Pupilas puntiformes ou miose: por que isso ocorre?

As pupilas podem refletir a existência de uma lesão nervosa ou mesmo orientar o diagnóstico de intoxicação. Explicamos por que a miose ocorre e quais são os sinais que alertam para a possível presença de um processo patológico.
Pupilas puntiformes ou miose: por que isso ocorre?
Leonardo Biolatto

Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto.

Última atualização: 27 maio, 2022

A palavra miose é o termo médico usado para se referir ao fato de que as pupilas se tornam pontiagudas. Ou seja, consiste na contração da pupila. Embora possa parecer irrelevante, o tamanho da pupila pode dizer muito sobre a saúde de uma pessoa.

Esta parte do olho reage fisiologicamente às mudanças na luz, contraindo ou dilatando. Além disso, seu tamanho varia quando consumimos substâncias tóxicas ou quando ocorre uma lesão cerebral. A seguir, explicamos tudo que você precisa saber sobre a miose.

O que é a miose?

A miose, como acabamos de apontar, consiste na contração da pupila. A pupila é o orifício localizado no centro da íris, ou seja, a parte escura do olho. É responsável por controlar a quantidade de luz que passa pelo globo ocular, em direção à retina.

Para fazer isso, ela pode se expandir ou contrair, dependendo da quantidade de luz que houver no ambiente. Assim, quando o ambiente está escuro, ela se dilata (o que é chamado de midríase). Pelo contrário, quando há muita iluminação, a pupila se contrai. É um reflexo normal e fisiológico controlado pelo sistema nervoso parassimpático.

Esses movimentos são realizados graças a um músculo presente no olho, denominado músculo ciliar. Quando a pupila está dilatada, o músculo que funciona é o dilatador da íris. Nesse caso, o sistema nervoso simpático é o que coordena a ação.

Tudo sobre as pupilas
A pupila reage à luz externa de várias maneiras, dilatando ou contraindo.

Causas das pupilas puntiformes ou miose

Como explicamos, a miose é um processo fisiológico que ocorre em resposta à quantidade de luz. No entanto, esta não é a única situação que pode causar essa reação. Certas substâncias ou doenças podem desencadear o mesmo quadro, como as que relatamos a seguir.

Uso de opioides

Os opioides são substâncias derivadas do ópio que atuam no sistema nervoso central. São utilizados ​​na forma de medicamentos e também como drogas recreativas. Alguns deles são o fentanil, a morfina, heroína e a metadona.

Essa droga age como um agente depressor do sistema nervoso. As pupilas se contraem e dificilmente reagem aos estímulos luminosos. De acordo com um artigo publicado na Universidad Libre Seccional Barranquilla, a intoxicação por opioides é caracterizada por miose, depressão respiratória e da consciência, entre outros sinais.

Intoxicação por agentes químicos

Além dos opioides, existem muitos outros produtos químicos que podem causar essa situação. Na verdade, vários medicamentos provocam miose como um de seus efeitos colaterais. É o caso de alguns antipsicóticos, como o haloperidol. O mesmo ocorre com os medicamentos usados ​​topicamente para tratar o glaucoma.

Síndrome de Horner e miose

A síndrome de Horner é um conjunto de sintomas que aparecem após uma lesão nervosa. Faz com que a pálpebra fique caída e a pupila apresente miose. Além disso, a transpiração do lado da face afetada costuma ser reduzida.

Segundo um artigo publicado na Acta Médica del Centro, uma das principais causas desta síndrome é a iatrogenia. Ou seja, ocorre como consequência de uma falha médica após cirurgias na face, como intervenções odontológicas ou terapêuticas aplicadas à neuralgia do trigêmeo.

Hemorragia cerebral

Em alguns casos, dependendo da área do cérebro afetada pelo sangramento cerebral, a miose pode aparecer. Isso ocorre nos casos em que um derrame é muito extenso ou quando a patologia envolve o tálamo.

Tumor de Pancoast

O tumor de Pancoast é um tipo de câncer que ocorre no pulmão. Pode afetar partes do sistema nervoso simpático, que é o responsável por produzir o efeito oposto à miose (a midríase). Dessa forma, como a pupila não consegue dilatar, ela permanece contraída em decorrência desse tumor.

Como diagnosticar a causa da miose?

Para diagnosticar a causa da miose, o básico é observar o estado geral do paciente. Muitas das etiologias que produzem o sintoma, como intoxicação por opioides ou hemorragia cerebral, costumam ser acompanhadas por uma alteração do nível de consciência.

Se estiver consciente, o ideal é perguntar à pessoa se ela usou alguma droga ou fármaco. Além disso, é necessário observar como as pupilas reagem aos estímulos luminosos. O médico ou o enfermeiro são os responsáveis por estudar os diferentes reflexos oculares para verificar o estado neurológico.

Entre eles está o reflexo fotomotor, que consiste em observar se a pupila se contrai mais quando exposta à luz. Outro é o reflexo de consenso, que confirma se a pupila do outro olho (aquele que não está sendo iluminado) também se contrai. Isso mostra se a lesão é em um dos nervos periféricos ou na parte superior do cérebro.

Miose nos olhos
Os derrames, alguns tumores e certos medicamentos podem ser os causadores da miose persistente.

Um reflexo fisiológico

A miose é um mecanismo fisiológico que ocorre em resposta à luz. No entanto, também pode ser secundária a danos neurológicos ou intoxicação por certas substâncias.

Portanto, é uma parte essencial do exame médico e fornece muitas informações sobre a saúde do paciente. Entretanto, quando for persistente, devemos investigar um possível processo patológico subjacente.


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