Existem alimentos que viciam?
Escrito e verificado por a nutricionista Marta Guzmán
Alguma vez você já tentou parar de comer um saco de salgadinhos na metade e não conseguiu? Você sabe por que isso acontece? É verdade que existem alimentos que viciam e, infelizmente, eles não são os mais saudáveis.
Neste artigo, vamos contar quais são esses alimentos e o que acontece no nosso corpo quando os comemos. Confira!
Quais são os alimentos que viciam?
Diferentes estudos mostraram que os alimentos ricos em gordura e açúcares refinados podem ter um efeito semelhante ao das drogas em nosso corpo. Esses alimentos têm uma maior probabilidade de desencadear respostas biológicas e comportamentais viciantes devido aos seus níveis de recompensa anormalmente elevados.
Como os alimentos que viciam agem?
Os alimentos que viciam raramente são encontrados em seu estado natural. Por exemplo, existem alimentos naturais que contêm açúcar, como frutas, ou alimentos que naturalmente contêm gordura, como as oleaginosas, mas açúcar e gordura raramente são encontrados no mesmo alimento naturalmente.
Açúcar, gorduras trans, farinhas refinadas e óleos refinados são adicionados aos alimentos ultraprocessados para aumentar a palatabilidade e o poder do vício.
Normalmente, uma substância é mais viciante quanto maior a concentração do agente viciante presente. Por exemplo:
- A água tem pouco ou nenhum potencial para causar dependência.
- A cerveja, que contém em média 5% de etanol, tem mais probabilidade de causar dependência.
- Um licor contém uma dose maior de etanol, entre 20 e 75%, então é mais provável que seja mais viciante do que a cerveja.
Outro fator a considerar é que os alimentos ultraprocessados têm uma maior probabilidade de provocar um pico de açúcar no sangue do que os alimentos naturais. Isso é importante porque existe um vínculo conhecido entre os níveis de glicose e a ativação de áreas do cérebro relacionadas ao vício.
Por exemplo, em um alimento altamente processado e com alto teor glicêmico, como uma barra de chocolate ao leite, o açúcar será absorvido mais rapidamente pelo corpo do que os açúcares naturais de uma banana. Isso ocorre porque a banana não é processada e, embora contenha açúcar, também contém fibras, proteínas e água, o que diminui a velocidade de entrada do açúcar na corrente sanguínea.
Leia também: Como superar o vício pela comida ao começar uma dieta
Quais alimentos são viciantes?
Como já afirmamos anteriormente, os alimentos ultraprocessados são os mais viciantes devido aos seus ingredientes, mas há algumas exceções para os alimentos pouco processados que também podem causar dependência devido a ingredientes específicos.
Alimentos ultraprocessados
Um estudo publicado na Plos One verificou que os alimentos mais viciantes eram os seguintes:
- Chocolate.
- Sorvete.
- Batata frita.
- Pizza.
- Biscoitos.
- Bolos.
- Pipoca com manteiga.
- Hambúrguer com queijo.
Certamente só de ler já dá água na boca, pois são alimentos que contêm uma grande quantidade de calorias, gordura e açúcar e são deliciosos. Além disso, o glutamato monossódico é adicionado a muitos desses alimentos.
O glutamato monossódico é um condimento alimentar amplamente utilizado na indústria alimentícia. Parece que o glutamato pode influenciar a regulação hipotalâmica do apetite, o que nos faz comer uma quantidade maior do que a que precisamos.
Cacau
O chocolate ao leite pode ser viciante devido ao seu teor de gorduras e açúcares, mas e o cacau puro? O cacau contém anandamida, uma substância que se liga aos receptores canabinoides.
Além disso, algumas observações indicam que a inclinação das mulheres pelo chocolate é cíclica e dependente de hormônios. Muitas mulheres sentem foodcraving por doces e chocolates, sendo o consumo maior próximo à menstruação.
Você pode se interessar: Por que os produtos de panificação industrializados não são saudáveis?
Queijo
Você não consegue parar de comer queijo? Bom, é verdade que existem substâncias presentes no queijo que são viciantes e calmantes, como mostrado neste artigo.
O queijo, por meio de sua fermentação, tratamento térmico ou hidrólise enzimática, contém uma alta concentração de proteínas derivadas do leite, como as caseínas, que apresentam um grande potencial de produção de peptídeos com efeito opioide. Esses peptídeos são capazes de cruzar a barreira hematoencefálica, unindo-se a receptores opioides e causando efeitos analgésicos e calmantes no sistema nervoso.
Existem vários peptídeos opioides que se originam das proteínas do leite, mas os que mais têm sido associados ao vício em queijo são os do grupo das β-casomorfinas.
Café
Mais do que um vício em café, é possível sentir uma dependência, já que a cafeína é quimicamente muito semelhante a outra molécula que está presente no cérebro, a adenosina, embora tenham funções diferentes.
A adenosina se encaixa em seu receptor apropriado e cria uma sensação de cansaço no corpo. A cafeína é tão estruturalmente semelhante à adenosina que pode entrar nos receptores cerebrais, bloqueando a fixação da adenosina.
Uma pessoa que consome muito café e para de consumi-lo repentinamente se sentirá mentalmente confusa e poderá ter dor de cabeça. Essa reação ocorre porque a química do cérebro muda após a exposição prolongada à cafeína.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- DiNicolantonio JJ., O’Keefe JH., Wilson WL., Sugar addiction: is it real? a narrative review. Br J Sports Med, 2018. 52 (14): 910-913.
- Schulte, E. M., Avena, N. M., & Gearhardt, A. N. (2015). Which foods may be addictive? The roles of processing, fat content, and glycemic load. PloS one, 10(2), e0117959. doi:10.1371/journal.pone.0117959
- Arısoy, S., Çoban, I., & Üstün-Aytekin, Ö. (2019). Food-Derived Opioids: Production and the Effects of Opioids on Human Health. In From Conventional to Innovative Approaches for Pain Treatment. IntechOpen.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.