O que é um estímulo discriminativo?

O nosso comportamento é guiado pelos indícios que percebemos no ambiente. O estímulo discriminativo é um dos sinais que nos diz quando podemos agir para obter consequências positivas. Descubra em que ele consiste a seguir.
O que é um estímulo discriminativo?
Elena Sanz

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz.

Última atualização: 23 agosto, 2022

Quando um radar é anunciado na estrada você sabe que precisa diminuir a velocidade. Se você vir uma placa que diz “WC”, sabe que que se trata do banheiro, e se o semáforo estiver verde você sabe que pode atravessar. Todos os itens acima são exemplos do estímulo discriminativo que, como podemos ver, estão muito presentes no nosso dia a dia.

Esses estímulos são sinais encontrados no ambiente que nos ajudam a regular a nossa conduta. Eles nos dizem quando proceder com um determinado comportamento para obter as consequências desejadas. Se você quiser saber mais sobre esse assunto, te convidamos a continuar lendo.

O estímulo discriminativo

O que é um estímulo discriminativo?
O incentivo discriminativo nos ajuda a determinar se as consequências das nossas ações podem ser positivas.

Para entender o que é um estímulo discriminativo é necessário primeiro falar sobre psicologia comportamental. Essa corrente estuda o comportamento humano e o entende como resultado da relação entre estímulos e respostas.

Isso quer dizer que todo comportamento é precedido por um estímulo e seguido por consequências. A partir dessas associações é criado um condicionamento que modifica a nossa maneira de nos comportar.

Por exemplo, se após emitir uma determinada resposta recebermos uma recompensa ou evitarmos uma punição, aprenderemos a repetir essa resposta. Caso contrário (ao agir de uma determinada maneira obtemos consequências negativas) reduziremos a frequência de emissão dessa resposta. Isso é o que se chama de condicionamento operante, fenômeno estudado por autores como Skinner ou Thorndike.

Mas que papel o estímulo discriminativo desempenha em toda essa estrutura? Bem, ele é o sinal que nos indica quando podemos agir porque nesse momento ou lugar as consequências positivas estão disponíveis.

Por exemplo, uma placa de “padaria” nos indica que este é o estabelecimento onde devemos comprar pão. Em qualquer outro lugar (por exemplo uma loja de roupas), a nossa solicitação não teria a resposta desejada.

Assim, o estímulo discriminativo não faz com que emitamos ou não um determinado comportamento; isso depende das consequências. Ele nos sinaliza quando as condições são adequadas para uma determinada atitude.

Características e exemplos

O estímulo discriminativo é o sinal que indica a oportunidade de resposta. Mas ele pode ser de natureza muito diversa: desde símbolos, sons ou luzes até pessoas, objetos ou ambientes.

A seguir mostraremos alguns exemplos disso que você possa entender com mais clareza:

  • Um rato é colocado em uma gaiola com uma lâmpada e uma alavanca. Se quando a luz estiver verde ele pressionar a alavanca, receberá comida. Se ele fizer isso quando a luz estiver apagada, nada acontece. A luz verde é o estímulo discriminativo neste caso.
  • Quando uma criança chora e a mãe dela sempre a atende e a conforta, mas o pai não. A presença da mãe se tornará um estímulo discriminativo que indicará que o comportamento de choro tem a consequência desejada naquele momento.
  • Um radar nos indica que reduzir a velocidade nesse momento trará uma consequência positiva (evitar uma multa).
  • Ver o nosso parceiro de bom humor nos indica que, se contarmos uma piada ou fizermos uma brincadeira naquele momento, ele irá rir e ficar feliz. Em outras circunstâncias (por exemplo quando ele está irritado ou com raiva), o nosso comportamento não seria reforçado.

Em última análise, esse estímulo nos ajuda a discriminar em que momentos ou diante de quais elementos o reforçador está disponível. E aprendemos isso porque um determinado comportamento foi previamente reforçado na presença desse estímulo.

O estímulo discriminativo e sua relação com o estímulo delta

O que é um estímulo discriminativo?
Enquanto o estímulo discriminativo alerta para um resultado possivelmente positivo, o estímulo delta indica um possível resultado negativo.

Se o estímulo discriminativo nos diz que o reforçador está disponível, o estímulo delta age da forma exatamente contrária: ele nos indica que o nosso comportamento provavelmente não terá a consequência esperada.

Por exemplo: estamos acostumados ao fato de que quando pressionamos o interruptor, a luz acende. Mas se não houver corrente, por mais que pressionemos nada acontecerá. Assim, a falta de fornecimento elétrico atua como um estímulo delta.

Outro exemplo pode ser o de uma criança que, ao guardar os brinquedos na presença da professora, recebe elogios e reconhecimento; mas se ela o faz na presença de seus companheiros, esse comportamento não é reforçado. Assim, a professora seria o estímulo discriminativo (que indica a oportunidade de agir para obter uma recompensa) e os colegas o estímulo delta (na presença deles a consequência positiva não ocorre).

O controle dos estímulos está presente no nosso dia a dia

Esses conceitos (que parecem muito teóricos e pouco aplicáveis à realidade) certamente regem o nosso comportamento cotidiano. Se não aprendêssemos a detectar e responder aos estímulos discriminativos, passaríamos o nosso tempo emitindo comportamentos inúteis e inadequados, por exemplo, tentar comprar comida em uma papelaria ou contar piadas em uma reunião séria de trabalho.

Saber diferenciar quando obteremos consequências positivas e quando não orienta o nosso comportamento e o torna mais eficiente e adaptado. Além disso, esses métodos comportamentais são muito úteis na educação infantil e na psicoterapia para modificar comportamentos inadequados e estabelecer outras condutas mais aceitas.


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