Dieta cetogênica: seu objetivo e seus riscos
Escrito e verificado por a nutricionista Eliana Delgado Villanueva
A dieta cetogênica, ou dieta cetônica (da palavra “Ketogenic” em inglês), é uma dieta muito pobre em carboidratos que se tornou popular por sua capacidade de ajudar a queimar a gordura corporal e as calorias.
De acordo com várias pesquisas, como uma publicada no The American Journal of Clinical Nutrition, ela tem benefícios potenciais para a perda de peso, saúde e desempenho atlético. E há milhões de pessoas que já a experimentaram.
No entanto, se não for feita com cuidado, sob certas orientações, esse tipo de dieta pode colocar a sua saúde em risco. Por que razão? A seguir, contaremos mais sobre esse modelo alimentar e os perigos que ele traz à saúde. Não perca!
Em que consiste a dieta cetogênica?
Como explica uma publicação no Indian Journal of Medical Research, a dieta cetogênica é aquela que reduz ou elimina totalmente os carboidratos para forçar o corpo à cetose. Isso resulta em perda de peso usando a gordura como fonte de energia.
A cetose é um estado metabólico em que o organismo é privado de carboidratos como fonte primária de glicose para produção de energia. Portanto, este se vê obrigado a obter energia a partir do metabolismo da gordura.
Quando privamos o organismo de carboidratos, este usa o glicogênio armazenado no fígado como primeiro recurso. Quando é consumido, o organismo começa a consumir os ácidos graxos, transformando-os em corpos cetônicos. No entanto, sua liberação em massa pode ser perigosa para alguns órgãos.
Dieta cetogênica: descrição
A proporção de carboidratos em uma dieta cetogênica é geralmente bem menor a 50 a 60% do total de calorias. Geralmente, fornece cerca de 10% ou menos da energia na forma de hidratos.
Existem dietas cetogênicas em que a ingestão de frutas e vegetais é permitida, mas em quantidades muito controladas. Outras variantes dessa dieta eliminam completamente toda a fonte de carboidratos, proibindo a ingestão de cereais, farinhas, panificados e também frutas, verduras e legumes.
Além disso, existem dietas cetogênicas em que se recorre ao jejum para promover a formação inicial de corpos cetônicos, que posteriormente devem ser mantidos para alcançar a perda de peso às custas da grande oxidação das gorduras.
Como podemos ver, existem muitas dietas cetogênicas, e todas têm o propósito final de promover a queima de gorduras no organismo para dar origem depois a corpos cetônicos em nosso corpo.
Leia também: Quais são as proteínas magras e como elas contribuem para a dieta?
Riscos de seguir a dieta cetogênica
A um nível geral, entidades como o Canadian Family Physician alertam que os modelos alimentares, como a dieta cetogênica, podem causar efeitos colaterais como constipação, halitose, cãibras musculares, dor de cabeça, diarreia, fraqueza e erupções cutâneas. Vamos detalhar isso abaixo.
1. Redução do consumo de frutas e vegetais
Como a maioria das dietas cetogênicas minimiza o consumo de vegetais e frutas, o corpo recebe uma quantidade mínima de vitaminas, minerais e fibras, que são tão abundantes nesses alimentos. Isso poderia ser resolvido tomando um suplemento vitamínico, se esse tipo de dieta for realizado.
2. Redução do consumo de fibras
Ao ingerir tão pouca fibra, outra consequência é que geralmente apareça a constipação, por isso é aconselhável tomar algum tipo de infusão que tenha efeitos laxativos, como a malva.
3. Mau hálito
Entre outras coisas, também é comum sofrer de mau hálito ou halitose, dada a alta produção de corpos cetônicos. Além disso, alguns estudos sugerem que este tipo de dieta aumentaria a sensação de cansaço ou fadiga, devido à falta de carboidratos na dieta.
4. Poderia reduzir o nível cognitivo
Como o cérebro precisa usar corpos cetônicos para substituir a glicose, seu combustível preferido, o desempenho cognitivo pode ser afetado, como demonstraram os cientistas americanos.
5. É mais difícil seguir
Além disso, embora muitos considerem as dietas cetogênicas mais fáceis de seguir, os estudos mostram o contrário, uma vez que a incapacidade de consumir alimentos muito populares, como cereais, pão, legumes, frutas ou vegetais, reduz significativamente a adesão à ela.
6. Pode causar cetoacidose
Em casos extremos pode causar cetoacidose, se os corpos cetônicos estiverem maciçamente aumentados no sangue, o que pode causar danos a alguns órgãos ou inclusive o coma.
Portanto, para submeter-se a este tipo de dieta é essencial ter um bom estado de saúde prévia e fazer consultas regulares com um profissional de saúde, pois se a pessoa tiver insuficiência renal ou hepática pode ter sérios problemas ao fazê-la.
Leia também: O que é a dieta lipofílica e como segui-la de forma adequada
Cuidado!
Além dos inconvenientes próprios que são adicionadas a este tipo de dieta, alguns grupos de risco com maior vulnerabilidade são:
- Pessoas com insuficiência renal.
- Mulheres grávidas ou amamentando.
- Pessoas com problemas hepáticos ou cardíacos, já que em alguns casos isso leva ao desenvolvimento de arritmias.
A dieta cetogênica não é uma dieta que podemos realizar durante toda a vida ou que promova hábitos saudáveis de vida. Não se trata de uma dieta balanceada, mas antes oferece uma alternativa ocasional e temporária para perder peso e gordura.
Por fim, lembre-se de que para qualquer regime nutricional que você vá seguir, é importante visitar um especialista que analisa seu estado de saúde atual, bem como seu progresso.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Krilanovich, N. J. (2007). Benefits of ketogenic diets [1]. American Journal of Clinical Nutrition. https://doi.org/10.1093/ajcn/85.1.238
- Kanikarla-Marie P, Jain SK. Hyperketonemia and ketosis increase the risk of complications in type 1 diabetes. Free Radic Biol Med. 2016;95:268–77
- Shilpa J, Mohan V. Ketogenic diets: Boon or bane?. Indian J Med Res. 2018;148(3):251–253. doi:10.4103/ijmr.IJMR_1666_18
- Gupta, L., Khandelwal, D., Kalra, S., Gupta, P., Dutta, D., & Aggarwal, S. (2017). Ketogenic diet in endocrine disorders: Current perspectives. Journal of postgraduate medicine, 63(4), 242-251.
- Nutrición clínica y Dietética Hospitalaria. Dietas cetogénicas en el tratamiento del sobrepeso y la obesidad. Nutr. clín. diet. hosp. 2013; 33(2):98-111
DOI: 10.12873/332cetogenicas - Dashti HM, Mathew TC, Hussein T, Asfar SK, Behbahani A, Khoursheed MA, et al. Long-term effects of a ketogenic diet in obese patients. Exp Clin Cardiol. 2004; 9(3): 200–205.
- Ting R, Dugré N, Allan GM, Lindblad AJ. Ketogenic diet for weight loss. Can Fam Physician. 2018;64(12):906.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.