Runnorexia ou vício em corrida: como identificá-la?

Abusar da corrida pode causar danos significativos à qualidade de vida das pessoas. Descubra como reconhecer e tratar os sintomas desse vício comportamental!
Runnorexia ou vício em corrida: como identificá-la?
Andrés Carrillo

Escrito e verificado por o psicólogo Andrés Carrillo.

Última atualização: 23 agosto, 2022

Correr é positivo porque melhora a circulação, a oxigenação do cérebro e ajuda a manter um índice de massa corporal adequado. No entanto, correr obsessivamente é prejudicial para a saúde. Neste artigo, veremos o que é a runnorexia, ou vício em corrida.

Qualquer atividade pode se tornar um problema para o ser humano, mesmo aquelas originalmente planejadas para melhorar a qualidade de vida. Nada que é feito em excesso é saudável; na vida, é preciso manter o equilíbrio.

O que é a runnorexia?

Apesar de ser uma atividade física que tem como objetivo a melhora da estética e da saúde em geral, a corrida excessiva pode se tornar um problema grave para algumas pessoas. Nesse sentido, é possível definir a runnorexia ou vício em corrida como uma dependência do tipo comportamental.

As pessoas iniciam o hábito de praticar esportes ou treinam com o intuito de melhorar a sua qualidade de vida. Porém, isso pode acabar gerando uma dependência patológica da atividade.

No caso da runnorexia, o problema é que a pessoa perde completamente de vista o objetivo de sair para correr; isso não é mais feito por causa dos benefícios saudáveis ​​que o exercício proporciona, mas sim para satisfazer um desejo irracional que gera um prazer momentâneo.

A influência social é um dos principais fatores de risco para a aquisição de vícios comportamentais. Por exemplo, uma pessoa que não se sente satisfeita com a sua aparência física pode ser influenciada por estereótipos de beleza, que ela desejará atingir de forma agressiva.

Mulher correndo subindo escadas
Conforme a corrida se torna algo obsessivo, perdem-se os benefícios para a saúde que são a intenção dos exercícios.

Como pode ser identificada?

Assim como acontece com outros tipos de vícios, o principal indicador para reconhecer a runnorexia ou vício em corrida é a frequência com que a atividade é realizada. Nos casos em que a corrida é realizada diariamente, como uma espécie de ritual, o indicador de prevalência é atendido.

Certamente, também será necessário reconhecer o nível de importância atribuído à corrida pelas pessoas. Por exemplo, alguém que não consegue perder um dia de treino sem sentir angústia estaria atendendo ao indicador de comportamento irracional.

Na mesma linha, outro sinal para estabelecer se a corrida se tornou um problema é a intensidade do comportamento. Casos graves ocorrem quando a pessoa não consegue parar, mesmo tendo algum tipo de desconforto. Um exemplo disso seria sair para correr sem ter se recuperado de uma lesão.

O overtraining é diferente do vício em corrida. No caso da pessoa que treina em excesso, isso pode ser causado pela ansiedade por alguma competição. O que acontece com a runnorexia é que a pessoa não responde à busca por um objetivo, mas sim à necessidade de manter o comportamento de forma constante e irracional.

Quais são os sinais de runnorexia a serem observados?

Os indicadores de dependência geralmente se refletem em uma sintomatologia bastante clara. Levando em consideração que, neste caso, trata-se de um comportamento, veremos quais são os sinais mais evidentes:

  • Obsessão: a pessoa fica imersa no seu treino de corrida a ponto de não conseguir evitar os treinos diariamente.
  • Ocorrem consequências negativas em áreas importantes da vida: trabalho, estudos, família.
  • Incapacidade de manter o controle.
  • Negação: uma pessoa que tem um vício tem dificuldade para aceitar que está apresentando um problema por causa do comportamento viciante.

Quais são as consequências físicas e sociais?

As consequências negativas do vício em corrida podem ser englobadas em dois aspectos:

Em alguns casos, as pessoas chegam a se afastar do seu círculo social mais próximo porque há a tentativa de fazer com que não percebam o seu vício. As consequências físicas e sociais apresentadas pelas pessoas que têm um vício sempre afetam a sua família e amigos.

Como superar a runnorexia ou o vício em corrida?

Para superar um vício comportamental, será necessário aceitar que há um problema; a partir desse momento, as pessoas podem iniciar o processo de desintoxicação do seu comportamento. Nesse sentido, elas devem adquirir novos hábitos que aos poucos passem a ganhar terreno.

atendimento psicológico pode ser necessário nos casos de vício em corrida. A terapia cognitivo-comportamental é a mais utilizada nesse tipo de caso, já que funciona muito bem para reestruturar os esquemas mentais que mantêm o vício.

O apoio da família e dos amigos pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso  durante o processo de enfrentamento do vício. Quando as pessoas próximas conseguem entender que o seu ente querido está enfrentando um vício, a melhor coisa a fazer é evitar os julgamentos sobre a sua situação.

A melhor forma de dar apoio é partir da compressão, buscando que a pessoa afetada se sinta entendida e apoiada. O problema também não deve ser minimizado. São contraproducentes frases como “você só precisa parar de correr, você consegue” ou “não é tão difícil parar de correr”.

Mulher correndo ao ar livre
Os vícios comportamentais modificam as relações sociais para pior, afetando o vínculo e favorecendo o isolamento.

Recomendações para evitar o vício em corrida ou runnorexia

Algumas ideias para evitar a runnorexia ou vício em corrida partem da autopercepção, ou seja, de que a pessoa tenha um bom conceito de si mesma. Esse princípio se baseia no fato de que a boa autoestima estimula hábitos saudáveis ​​de autocuidado .

Recomenda-se aumentar a autoestima fazendo uma avaliação objetiva daquilo que nos orgulha. A ideia não é focar apenas no que consideramos negativo.

Por fim, é importante ter cuidado na maneira como estruturamos os treinos. Por exemplo, não é uma boa ideia ser rígido ao criar um plano de exercícios. O mais adequado será termos dias de descanso em que possamos fazer outras coisas que também sejam benéficas.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Sun, Xiaole et al. “Systematic Review of the Role of Footwear Constructions in Running Biomechanics: Implications for Running-Related Injury and Performance.” Journal of Sports Science and Medicine 1 Mar. 2020: 20–37. Print.
  • Hollander, Karsten et al. “Adaptation of Running Biomechanics to Repeated Barefoot Running: A Randomized Controlled Study.” American Journal of Sports Medicine 47.8 (2019): 1975–1983. American Journal of Sports Medicine. Web.
  • Folland, Jonathan P. et al. “Running Technique Is an Important Component of Running Economy and Performance.” Medicine and Science in Sports and Exercise 49.7 (2017): 1412–1423. Medicine and Science in Sports and Exercise. Web.
  • De Jonge, Jan, Yannick A. Balk, and Toon W. Taris. “Mental Recovery and Running-Related Injuries in Recreational Runners: The Moderating Role of Passion for Running.” International Journal of Environmental Research and Public Health 17.3 (2020): n. pag. International Journal of Environmental Research and Public Health. Web.
  • López, Abel Nogueira, Alfonso Salguero del Valle, and Sara Márquez Rosa. “Adicción a correr: una revisión desde sus inicios hasta la actualidad.” Revista de Psicología Aplicada al Deporte y al Ejercicio Físico 2.1 (2017): 6.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.