Preparação mental: um dos segredos do sucesso de Carlo Ancelotti
Mas se é só futebol! Às vezes, ouve-se esse comentário, tentando racionalizar um esporte que, em muitos países, transborda paixões. Para algumas pessoas, a experiência esportiva determina o clima da semana.
Então imagine o que isso pode significar para um jogador! A pressão que ele sente toda vez que entra em campo.
O que, então, pode fazer a diferença entre ter uma boa experiência ou sofrer com ela? As respostas podem ser muitas. Para Carlo Ancelotti, é a preparação mental.
Um breve passeio pela carreira de Carlo Ancelotti
Há poucos dias, foi anunciado que Carlo Ancelotti, atual técnico do Real Madrid, seria o novo técnico da seleção brasileira. Isso, diante da Copa América que será disputada em 2024.
Ancelotti tem vários recordes a seu favor: entre eles, ser o primeiro técnico a vencer as cinco principais ligas europeias (Espanha, Itália, Inglaterra, Alemanha e França), além de ser o primeiro técnico a vencer a Liga dos Campeões da Europa por quatro vezes.
Um desses registros, talvez o mais curioso, é seu próximo pouso pilotando o “verde e amarelo”. Acontece que, em 60 anos, é a primeira vez que um diretor técnico de origem estrangeira estará no cargo.
Claro que não é por acaso. A abordagem de Ancelotti é muito valorizada, pois ele não se concentra apenas nas habilidades físicas, mas também nas forças mentais.
Preparação mental: a chave do sucesso de Carlo Ancelotti
O caminho percorrido por Ancelotti reside não apenas em suas conquistas ou sucessos pessoais, mas também no que os compõe. Em outras palavras, uma boa liderança e uma condução positiva são, sem dúvida, fatores que influenciam o desempenho do jogador.
Nesse sentido, Ancelotti postula a preparação mental como sua pedra angular:
Neste ponto da temporada, a tática não é tudo. Muito acontece na cabeça.
Esta é uma das declarações do treinador que mostra a importância que atribui à preparação mental. Quando a temporada está chegando ao fim e os jogadores se desafiam com outras equipes, em um período limitado de dias, um controle mental que não trai no meio do caminho é essencial.
“Jogar com jogadores sempre frescos” é uma das máximas que Ancelotti materializa na sua estratégia. O descanso é essencial para que seus jogadores possam se recuperar; não só fisicamente, mas também mentalmente.
Embora ele também considere que o respeito entre os membros da equipe é essencial para criar um ambiente agradável:
Não tenho onze manchetes, mas quinze, ou dezessete.
Por sua vez, Ancelotti põe em prática o verdadeiro trabalho em equipe. Através do revezamento ou rodízio dos jogadores, permite que alguns treinem enquanto outros descansam.
Desta forma, cuidar de cada um implica também cuidar dos outros. Uma forma de equilíbrio muito necessária em esportes de alta exigência. De fato, em algumas de suas entrevistas, ele mencionou que mantém os jogadores em 95% da capacidade, deixando algum espaço para mais progressos.
O treinador deve estar ao serviço dos seus jogadores.
Com isto, ele demonstra o espírito colaborativo na proximidade que tem com os seus jogadores. Ele os ouve, faz com que façam parte da dinâmica e da estratégia, ainda que as decisões finais sejam tomadas por ele.
Estamos em um bom momento, mas não temos apenas uma boa preparação física. A recuperação dos jogadores antes de cada partida e um bom estado mental também são importantes. Não é fácil suportar essa pressão.
Por que a preparação mental é necessária?
Algumas das razões pelas quais é necessário abordar os recursos cognitivos, emocionais e psicológicos dos jogadores são as seguintes:
- Aprender a administrar o sucesso e o fracasso: Em geral, ninguém quer perder (ou se machucar). E os jogadores podem ficar muito frustrados quando isso acontece. Gerenciar as emoções é fundamental para obter os resultados desejados.
- Manter viva a motivação: evitar pensar apenas no resultado e não perder o vínculo com o prazer do esporte.
- Promover a autoconfiança: a exposição dos jogadores a julgamentos sobre seu desempenho às vezes prejudica a confiança em suas habilidades. Nesse sentido, Ancelotti também foi enfático: « A coisa mais perigosa no futebol é o medo. E o medo nasce na cabeça. Se você pensar muito no adversário, você está morto. Você tem que pensar no que você tem que fazer em campo, e só nisso.”
- Exercitar a concentração: evitar que os ruídos externos dominem os pensamentos. Por exemplo, é lógico que um jogador fique nervoso ao cobrar um pênalti decisivo, enquanto os gritos da torcida são ouvidos ao fundo. No entanto, a preparação mental permite menos interferência.
- Aprender a trabalhar a perseverança: é a constância em alcançar os objetivos. Entender que todas as etapas são necessárias para chegar mais perto do objetivo.
Os jogadores são muito mais do que apenas corpos físicos
Por muito tempo, a saúde física foi pensada como separada da saúde mental. Portanto, a ênfase dos atletas foi colocada na preparação do corpo. Isso implicou deixar de lado os fatores psicológicos e sociais que também influenciam o jogador.
Não existe uma certa expectativa e pressão social sobre os atletas de elite? Não há uma grande exposição por estar sujeito ao veredicto do seu público?
Bem, isso mostra que o atleta não é apenas uma pessoa correndo atrás de uma bola, mas uma pessoa com todos os olhos voltados para ele. Há pressão e uma série de emoções a serem gerenciadas. Daí a importância de entender como os fatores psicológicos influenciam o desempenho esportivo.
O fato de os jogadores aprenderem a gerenciar sua inteligência emocional, a conhecer a si mesmos e a sua personalidade, dá a eles mais ferramentas para atingir o objetivo desejado.
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