Contato pele a pele: uma técnica essencial após o parto
Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto
A técnica do contato pele a pele, também chamada de método canguru, é uma ação realizada logo após o parto. Consiste em colocar o recém-nascido sobre o abdômen ou tórax da mãe, mesmo antes de ter cortado o cordão umbilical.
Na verdade, essa metodologia também pode ser usada dias após o nascimento. Tem inúmeros benefícios para a saúde do bebê e para o relacionamento entre mãe e filho. Neste artigo, explicaremos tudo que você precisa saber sobre o método.
A técnica do contato pele a pele
O contato pele a pele entre mãe e filho após o nascimento é algo que a humanidade tem feito ao longo da história. É um gesto quase inconsciente, por meio do qual a mãe mostra carinho e proteção ao recém-nascido.
O parto é uma situação complicada para a criança, pois quebra completamente o estado de tranquilidade e conforto que ela vivenciou durante os meses de gestação. O primeiro contato com sua mãe pode lhe proporcionar um estado de tranquilidade, por isso é importante cuidar dessa experiência.
Embora a técnica tenha muitos benefícios, na verdade eles eram desconhecidos. Este método era realizado por mero instinto. No entanto, assim que a assistência instrumental ao parto foi introduzida, ele foi descontinuado.
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Como praticar essa técnica com o seu bebê?
O contato pele a pele, em primeira instância, consiste em colocar o recém-nascido sobre o peito ou abdômen da mãe. Geralmente é feito sem cortar o cordão umbilical. O bebê deve ser posicionado verticalmente, com os dois tórax em contato.
O ideal é que, nesse momento, o mamilo da mãe também participe. Porém, o bebê não precisa sugar. Isso deve ser feito em partos vaginais e cesáreas. O tempo recomendado para manter esta posição é de pelo menos uma hora.
Além disso, esse gesto pode ser realizado durante os primeiros dias de vida da criança. Não é exclusivo para o momento do parto. Para isso, o ideal é encontrar um momento ao longo do dia para desfrutar da tranquilidade.
A mãe deve descobrir o seio completamente e colocar o bebê sobre ele. É necessário cobrir a criança ou se cobrir com um cobertor para não alterar a regulação da temperatura corporal. Lembre-se de que o sistema de adaptação dos órgãos ao clima circundante ainda está em desenvolvimento.
Com esse contato, é muito provável que ambos entrem em um estado de tranquilidade. Isso terá benefícios que vamos comentar agora, mas é lógico supor que o estresse se dissipa ao favorecer esse grau de intimidade. Mesmo na questão das flutuações de temperatura que mencionamos, o contato pele com pele age como um adjuvante para a homeostase.
Os seus benefícios foram estudados por vários cientistas nos últimos anos. De acordo com um estudo publicado na Revista Cochrane, melhora a interação entre mãe e filho e também reduz o choro ao nascer.
Foi visto que a afetividade entre os dois aumenta significativamente. Por exemplo, a mãe entende melhor os sinais da criança e a comunicação se torna mais fluida, podendo atender às demandas com rapidez e agilidade.
Ainda, de acordo com um artigo de revisão da Pontifícia Universidade Católica de Chile, a possibilidade de depressão pós-parto em mulheres é reduzida. Da mesma forma, parece que diminuem os dias de internação no hospital após o parto.
Outro benefício, como antecipamos, é a regulação da temperatura da criança. Ou seja, ajuda a manter a homeostase corporal adequada, essencial nesta fase da vida para acompanhar o desenvolvimento normal.
Por fim, um estudo da Enfermaria Universitária afirma que o aleitamento materno é maior em mães que realizam essa técnica logo após o nascimento. Ele também comenta que favorece a involução do útero e que reduz o risco de infecções, o que repercute em um menor uso de medicamentos pela mulher no puerpério.
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O método canguru é natural e instintivo no momento do parto. Mãe e filho se beneficiam. No entanto, é verdade que também existem desvantagens a serem consideradas.
A publicação da Progresos de Obstetricia y Ginecología explica que, nesse preciso momento, complicações que colocam a vida do bebê em risco também podem ser geradas, embora mínimas, tais como a possibilidade de uma onda de calor de compressão. Mesmo assim, sua prática deve ser incentivada, melhorando o preparo da equipe médica envolvida no parto.
Portanto, se você vai ter um bebê, procure se informar corretamente sobre esta técnica e como realizá-la. Além disso, na hora do nascimento, aproveite aquele primeiro contato com o recém-nascido. Desta forma, você poderá garantir que a primeira experiência do seu filho com o mundo seja menos agressiva.
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