Os efeitos do paracetamol na personalidade
Revisado e aprovado por a farmacêutica Franciele Rohor de Souza
Um estudo confirmou os efeitos do paracetamol na personalidade dos pacientes que fazem uso desse medicamento. São efeitos inesperados que, até então, eram desconhecidos. Especificamente, o paracetamol pode causar uma diminuição da empatia positiva.
Este medicamento, também chamado de acetaminofeno, alivia as dores leves ou moderadas e os estados febris. Portanto, é amplamente utilizado por suas propriedades antipiréticas e analgésicas.
Assim como outros medicamentos, o paracetamol pode causar vários efeitos colaterais indesejados, que podem ser esperados quando iniciamos o tratamento. Entretanto, até agora, só havia registros de efeitos colaterais hepatotóxicos quando o mesmo era consumido em doses altas.
Estudos que confirmam os efeitos do paracetamol na personalidade
Até agora, o paracetamol foi considerado útil no controle da dor física e mental. Pesquisas recentes da Ohio State University (Estados Unidos) deram um passo adiante.
Em um novo estudo, os pesquisadores descobriram um novo efeito colateral que antes era desconhecido: o paracetamol pode reduzir as emoções positivas.
Dois estudos foram realizados com estudantes da mesma universidade.
Primeiro estudo
O primeiro deles incluiu 82 participantes. Metade deles tomou uma dose aguda de 1 grama de paracetamol e a outra metade tomou um placebo. Depois de aproximadamente 1 hora, eles receberam uma série de fotografias selecionadas para provocar respostas emocionais. Havia três tipos de fotografias:
- Muito desagradáveis: crianças desnutridas, por exemplo.
- Fotos neutras: sem um componente emocional claro.
- Imagens agradáveis.
Depois de visualizar cada foto, eles tiveram que classificá-las em uma escala de gosto/não gosto, com valores de -5 a 5 em cada foto, e, em seguida, medir a resposta emocional que tiveram em uma escala de 0 a 10. Como resultado, os participantes que tomaram a dose de 1 grama de acetaminofeno classificaram as fotografias como menos extremas do que aqueles que tomaram o placebo. O mesmo aconteceu com as suas emoções.
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Segundo estudo sobre os efeitos do paracetamol
Após os resultados acima, os pesquisadores fizeram um segundo estudo no qual apresentaram as mesmas fotos a 85 pessoas. Elas foram convidadas a fazer os mesmos julgamentos de avaliação e reações emocionais que no estudo anterior. No entanto, neste segundo estudo foi acrescentado mais um componente para confirmar que o paracetamol afeta apenas as emoções, e não os julgamentos em geral.
Para isso, os participantes foram convidados a avaliar, além dos testes anteriores, quanto de azul eles viam em cada foto. Novamente, os indivíduos que tomaram paracetamol – em comparação ao placebo – tiveram diferentes avaliações e reações emocionais. Tanto nas fotos negativas quanto nas positivas, eles foram praticamente neutros em suas expressões.
No entanto, os julgamentos sobre o conteúdo em azul foram semelhantes, independentemente de os participantes tomarem o medicamento do estudo ou não. Os resultados sugerem que o paracetamol afeta nossas avaliações emocionais, mas não tem efeitos nos nossos julgamentos gerais.
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Conclusão
No momento, os pesquisadores não sabem se outros analgésicos, como o ibuprofeno e a aspirina, têm o mesmo efeito, embora essa questão esteja sendo planejada para futuros estudos.
O paracetamol, ao contrário de muitos outros analgésicos, não é um medicamento anti-inflamatório não esteroide (AINE). Isso significa que ele não controla a inflamação no corpo. No entanto, ainda não se sabe se esse fato tem alguma relevância para os possíveis efeitos emocionais dos medicamentos.
Neste estudo, o paracetamol pode ter tirado proveito da sensibilidade que leva algumas pessoas a reagir de maneira diferente a eventos de vida positivos e negativos, confirmando os efeitos na personalidade. De qualquer forma, novas pesquisas devem ser conduzidas para confirmar ou descartar esses efeitos.
Como sempre indicamos, o médico deve ser sempre consultado, porque somente ele poderá indicar os benefícios e contraindicações de cada medicamento para cada caso específico.
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