados quando crianças é mais complicado.

Lidando com feridas emocionais

As emoções negativas fornecem informações que nos ajudam a reorientar o caminho, a nos reconstruir.

  • Estar triste, abatido ou cheio de raiva pode nos paralisar em um determinado momento, mas a solução é reagir e agir sobre o assunto.
  • Ninguém é fraco por pedir ajuda, por dizer que não está bem ou falar sobre o que o impede de seguir em frente.

Embora a ferida não tenha sarado completamente, é possível viver novamente com alegria e sem tanta dor. As feridas cicatrizam, cobertas com novas expectativas, com o apoio de quem nos ama…

O passado, então, fica para trás e o presente nos envolve com um manto de entusiasmo.


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