Hiperpaternidade: o que é e quais são as consequências?
Se você tem filhos, entende o que eles significam na sua vida. São aqueles cujo bem-estar buscamos a todo custo. Isso é natural. O problema é quando isso se transforma em um comportamento doentio que os psicólogos chamam de hiperpaternidade.
A hiperpaternidade está transformando as crianças em modelos de seres perfeitos e intocáveis. Humanos que quase não são humanos, mas entidades sem nenhum defeito. O que queremos dizer com isso? Explicaremos todos os detalhes a seguir.
O que é a hiperpaternidade?
A hiperpaternidade se refere a um modelo de criação que se baseia na supervisão excessiva dos pais em relação aos seus filhos. Essa supervisão está associada a expectativas excessivas de um bom filho em quase todas as atividades.
É assim que os filhos se tornam um símbolo de status, pois os pais querem que eles façam todos os tipos de atividades extracurriculares para serem excelentes.
De tocar piano a jogar qualquer esporte e tirar notas incríveis, os filhos desses pais devem cumprir horários rigorosos diariamente para atender aos padrões que os adultos esperam.
Os pais controlam e prestam uma atenção excessiva à vida de seus filhos para torná-los o que esperam que sejam. As crianças e suas atividades são o centro absoluto do seu mundo. Eles exercem uma superproteção resolvendo tudo por eles.
É aqui que encontramos os “pais helicóptero”, que orbitam seus filhos e suas vidas. Outro exemplo são os “pais rolo compressor”, que invadem a vida de seus filhos em busca do melhor. Essas são duas formas de superproteção exercidas na hiperpaternidade.
A hiperpaternidade é uma forma de superproteção que se mistura com a exigência de que a criança seja uma fonte de orgulho e status.Consequências da hiperpaternidade
Esse tipo de criação tem consequências no desenvolvimento da criança. A mais notória é que os hiperpais criam uma visão inflada e presunçosa nos filhos, sempre supervalorizando suas conquistas.
Além disso, existem outras complicações mais profundas, como as seguintes:
1. Repressão do desenvolvimento
Com o passar dos anos, constatou-se a importância das crianças enfrentarem conflitos nos primeiros estágios de suas vidas. Isso deve ocorrer para que elas tenham consciência do mundo ao seu redor.
No entanto, quando vivem em um cenário de hiperpaternidade, os filhos não enfrentam nenhum tipo de conflito, pois os pais não permitem isso. Eles resolvem problemas para eles e os tornam pessoas sem autonomia. São crianças que crescem sem a capacidade de se esforçar ou sem tempo para brincar.
2. Criação de medos e inseguranças
Quando essas crianças têm que enfrentar o mundo, sentem medo e insegurança, pois nunca experimentaram a vida. O resultado é um adolescente inseguro.
Isso é um tanto contraproducente. Um dos temores dos pais que praticam a hiperpaternidade é justamente de que seus filhos não sejam felizes e não tenham amigos. Daí o paradoxo desse estilo de criação.
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3. Baixa tolerância à frustração
Conhecemos a frustração como a incapacidade de satisfazer alguma necessidade ou desejo. Uma característica da hiperpaternidade é que os filhos não podem ficar frustrados, com medo ou preocupados.
Os hiperpais são aqueles que não dirão “não” a nenhum desejo ou pedido de seus filhos. Eles sempre tenderão a agradá-los como uma medida superprotetora.
Ao prevenir a frustração quando são pequenas, as crianças se transformam em adolescentes e adultos que não toleram ouvir “não” no trabalho ou na escola. Eles ficam exasperados com a possibilidade de não conseguirem o que desejam, porque foram crianças que sempre conseguiram.
Pessoas com baixa tolerância à frustração reagem com raiva, agressividade ou retraimento quando não alcançam seu objetivo. Conviver com a frustração é importante para o desenvolvimento emocional saudável.
4. Famílias estressadas
Ao assumir a carga dos filhos em termos de atividades, dando-lhes tudo o que desejam e colocando uma agenda completa à qual devem acompanhá-los, a família fica cada vez mais estressada para cumprir o roteiro.
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Como a hiperpaternidade pode ser evitada?
Para evitar essa situação, o principal é perceber o erro e abandonar esse estilo de criação. O primeiro passo é dar ao seu filho a autonomia de que ele precisa de acordo com a sua idade, como arrumar suas roupas, seus brinquedos e permitir que eles tomem decisões.
A família deve deixar a infância cronometrada de lado. Permita que a criança possa estar sozinha nas atividades de que gosta e nas quais é boa, para que explore as capacidades que possui. Permita que seus filhos assumam seus fracassos, cometam erros e não sejam perfeitos.
Pare de tentar resolver problemas para eles; isso só irá ferir a sua autoestima a longo prazo por se acreditarem incapazes quando as coisas não derem certo.
Seus filhos devem ter a possibilidade de serem crianças humanas imperfeitas, porque quando saírem para o mundo enfrentarão a realidade: a vida não é cor-de-rosa.
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