Psicanálise: o que é e como funciona?
Escrito e verificado por o psicólogo Andrés Carrillo
O principal precedente histórico da psicologia é, sem dúvida, a psicanálise. É comum ouvir referências psicanalíticas em nosso dia a dia.
Muitas vezes, as pessoas usam naturalmente termos como inconsciente, repressão ou lapsos mentais. Todas essas frases vêm da escola psicanalítica.
Neste artigo, vamos ver quais são os postulados propostos pelos psicanalistas para entender o que é essa corrente e como funciona. Tudo começa com as abordagens de Sigmund Freud.
O que é a psicanálise em psicologia?
A teoria psicanalítica afirma que o comportamento dos seres humanos é o produto de uma série de interações psicológicas que ocorrem em diferentes níveis de consciência: inconsciente, pré-consciente e consciente. Em suas origens, Freud gozou de um enorme reconhecimento por ter criado a teoria da psicanálise.
Com o passar do tempo, os conceitos psicanalíticos passaram a ser cada vez mais questionados, em decorrência da psicologia seguir um rumo mais científico e menos filosófico. Atualmente, a psicanálise pode ser definida como uma teoria que serve para compreender o funcionamento da mente humana a partir de um aspecto inconsciente.
Embora a psicologia como ciência tenha conseguido separar seus caminhos da teoria psicanalítica, muitos dos conceitos da psicanálise permanecem na linguagem psicológica para ilustrar alguns fenômenos do pensamento humano.
Para a psicologia moderna, a teoria psicanalítica representa as suas origens, especialmente no campo das psicoterapias. Muitos psicólogos têm gosto pela psicanálise como terapia e até se especializam como terapeutas psicanalíticos, além de serem formados em psicologia.
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Como funciona a psicanálise?
O principal recurso da terapia psicanalítica é a palavra. Por meio de sessões contínuas (semanais), os psicanalistas auxiliam seus pacientes através do diálogo, confrontando-os com situações do seu passado.
A infância é uma das etapas que mais ganha destaque durante as sessões psicanalíticas. A ideia principal no funcionamento dessas terapias é que a pessoa seja capaz de acessar certas informações que estão reprimidas em sua mente inconsciente.
Dessa forma, o paciente pode internalizar de forma adaptativa suas experiências anteriores e ter melhores reações no presente.
O aparelho psíquico, segundo Freud, é composto por três instâncias, que são o id, o ego e o superego. O id representa os desejos inatos das pessoas, o superego é produto da relação do indivíduo com seu meio e busca o equilíbrio entre os desejos e a convivência, enquanto o ego é a instância consciente.
A psicanálise é um longo processo terapêutico que pode levar anos. Para alguns, o longo tempo necessário para obter resultados é contraproducente. Os detratores da teoria afirmam que não faz sentido manter uma pessoa em um processo de retrospectiva durante muito tempo.
Princípios fundamentais da terapia psicanalítica
Cada psicanalista deve ser capaz de tratar seu paciente de acordo com as necessidades do caso. Portanto, os estilos de abordagem terapêutica dependerão, em grande medida, de quem é o profissional que dirige o processo.
No entanto, existem alguns princípios fundamentais que o profissional não deve esquecer. Para entender melhor como funciona a psicanálise, vamos ver quais são essas diretrizes:
- A causa dos conflitos atuais, com frequência, encontra-se em problemas infantis não resolvidos.
- Os conflitos psicológicos do paciente são o resultado de processos de pensamento inconscientes.
- Os problemas latentes são aqueles que causam sintomas.
- O processo psicanalítico ajuda os pensamentos inconscientes a se tornarem conscientes. É nesse momento que o paciente pode acessar a solução real do seu conflito.
Dentro da teoria psicanalítica existem também os conceitos de pulsão e dique de pulsão, que precisam ser examinados em detalhes. Em primeiro lugar, as pulsões representam aqueles desejos intensos e incontroláveis das pessoas; são aqueles anseios nos quais você não consegue deixar de pensar.
As pulsões são viscerais e exigem a sua satisfação. Por outro lado, existem os diques de pulsão. Trata-se de todas as normas sociais e informações morais que cada sujeito possui e interpreta de forma lógica. Os diques são barreiras que impedem que as pessoas satisfaçam seus impulsos de maneiras inadequadas.
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Para que serve a terapia psicanalítica?
O processo psicanalítico serve para alcançar um amplo conhecimento da própria personalidade. Dessa forma, as terapias funcionam muito bem para pessoas que vivenciam sofrimento emocional intenso e recorrente, pois as ajuda a entender quais podem ser as causas exatas dos seus problemas.
Quando o paciente consegue descobrir a fonte do seu desconforto, ele sente um alívio. O efeito de dissipar a incerteza é a cura.
Por outro lado, naquelas pessoas que precisam de uma solução rápida para um conflito específico, o processo psicanalítico não é o mais recomendado.
Como já mencionamos, a teoria elaborada por Sigmund Freud está focada em aspectos inconscientes da personalidade que não são de fácil acesso a curto e médio prazo. Uma das principais desvantagens para a obtenção de resultados rápidos são os chamados mecanismos de defesa.
Freud estabeleceu que, quando uma pessoa começava a enfrentar certas realidades incômodas, uma série de fenômenos psicológicos ocorriam em sua mente a fim de protegê-la. Mas, paradoxalmente, os mecanismos de defesa do inconsciente têm um efeito prejudicial, pois impedem o acesso à realidade.
Críticas à teoria
Ao longo da sua história, a teoria psicanalítica foi duramente criticada porque muitos de seus postulados não puderam provar a sua eficácia. Ou seja, em alguns casos pode ser bom voltar à infância de uma pessoa para resolver um conflito em seu presente, mas isso nem sempre acontece.
Diante do exposto, a psicanálise passou a ser considerada um recurso anedótico de tratamento. No entanto, na linguagem psicológica mundial, as palavras e os termos que saem dessa teoria permaneceram válidos do ponto de vista simbólico.
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