A incontinência urinária: sintomas, causas e tratamentos
Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto
A incontinência urinária não é uma doença em si. Ela surge como consequência de alterações de base que afetam a bexiga. Dessa forma, altera-se o processo de enchimento ou expulsão controlado da urina, e o sintoma é a incontinência.
A característica que a define é a perda involuntária de urina. A pessoa com incontinência urinária não consegue controlar quando urinar ou quando reter, então ocorrem escapes de urina em momentos inadequados ou não decididos voluntariamente.
Às vezes, os escapes acontecem ao fazer algum esforço, como espirrar, por exemplo. Outras vezes, acontece porque a bexiga encheu e excedeu sua capacidade.
A incontinência urinária não é exclusivamente um problema de saúde no sentido patológico. Quem sofre de incontinência também sofre alterações em sua vida social, devido ao mesmo de um escape de urina em momentos inoportunos, na presença de outras pessoas.
Causas da incontinência urinária transitória
A incontinência urinária transitória é aquela que não se prolonga no tempo. Em geral, é causada por alimentos, bebidas ou medicamentos que estimulam a produção de urina. Uma vez que o efeito diurético cessa, a incontinência desaparece.
Aqui podemos mencionar como causas as bebidas gaseificadas, o álcool, os cítricos e certos fármacos para a hipertensão arterial.
Outras causas de incontinência urinária transitória são:
- Infecções urinárias: a irritação da bexiga pode ser tão intensa a ponto de provocar o escape de urina.
- Constipação: o intestino está situado perto da bexiga e pode estimulá-la quando fazes duras atravessam o reto.
- Gestação: na gravidez, tanto as mudanças hormonais como o aumento de tamanho do útero produzem hiperatividade da bexiga.
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Causas da incontinência urinária crônica
Por outro lado, a incontinência urinária que se prolonga no tempo corresponde a diversas causas:
- Prolapso: quando os músculos da pelve estão debilitados, por exemplo em mulheres que passaram por partos complicados ou vários partos, a descida dos órgãos pélvicos provoca incontinência urinária. Essa descida das estruturas é o que se conhece como ‘prolapso’.
- Idade: o envelhecimento debilita os músculos do corpo, incluindo o músculo da bexiga. Nas mulheres, a menopausa diminui os níveis de estrogênio e também deteriora os tecidos do sistema urinário.
- Cirurgias ginecológicas: a bexiga é um órgão que se sustenta em seu lugar devido à presença de outros órgãos, principalmente o útero. Quando uma mulher é submetida a uma cirurgia nessa área, ela pode ficar com incontinência urinária.
- Problemas na próstata: nos homens, são os problemas na próstata que com mais frequência causam a incontinência urinária. Em primeiro lugar, está a hiperplasia prostática benigna e, de forma mais grave, o câncer de próstata.
- Distúrbios neurológicos: algumas patologias do sistema nervoso podem repercutir nos nervos que inervam a bexiga e que comandam o ato miccional. A situação clínica recebe o nome de “bexiga neurogênica” e pode estar relacionada a doenças como o Parkinson ou a esclerose múltipla.
- Causas psicológicas: os estados de estresse ou a impossibilidade de resolver situações da vida cotidiana podem se manifestar clinicamente como incontinência. A enurese em crianças com menos de seis anos é um exemplo disso.
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Tratamento não farmacológico da incontinência urinária
Nem sempre são necessários medicamentos para o tratamento da incontinência urinária. Uma das principais recomendações é regular o consumo de líquidos durante o dia.
Isso pode ser feito sem a necessidade de diminuir as quantidades, somente é preciso melhorar a distribuição para evitar que sejam formadas grandes quantidades de urina em pouco tempo que não possam ser expulsas voluntariamente.
A distribuição mais próxima da ideal é aquela que começa com uma maior ingestão de líquidos pela manhã, para ir diminuindo ao longo da tarde e da noite. Nas crianças com enurese, às vezes é preferível antecipar o horário do jantar para deixar espaço entre a refeição e o horário de ir para a cama.
Tratamento farmacológico
Às vezes, apesar das medidas higiênico-dietéticas, o problema não é resolvido e requer o uso de medicamentos. Outras vezes, a origem causal da situação é uma doença que não admite outra solução além da medicação.
Os medicamentos que são utilizados buscam como objetivo impedir a contração involuntária da bexiga e manter a uretra fechada enquanto entra urina na bexiga. Para isso, as substâncias de escolha costumam ser os anticolinérgicos.
A função dos fármacos anticolinérgicos é diminuir a capacidade de contração do músculo da bexiga. O mais comum é a oxibutinina. Os anticolinérgicos são muito efetivos, mas são contraindicados para algumas pessoas por causa de seus efeitos adversos.
Os pacientes que sofrem de glaucoma e aqueles que têm arritmias cardíacas não podem consumir oxibutinina. Para aqueles que não têm contraindicações, se os efeitos adversos forem muito intensos, o tratamento deve ser abandonado.
Por fim, se as medidas higiênico-dietéticas nem o tratamento farmacológico derem resultado, a última opção é a cirurgia.
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