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Entrevista com Carlos Ríos: e você, come comida real?

4 minutos
Carlos Ríos, criador do movimento realfooding, nos lembra que a indústria da alimentação costuma nos transmitir mensagens confusas sobre o que comemos. No fim, sem saber, acabamos nos transformando em pessoas viciadas em alimentos ultraprocessados.
Entrevista com Carlos Ríos: e você, come comida real?
Carlos Ríos

Escrito e verificado por o nutricionista Carlos Ríos

Última atualização: 23 agosto, 2022

O movimento realfooding ou comida real é muito mais que uma moda dentro do campo da alimentação. Seu criador, o nutricionista Carlos Ríos, está ensinando – e inspirando – milhares de pessoas a seguir um novo estilo de vida. Um estilo mais saudável, que nos permite perceber que, às vezes, ‘o mais simples é o mais correto’.

Sabemos que a indústria da alimentação é muito propensa a se deixar levar pelas modas e pelos gurus passageiros que nos prometem milagres. No entanto, o que Carlos Ríos realiza vai muito mais além. Seu movimento, iniciado há alguns anos de maneira irrefreável por meio das redes sociais, está conseguido duas coisas.

A primeira é fornecer ferramentas e conhecimento ao consumidor para que ele entenda o que consome todos os dias. A segunda é impor uma firme reivindicação: abrir os nossos olhos e nos fazer entender a necessidade de consumir alimentos saudáveis, alimentos ‘reais’.

Falamos sobre isso com Carlos Ríos na seguinte entrevista.

 “A indústria gosta de falar no idioma dos nutrientes e das calorias para que tenhamos a sensação de que estamos comendo de maneira saudável. É um idioma confuso que, no fim, nos leva a consumir alimentos ultraprocessados”.

Entrevista com Carlos Ríos: e você, come comida real?

Carlos Ríos é nutricionista, estudou na Universidade Pablo de Olavide (em Sevilha, na Espanha) e é o criador do movimento realfooding. Ele tem milhares de seguidores nas redes sociais, e seu propósito de despertar a consciência da população ao mais puro estilo Matrix tem obtido ótimos resultados.

Seu livro Come comida real: Una guía para transformar tu alimentación y tu salud (Coma comida real: Um guia para transformar sua alimentação e sua saúde, ainda não disponível em português) é um verdadeiro sucesso. E já tem se tornado um manual imprescindível, respaldado por uma vasta bibliografia científica, o que nos faz entender uma coisa que o próprio Carlos Ríos repete com frequência “não comemos comida real, e sim produtos que foram colocados diante dos nossos olhos”.

Nesta entrevista, não nos aprofundamos apenas no que é de fato o realfooding. Ríos também nos convida a compreender que o conhecimento é poder. Saber o que comemos é empoderador e nos ajuda a escolher melhor, investindo na nossa saúde.

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De onde surgiu a iniciativa realfooding?

Foi algo que iniciei nas minhas consultas e, ao ver os bons resultados obtidos ao focar nos alimentos e ensinar sobre os perigos dos ultraprocessados, decidi levar esse conceito à população geral, já que lido bem com as redes sociais e vi que, por meio delas, era possível alcançar um grande público.

Se a comida real está ao nosso alcance há tanto tempo, por que a maioria da população não tem uma alimentação correta?

Porque a indústria alimentícia tentou “aproveitar” essa forma de vida que temos, sempre com pressa e falta de tempo, para vender produtos rápidos de consumir, fáceis de armazenar e ingerir (os ultraprocessados) fazendo com que, pouco a pouco, nos afastássemos do consumo de comida de verdade.

Qual é o pior alimento que consumimos diariamente? Há algum alimento que deveríamos banir definitivamente da nossa dieta?

Em geral, todos os alimentos ultraprocessados não são saudáveis, e a somatória diária de cada um deles é o que os torna perigosos. Um dos alimentos que provavelmente consumimos mais e, além disso, em grandes quantidades, são os refrigerantes. Talvez por isso sejam os primeiros que devemos evitar.

Então, no que deveríamos prestar atenção na hora de comprar um alimento?

Principalmente nos ingredientes. Sempre estamos atentos às calorias ou à quantidade de gordura, mas os ingredientes são o que realmente importa. A indústria alimentícia sabe o que olhamos nos rótulos e, por isso, tenta nos enganar com produtos “light” ou de baixa caloria, porque sabe que são mais atrativos para nós.

No entanto, esses produtos continuam sendo pouco saudáveis que nem suas versões “não light”. Por isso, a única forma de saber o que estamos consumindo e se é ou não saudável é por meio dos ingredientes do produto. É assim que podemos identificar corretamente a comida real.

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Você poderia dizer quais alternativas existem para comer ou beber nos intervalos das refeições principais?

Para isso, temos muitas opções: frutos secos naturais ou torrados sem adição de sal, frutas, iogurtes naturais, conservas, azeitonas, edamames etc. Para beber, o ideal é água. Mas também podemos preparar um “refrigerante realfooder”, feito com água com gás, limão e gelo.

Como podemos ajudar as crianças a fazer parte dessa iniciativa?

Temos que compreender que as crianças não entendem o conceito de “isso é mais saudável” ou “isso é um alimento ultraprocessado”. Elas utilizam muito a imaginação e absorvem as informações por meio dos sentidos, por isso devemos oferecer a elas comida de verdade de forma criativa, saborosa e, até mesmo, como se fosse “uma brincadeira”. Para elas, não é a mesma coisa comer uma fruta e comer uma fruta que forma “um desenho” no prato.

Para finalizar, por onde podemos começar a incluir comida real??

Por nosso desafio de 1 mês comendo comida de verdade. Na nossa conta no Instagram há muitas informações para começar. Com esse desafio, é possível obter tantos benefícios em um mês que ninguém vai querer voltar aos antigos hábitos.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Srour B., Fezeu LK., Kesse Guyot E., Alles B., et al., Ultra processed food intake and risk of cardiovascular disease: prospective cohort study. BMJ, 2019.
  • Horst KW., Serlie MJ., Fructose consumption, lipogenesis, and non alcoholic fatty liver disease. Nutrients, 2017.
  • Aune D., Giovacnnucci E., Boffetta P., Fadness LT., et al., Fruit and vegetable intake and the risk of cardiovascular disease, total cancer and all cause mortality a systematic review and dose response meta analysis of prospective studies. Int J Epidemiol, 2017. 46 (3): 1029-1056.

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